Dia 45

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Quando o Stefan me dizia que eu era linda, sentia-me a florescer por dentro. Fazia-o muito. Apanhava-o a
olhar para mim com um sorriso orgulhoso na cara em vários momentos do dia. Todas as noites, nos braços um do outro e antes de adormecermos, ele dizia-me que eu era a rapariga mais linda do mundo.

Quando o Paul olha para mim e me diz que sou linda, dá-me arrepios. Ele não está a dizer isto a uma amante ou à mulher. Está a olhar para mim como se fosse um objeto. Algo que lhe trará dinheiro.

Tentei meter conversa com o meu novo dono durante a viagem de carro de Itália para Inglaterra fingindo ser simpática e faladora, mas ele mandava-me calar. No silêncio ensurdecedor conseguia ouvir a
minha vida a fugir.

Só sei três coisas sobre as minhas novas circunstâncias: 1) Agora tenho um passaporte inglês falso vi-o quando ele o entregou aos guardas nas fronteiras; 2) Ele não mata a Liliana se eu fizer o que ele manda; 3) Ele não é melhor do que o Violador.
Demorei três dias a chegar à Inglaterra. À medida que acelerávamos pelas aldeias e cidades, pensava em quantas outras mulheres como eu andavam aí. Quantos mais quilómetros fazíamos, maior era a
pressão no meu peito, como se estivessem a arrancar-me a vida.

Ele já demonstrou a autoridade que tem sobre mim, com sexo duro e ameaças durante as duas noites
que ficámos em motéis durante a viagem. Mas quero que ele confie em mim, por isso finjo que estou entusiasmada, mesmo querendo espancá-lo até que lhe expludam os miolos. Tornei-me numa experiente
estudante de representação e usarei bem esta minha capacidade.

A minha nova cela é um apartamento que é uma casa de massagens algures em Londres. Esta não é a imagem que tinha na cabeça sobre a cidade, quando o meu pai me disse que era um ótimo sítio para começar uma vida nova. Fica numa rua suja e movimentada e acho que os homens aqui serão piores do que os outros. Lá fora está um sinal pendurado que faz publicidade à Casa de Massagem de P, para que todos saibam. Todas as pessoas que por lá passam de carro ou a pé podem vê-lo, mas ninguém faz nada.

São raparigas traficadas por baixo do nariz de toda a gente, mas somos invisíveis.

O meu quarto tem um tapete rosa felpudo e papel de parede rosa com os cantos desfiados. Cheira mal devido aos anos de negligência e falta de limpeza. A cama dupla está afundada e gasta e faz barulho ao mais pequeno movimento. Não existem grades na janela, mas estou no quarto andar e provavelmente morreria se saltasse. Talvez isso até fosse uma coisa boa.

Não tenho casa de banho na cela. Há uma casa de banho comum que as raparigas têm de usar, com bolor nas extremidades e torneiras a pingar que deixaram nódoas castanho-esverdeadas na superfície branca. Há um espelho partido na parede e o meu reflexo descreve-me na perfeição.
Partida.

ESCRAVA 🔞 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora