VALENTINE AIMÉE BENATTI
Eu estava apavorada. Apavorada.
Eu ia conhecer as irmãs de James, eu quisesse ou não. Porque falei que queria. Então, eu teria que querer. Certo? Ah, eu ia para o inferno.
James estava tão animado que não parou de ligar para as irmãs, passando o cardápio de comidas canadenses que eu gostava. Eu estava apenas apavorada o bastante para não conseguir dizer não. Não conseguir dizer nada a respeito. Quando deixei de responder, os ombros de James ficaram em alarme e pude ver seus olhos com rastros de decepção. Ele estava se decepcionando, de novo. O discurso de sem ressentimentos começou a aparecer e eu entrei em pânico. Não podia o deixar esperando. Não de novo.
Então, por impulso, concordei. Pulei em seu colo e tentei apagar o assunto por um tempo. Os beijos demorados que fizeram James achar a situação engraçada, perder a tensão reservada nos ombros, eram completamente planejados. Mas James Collins sabia disso, ele sabia que algo não estava certo. Perguntou novamente se eu me sentia confortável com a visita e eu concordei. De novo.
James estava radiante. Animado.
Eu só sabia mudar de assunto toda vez em que a viagem caía entre nós.
Tentei. Eu juro que tentei dizer que não me sentia preparada para conhecer suas irmãs. Mas algo em minha cabeça, dizia que eu estava sendo uma cretina. Não era justo. James havia conhecido meus pais, meus tios, meus primos... Gio. Ele conhecia o meu irmão. Era justo que eu fosse conhecer suas irmãs. Seria mútuo. Justo.
Tentei me acostumar com a ideia o resto da semana. Quanto mais perto a segunda ficava, mais o ar parecia me faltar. Eu me sentia uma completa babaca por não ficar animada.
Nervosa. Ansiosa. Nenhuma de um jeito bom.
Eu não me sentia pronta para conhecer as três mulheres fascinantes que criaram James. Não tinha dúvida de que seria ótimo, se eu não estivesse cagando nas calças por isso.
Sabe a expressão 'dar um passo maior que a perna'? Era assim que eu me sentia. Também sentia o tombo de cara, depois do passo em falso.
Agora, no aeroporto, com James saltitando com os cartões de embarque na mão, eu estou vomitando de nervoso. Não. Não me sentia pronta.
As últimas três semanas foram totalmente de James. O vi praticamente todos os dias. Ele não teve problemas em conhecer toda minha família, me fazer uma festa de aniversário e até me ajudar a sair com um cara mais velho. A flecha. Eu não me sentia a altura, não sentia que havia retribuído tudo que ele me dava. Sentia-me uma merda e sabia que assim que atravessássemos a porta da sua casa, suas irmãs sentiriam meu cheiro. Meu maldito cheiro de merda.
Não. Eu não podia.
Minha confiança evaporou em cada um dos dias que decidi que não conseguia. Eu não conseguia.
"Você quer comprar um café, docinho?" James perguntou abrindo a carteira "Ainda temos quarenta minutos até o voo, então pode se afogar em um café latte. Posso até pedir um desenho de rins borrados com leite."
"Já estamos na sala de embarque, James. Vamos só esperar." Respondi com a mente distante, pensando.
"Oh, certo." ele voltou os olhos aos meus e guardou a carteira "Vou ao banheiro."
Assenti e me despedi de James com um beijo rápido. Ele deixou os cartões de embarque e a mochila ao meu lado, e foi ao banheiro saltitando em assobios. Estava ansioso, de um jeito bom. Já eu, estava uma droga.
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Ajuda Mútua
Romance#1 PRINCE SERIES Quando dois jovens se comprometem em ajudar um ao outro no trabalho da faculdade, eles não esperavam que a ajuda fosse mais que acadêmica. Valentine Benatti se vê em um empasse ao lidar com James Collins, um universitário com energi...