Clyde Dolson

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Eu estava tomando café com Lana e Lydia quando Holly chegou com as cartas.

- Uma tal de Lucille Parker te escreveu. - ela disse e meu sangue gelou.

- Quem é ela? - perguntou Lydia de onze anos.

Lana segurou a mão dela.

- Não faça perguntas da qual não vai querer saber a resposta. - ela disse.

Lana tem dezesseis, e sabe sobre o que aconteceu nas férias na França. A única que sabia.

- O que isso quer dizer, Clyde? - Holly perguntou.

Lana se levantou.

- Vamos nos atrasar, pode nos dar uma carona? - perguntou ela me lançando um olhar significativo.

Eu sorri e me levantei.

- Claro. - eu disse - Falamos sobre isso quando eu voltar, Holly.

Eu lhe dei um beijo e acompanhei as garotas até o carro. Lana passou a viagem inteira me lançando um olhar reprovador.

Assim que elas desceram do carro, eu abri a carta.

Clyde,

Nunca pensei que, algum dia, eu conheceria o outro lado da moeda. Mas você me apresentou.

As férias na França serviram para muitos aprendizados. Um é sempre procurar pela marca ressente de uma aliança no dedo.

Te conheci no bar do hotel da minha Tia Sofia. Tinha acabado de fazer uma tatuagem de uma nuvem no meu pulso. Você me perguntou por que uma nuvem, e eu disse que meus dias sempre eram nublados.

Você era mais velho, mas era descontraído e parecia querer apenas conversar. Nós bebemos de mais, e eu acordei no seu quarto.

Sua filha estava na cozinha.

Lana, não?

Ela me viu sair do seu quarto e não pareceu surpresa. Ela suspirou apenas.

— Quem é você? - eu perguntei.

Ela pegou um xícara e colocou café.

— Lana Dolson, filha do cara que te levou pra cama ontem. - ela disse simplesmente me entregando a xícara.

Eu olhei em direção ao seu quarto.

— Ele é casado? - eu perguntei.

Ela acenou com a cabeça, confirmando.

— Há 13 anos. - ela disse.

Eu arfei olhando para a menina de mais ou menos dez anos.

— Eu não....

Ela sorriu.

— Não se preocupem, sei que não sabia. - ela disse - Qual é o seu nome?

Eu me sentei na mesa com ela.

— Lucy Parker. - eu disse - E eu já fiz o papel da filha de traidor antes.

Ela ergueu o olhar.

— Fez?

Eu concordei.

— Meu pai traía minha mãe por qualquer rabo saia. - eu disse - Na verdade, se eu pudesse colocar a culpa por quem eu sou hoje em alguém, seria nele.

Ela parecia interressada na história.

— Não deixe as mentiras do seu pai apodrecerem a sua alma, como as do meu fizeram com a minha. - eu disse.

Ela me lançou um olhar confuso.

— Não parece podre. - ela disse.

Eu ri e me levantei.

— O pior tipo de podridão não é visível. - eu disse - Lembre-se disso, Lana.

E eu saí do seu quarto, o odiando.

Você me fez lembrar do meu pai. A pessoa mais mentirosa que eu conheço. Puxei o dom da mentira dele.

Ele era podre por dentro, assim como você. O que disse a Lana era verdade, e espero que ela tenha me ouvido. Quantos anos ela tem hoje? Dezesseis? Dezessete?

Não deixe que a sua podridão escureça a luz dela. Nunca mais fui capaz de ver a minha própria luz, embaçada pelas mentiras que eu contei a todos.

Depois de tudo, eu voltei para os EUA e procurei ajuda. Eu estava descontrolada com a bebida e com as drogas, e estava assustada. Lá eu conheci o Louis Carter, meu médico e amigo. É incrível como eu odiei ser cuidada, afinal, cuidar das pessoas era o MEU trabalho. Eu passei pelo inferno, Clyde.

Não deixe que isso aconteça a ela, Clyde.

Com amor,

Lucy

Eu fechei a carta e dirigi até a minha casa, pensando nas palavras de Lucy. Quando cheguei havia um grupo de homens perto de um carro estacionado em frente a minha porta.

Eu saí do carro.

— Posso ajudar? - eu perguntei.

O de olhos verdes falou.

— Clyde Dolson?

— O próprio. No que posso ser útil?

— Estamos aqui por causa da Lucy Parker. - disse o arrumadinho.

Meus olhos se desviaram para a minha casa.

— Do que precisam?

Eles me disseram sobre as cartas.

— Podem levar a minha, mas eu não devo ir. - eu disse estendendo minha carta - Tenho coisas a fazer.

O mais alto pegou a carta da minha mão.

— Suponho que tenha algo a dizer a sua esposa, não? - ele disse.

Eu suspirei.

— Parece que sim. - eu disse - Boa sorte, garotos.

E me virei, indo em direção a verdade.

Love, LucyOnde histórias criam vida. Descubra agora