Noah Craig

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Eu cheguei em casa de manhã cedo depois de uma viagem a negócios e o correio já tinha passado.

— Bom dia, sr. Craig. - disse Mary, minha governanta - Chegou cedo, Jonathan está na escola.

Eu sorri para a senhora.

— Tudo bem, Mary. No momento eu só quero dormir. - eu disse olhando as cartas.

Lucille Parker

A nossa antiga amiga? Por que ela me escreveria?

Está tudo bem, sr. Craig? - Mary perguntou olhando meu rosto.

Claro, só fui pego de surpresa por uma carta. - eu disse jogando as outras cartas no balcão e subindo para o meu quarto com a carta de Lucy.

Eu entrei no meu quarto e a abri.

Caro Noah,

Faz bastante tempo desde a última vez que nos vimos. Me lembro que você era dois anos mais velho que o Tommy e, em uma almoço entre amigos, quando Tommy veio visitar a família no seu primeiro ano de faculdade, você também veio.

Durante todo o meu ensino médio eu ouvi sobre você. O quanto era bonito e que você não valia nada. E quando o vi, pode ter certeza, você era muito mais do que todos falavam. Você era engraçado e sexy, e adorava o fato de todos dizerem que eu era toda errada. Na época, você gostava do problema.

Naquele almoço nós conversamos e eu bebi o meu wiskey, e acabamos os dois no meio das suas cobertas. Tommy gritou com você no dia seguinte e comigo também, dizendo que você não me merecia e que eu deveria me dar o valor, mas a verdade é que eu só queria me divertir, e sabia que você também. Foi unir o útil ao agradável.

Foi um caso de verão, uma aventura, mas a verdade é que foi bom enquanto durou. Você era como um amigo que as vezes dividia os lençóis comigo. Você passou a ser uma pessoa importante para mim, não como Shawn O'Connor, mas como Dean Moore.

Ao lembrar da minha adolescência eu me arrependo de muita coisa, mas não de nós. Lembro do dia em que eu voltei ao aeroporto para dar adeus a alguém importante, e nesse caso foram duas.

Se cuida, tá? - eu te disse - Não quero que pegue clamídia ou algo do tipo.

Você riu.

Prometo usar a camisinha para o bem da sociedade. - você disse.

Eu o abracei.

Vou sentir sua falta, cabeça dura. - eu disse, sabendo o duplo sentido de minhas palavras.

Também vou sentir a sua falta, nanica. - você disse - Talvez nos vemos no próximo verão?

Eu sorri.

Só se você for me visitar em Boston. - eu disse - Não é tão longe de Nova York.

Ele me olhou confuso.

Vai para Boston? Por que?

Eu dei de ombros.

Você foi para Columbia, e eu passei para Havard. - eu disse erguendo o queixo.

Você riu e beijou o meu queixo erguido.

Sempre soube que era inteligente do que deixava transparecer. - você disse e o seu voou foi chamado.

Odeio interromper os pombinhos, mas temos que ir. - disse Tommy chegando ao nosso lado.

Eu me ergui nas pontas dos pés e te beijei.

Fique vivo, Noah. Odiaria ir ao seu enterro. - eu disse.

Prometo tentar se você também prometer. - você disse.

Palavra de escoteira.

Você nunca foi escoteira. - você disse.

Eu sorri.

Eu sei, mas eu prometo. Agora, vá, O voou não vai esperar.

Você me deu um beijo na testa e se afastou acenando. Só o fato de ter de voltar aquele aeroporto para me despedir me tirou o sono, comprei o meu primeiro maço de cigarros essa noite.

Isso foi no verão de 2005.

Ouvi dizer por aí que você se casou e teve um menino lindo. Se ele for tão encantador quanto você, a mulherada está com sorte. Sinto muito pela Emma, também soube do acidente, mas eu o conheço, sei o quanto pode ser forte.

Ainda gosta do por do sol? Sempre quis perguntar se a sua cor favorita ainda é verde. Se a sua música favorita continua sendo Should I Stay or Should I Go. Se ainda gosta de ler livros em baixo de uma árvore, acabei adquirindo esse seu hábito no final de tudo.

Com amor,

Lucy

Eu fechei a carta e a encarei. Lucy, Lucy, Lucy. Sempre o mistério encarnado. Eu me levantei e tomei um banho ainda pensando em tudo escrito na carta e nas minha lembranças daquele verão.

Eu gostava da Lucy, de verdade. Ela era uma ótima companhia, e suas histórias eram as melhores. Todos achávamos que, ou ela ficaria rica e viajaria o mundo encanto a todos, ou morreria por não conseguir tal coisa.

Eu estava ligando a TV quando Mary bateu na porta do meu quarto.

Temos visita, sr. Craig. - disse ela.

Eu olhei o relógio.

Essa hora!? - eu perguntei me levantando.

Eu desci as escadas e me deparei com Keane e Tommy, e Shawn O'Connor.

O que fazem aqui tão cedo? - eu perguntei.

Recebeu uma carta da Lucy? - perguntou Shawn.

— Eu acabei de le-la a poucos minutos. Por que? - eu perguntei confuso.

Eles ergueram cada um uma carta.

Nós também recebemos uma. - disse Tommy. - Ela está enviando uma para todos de quem ela, algum dia, gostou.

Ou deixou de gostar fortemente. - disse Keane.

— Por que ela faria isso? - eu perguntei.

— Não sabemos, ela deixa pistas nas cartas e o nome do próximo a receber.  - disse Shawn - Vai querer nos ajudar? Se não, vamos precisar da carta.

Eu balancei a cabeça.

— Claro que vou ajudar! Lucy é... especial. - eu disse - Vou pegar a carta.

Eu subi correndo e peguei a carta.

— Ela fala sobre o Shawn e um tal de Dean Moore. - eu disse descendo as escadas - O conhecem?

Todos negaram.

— Eles devem ter se conhecido em Boston, então. - eu disse.

— Boston? - perguntou Shawn.

— Ah, é. Ela se mudou para lá quando passou para Harvard. - eu disse.

Ele sorriu e murmurou algo para si mesmo.

— Então temos que achar o endereço desse Dean Moore. - disse Tommy.

Eu olhei para eles.

— Estão viajando pelo país a procura da próxima carta!? - eu perguntei sorrindo - Sabe, Los Angeles não é exatamente perto daqui.

Keane suspirou.

— Ela quer nos dizer alguma coisa, Noah. - disse Shawn - Se a conhece, sabe disso.

Eu sorri para a carta.

— Eu sei, Shawn, mas o que ela quer nos dizer?

Love, LucyOnde histórias criam vida. Descubra agora