Capítulo Seis

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        JAMES AARON COLLINS

"Tudo bem, me deixa ver se entendi, Jimmy" Ethan disse andando em círculos na cozinha "A gostosa Benatti veio aqui de novo e você tomou banho com ela?"

Ethan era um idiota exagerado como sempre "Banho de chuva. Começou a chover e pareceu uma boa ideia de fazê-la calar a boca sobre Trovadores."

A ideia Valentine calando a boca não era tão rude quanto eu havia demonstrado, mas ia funcionar para cessar os sorrisos maliciosos de Owen e Levi. Os três haviam voltado do treino juntos e me encontraram no chão, molhado e sozinho. Ela havia ido embora sem ao menos se despedir. Apenas deixou bilhete e saiu.

Depois de rodarmos no gramado até Valentine ficar com medo dos raios, entramos e deitamos no chão de madeira próximos à janela da sala. Não queríamos molhar o tapete, mas também não queríamos ficar no vento do quintal. Eu só tinha uma toalha limpa e havia ficado pra ela. Ficamos no chão conversando e nos conhecendo –porque segundo Valentine, amigos deviam se conhecer –. Amigos. Ela realmente acreditou que esse era o meu lado da segunda ajuda mútua.

"Não pensou em beijar? Costuma calar a boca muito bem" Ethan constatou o óbvio.

Ah, como pensei em beijá-la. Quando suas mãos apertaram meu rosto, eu percebi o quanto queria apertar o seu. O quanto queria a apertar toda, engolindo cada pedaço do seu rosto e descendo por seu corpo... Ah, eu estava duro por Valentine Aimée Benatti. Ela tinha mesmo que ter falado Kris Bryant?

"Eu não vou beijar uma amiga, seu idiota. Vai contra as regras da amizade"

Amiga, seu escritor de merda. Eu precisava ler uns textos sobre como amizade é importante para o ser em desenvolvimento. Precisava aceitar a amizade. Amizade. Amigos. Certo. Eu não podia ficar me deixando levar só porque suas expressões eram tão aparentes e inspiradoras. Eu sentia necessidade de descrever cada forma como ela franzia o lábio. Eu era um escritor fajuto. Consegui fazer quase cinco poemas quando fui ao Canal Rideau no inverno e fiquei vendo todos patinarem. Valentine podia me render cinco livros.

Eu não ficaria quieto até gastar toda minha excitação de inspiração. Isso. Valetine Aimée Benatti me provocava excitação de inspiração. A única excitação. A única coisa que ela provocava, inclusive.

"Amiga." Levi disse mudando o tom de voz "Claro."

"Você conhece uma gostosa que louca por hóquei e se coloca na friendzone?" Ethan pareceu indignado "Cara, você precisa de sexo!"

Ah, eu precisava. Qualquer coisa que acabasse com a excitação de inspiração que a fran-italiana-americana me provocava, seria bem-vinda. "Tem razão. Jugger?"

"JUGGER!" os três gritaram e deram um tempo para uma roupa seca. Antes de torcer a calça, tirei o bilhete um pouco molhado que havia escondido em meu bolso. 'Obrigada pelo banho, amigo-Canadá Xx amiga-Baguete-Docinho :)', o bilhete dizia. Eu devia parar de sorrir ao ler, devia jogar fora... Mas mais tarde faria isso, quando fosse limpar o quarto. Só peguei um suéter seco e calcei meus tênis.

Ela era de Nova Iorque. Seu nome do meio era Aimée. Seus pais eram europeus. Sua cor favorita era verde. Seu café favorito era Latte com leite semidesnatado. Seus lábios eram rosados de tanto que ela os apertava ao devanear. Os olhos verdes eram claros como calcitas verdes lapidadas. O maxilar marcado, sobrancelhas grossas... Eu precisava escrever para ela.

"Cara" Owen deu um tapinha em minhas costas e me entregou uma caneca de cerveja no bar lotado "Arrume um banheiro ou chega na garota"

Eu parei de olhar o canto do teto escuro do Jugger e voltei-me ao meu companheiro de fraternidade. Owen era um dos mais quietos, mas era sincero. Eu sabia que ele não contava com o hóquei como Ethan, mas sempre levou a sério tudo que fez. Inclusive o papel de amigo-âncora que cumpria há quase três anos. Todos sabiam que Levi era nosso pai-mago-protetor e leitor de cada expressão corporal, mas era Owen quem dava os bons conselhos. Sábio.

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