Steve Williams

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— Steve! O carteiro passou! - gritou Jocelyn da cozinha.

Eu corri escada abaixo.

— Já estou indo! - eu disse indo até a porta.

Eu peguei as cartas e dei uma rápida olhada nelas. Lucille Parker.

Lucy? Por que ela me escreveria depois de tudo?

Eu me sentei no sofá e abri a carta.

Steve, Steve

Em primeiro lugar, me desculpe por pegá-lo de surpresa como um fantasma do seu passado.

Em segundo, gostaria de começar a carta dizendo que não guardo rancor algum do que aconteceu, mas eu sou uma pessoa difícil demais para tornar a vida dos outros fácil.

Tudo começou em, o que, 2010 eu acho. Em uma das minhas férias da faculdade, eu fui para Miami, me divertir um pouco e pegar um bronzeado.

Você era, sem dúvida, o projeto de surfista dos filmes adolescente. E era legal, engraçado e selvagem, se é que me entende.

Então, você foi morar em Boston comigo, pois era um jovem muito impulsivo, e em uma viagem á África com a minha turma da faculdade, nós adotamos o Miles, um macaquinho que estava doente e machucado.

Nós éramos uma família feliz, eu, você e o Miles.

Até 2012.

Eu cheguei um pouco mais cedo do trabalho, porque o senhor com hemorragia finalmente tinha ido dessa pra melhor.

Quando vi o carro de Jocelyn em frente ao meu prédio, meus instintos desconfiados já pensaram o pior.

Já disse que meus instintos nunca falham?

Quando eu abri a porta e consegui ouvir a sucessão de gemidos vindos do quarto, e vi Miles tampando os ouvidos com as mãos no sofá.

Eu dei um beijo na cabeça dele e deixei a minha bolsa ao seu lado.

— Espero não estar atrapalhando. - eu disse acendendo a luz do quarto - Odeio ser a empata foda.

Vocês arfaram e se separaram.

— Lucy, eu posso explicar. - você disse.

Eu ri pegando minha mala.

— Ah, não se incomode com isso. - eu disse - Estava mesmo pensando em visitar a minha tia na França.

Eu comecei a colocar minhas roupas na mala.

— Lucy, espera...

Eu me virei para você.

— Steve, eu estou, realmente, tentando acabar isso sem ninguém sair ferido e eu sem nenhum processo. - eu disse - Não dificulte as coisas.

Então você se calou e me observou partir. Levei tudo o que consegui em duas malas, e o Miles adorou a França. Sabia que a Tia Sofia tinha uma macaquinha? O nome dela é Belle.

Muitas coisas aconteceram, eu conheci o Clyde Dolson, e fiz uma tatuagem.

Foi bom enquanto durou, apesar de desastroso o final da nossa história, nunca me arrependo de nada que faço.

Espero que, agora, você consiga conter o que tem nas calças. Não quero que o lance com a Jocelyn vá por água abaixo.

Com amor,

Lucy

— Algo de interessante? - perguntou Jocelyn.

Eu escondi a carta.

— Nada. - eu disse me levantando - Vou dar uma volta.

Eu saí e tinha um carro em frente a minha casa.

— Posso ajudar? - eu perguntei batendo no vidro.

Um homem ruivo ergueu a sobrancelha.

— Steve Williams?

— Eu mesmo.

O mais alto suspirou.

— Precisamos falar sobre Lucy Parker.

Eu olhei por cima do ombro para minha casa. Jocelyn me olhava da janela.

— Não quero me envolver em nada que envolva a Lucy. - eu disse jogando a carta dentro do carro - Saíam da frente da minha casa.

Eles pareceram chocados com minhas palavras mas o ruivo ligou o carro.

— Vamos ler a carta, Steve. - disse o alto - E adoraria saber o que fez para evita-la tanto assim.

Ele parecia ameaçador. Era muito alto e forte, como um jogador de futebol americano.

— Não apareçam aqui de novo. - eu disse.

— Vou ver o que posso fazer. - disse o ruivo.

Love, LucyOnde histórias criam vida. Descubra agora