Dean Moore

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Eu cheguei em casa depois de uma longa viagem a Nova Zelândia para uma matéria.

Peguei a correspondência acumulada e uma carta me chamou atenção.

Lucille Parker

Era recente, devia ter chegado hoje ainda. Eu peguei a carta e a abri.

Querido Dean,

Oi, faz tempo, não? Espero que ainda se lembre da garota que você conheceu em um bar no meio da noite. A garota que ria das próprias piadas sujas, e tinha um vocabulário de xingamentos muito extenso.

Infelizmente, você sempre será lembrado com o meu namorado da época da minha primeira overdose.

Nós nos conhecemos no bar Sunshine, e eu adorava o fato do nome do bar ser brilho do sol quando ele só abria depois que o sol se punha.

Passei a frequenta-lo logo quando cheguei a Boston, mas naquela noite eu queria encher a cara por um motivo. Divórcio. Meus pais estavam se divorciando, e a guarda da minha irmã, Alisha, estava em jogo. Me senti mal por ela estar passado por isso tudo sozinha, mas não podia voltar, se não ela nunca me perdoaria, pois ela sabia que Boston era o meu sonho.

Naquela noite eu só queria esquecer.

Nós rimos muito, bebemos muito, e acabamos nos tornando amigos, e depois, tudo evoluiu. Quando eu parei vi que minhas roupas estavam no seu closet e meus sonhos, em suas gavetas.

Seus olhos verdes tinham se tornado tão familiares quantos os meus olhos castanhos no reflexo do espelho.

Nada disso foi um problema, até você querer correr quando eu ainda estava aprendendo a andar.

Era outubro de 2009.

Você chegou em casa antes de mim naquele dia, eu tinha ficado até tarde na biblioteca da faculdade com a minha amiga, Jocelyn.

— Dean, desculpe o atraso, fiquei presa na.... - eu comecei quando entrei mas me interrompi ao ver as velas.

Você sorriu com o seu sorriso brilhante.

— Não tem problema, Lus. - você disse se aproximando.

Eu ri.

— O que houve? Vamos fundar uma seita? - eu perguntei tirando o casaco.

Você me estendeu um buquê de rosas que escondia atrás das costas.

— Eu quero que isso seja especial. - você disse.

Eu o olhei confusa e então você se ajoelhou. Naquele momento meu coração parou de bater.

— Dean...

— Lucille Cornelia Parker, você me faria o homem mais feliz do mundo e aceitaria se casar comigo?

Se o meu coração estava parado ele acelerou, tanto que eu conseguia ouvi-lo bater em meus ouvidos.

Eu dei um passo para trás e bati na porta. E fiz a única coisa que eu sempre soube fazer.

Eu fugi.

Corri escadas abaixo e peguei o primeiro táxi que vi. Pedi que fossem até a casa de Jocelyn, pois precisava de uma amiga.

Ela sempre teve uma vida agitada, e essa era uma sexta feira muito boa. Estava rolando uma festa na casa dela, com várias bebidas e drogas.

— Pode aproveitar, quando perceber, nem vai lembrar porque ficou tão assustada. - ela disse.

Acordei quatro dias depois no hospital. Minha mãe, meu pai e minha irmã estavam lá. E você também.

Meu pai se culpou, já que antes de mim ele era o alcoólatra da família. Minha mãe intercalava entre me dar sermões e me abraçar. E Alisha, era a única que parecia me entender, ou ao menos tentava.

Quando você foi me visitar lhe disse que a Alisha ia pegar as minhas coisas do seu apartamento, e que eu não podia me casar com você por esse simples motivo.

Não é que eu não estava preparada para amar. Eu só não estava preparada para te amar.

Me surpreendi ao ver que você está solteiro, logo alguém que parecia tão ansioso por um casamento. Vi que tem um cachorro. Animais são, de longe, a melhor companhia. Eu tenho um macaco, o Miles, um presente do Steve William's.

Espero que você tenha aprendido que, as vezes, o melhor é ser paciente. Poderia ter sido bem pior.

Com amor,

Lucy

Eu fechei a carta e respirei fundo. Me lembro claramente daqueles três anos em que ficamos juntos.

Eu realmente a amava, muito. Queria me casar com ela por medo de perde-la, e foi essa pressa que a fez correr de mim.

Alguém apertou a campainha do meu apartamento.

— Quem são vocês? - eu perguntei aos quatro homens a minha frente.

— Conhece Lucy Parker? - perguntou o ruivo.

Eu o olhei confuso.

— É amigo da Lucy?

— Precisamos conversar sobre cartas. - disse o mais alto deles levantando uma carta.

— Espera, todos receberam uma carta dela? - eu perguntei.

— Sim, e ela deixa pistas nas cartas seguintes. - disse outro.

Eu abri mais a porta.

— Entrem, e se apresentem. - eu disse.

— Noah Craig. - disse o mais alto.

— Thomas Craig. - disse o de olhos castanhos.

— Keane Johnson. - disse o ruivo.

E o último, que parecia mais interessado na carta do que qualquer outro falou.

— Shawn O'Connor. - ele disse - Precisamos ler a carta.

Love, LucyOnde histórias criam vida. Descubra agora