Capítulo Dezesseis

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JAMES AARON COLLINS

Os Benatti eram maravilhosos. Eu podia dizer que estava mais apaixonado por Lorenzo Benatti do que qualquer outra coisa. O homem era um italiano tão alto quanto o filho, de cabelo até a altura dos ombros que ainda não eram tão grisalhos quanto à barba. O sujeito deixava três bandeiras em cima da lareira da sala de estar, representando a família que ele carregava no peito.

Lorenzo e Eliete Benatti perguntavam constantemente sobre meu visto de estudante e se gostaria de ser residente nos Estados Unidos. Um cidadão americano. Os dois eram experts no assunto. Cheios de histórias e testemunhos sobre acontecidos no programa de estrangeiros da faculdade.

Mesmo sem conseguir me comunicar abertamente com os tios italianos de Valentine, a casa estava repleta de tradutores para a conversa fluir normalmente. Os dois irmãos de Lorenzo, Hugo e Enrico, estavam com suas famílias no país havia dois dias e partiriam no dia após o feriado. Nina, esposa de Hugo, foi a que mais se esforçou para conversar comigo. Valentine disse que ela só estava caçando uma babá para os filhos, mas não me importei.

Crescer com três irmãs mais velhas sempre me levou a conversas caseiras e cuidados com crianças. Minha mãe sempre foi uma mulher de negócios longe de casa, então com faxineiras e irmãs me ensinando a cozinhar o tempo todo, me tornei caseiro. Eu e minhas irmãs trocávamos receitas com vizinhos desde que começamos a nos virar na cozinha, principalmente com meus sobrinhos gritando de fome. Pedir a receita do peixe assado da mãe de Valentine pareceu o mínimo a se fazer, ao ver a travessa bonita e cheirosa disposta à mesa.

As pequenas crianças italianas também gostavam de me perguntar tudo. Grudavam na minha perna para brinca e questionar, mesmo sem entender uma palavra. Lea e Gaillio eram os gêmeos, filhos de Hugo e Nina, que me perseguiam o tempo todo. Apenas Lorenzo conseguia espanta-los, dizendo que canadenses comiam crianças italianas mal criadas no espeto. Mia, filha de Enrico e Carina, era a mais quieta e inteligente das crianças. Ela sabia inglês o suficiente para perguntar meu nome e o que fazia na casa dos tios.

A pior das crianças, definitivamente, era Giovanni Benatti. Ele era tão agitado e barulhento que me lembrava de Ethan. Sempre me perguntando como os Crocodilos iam no gelo, com um ar saudoso na voz. Ele e Valentine tinham quase cinco anos de diferença, mesmo parecendo mais. Giovanni apresentava um ar adulto na aparência, mesmo quando roubava o skate do primo para descer a rua deslizando sentado.

Ele e Valentine tinham uma relação invejável. Pregavam peças um no outro o tempo todo. Mesmo em meio às brigas, nunca a vi sorrir tanto.

Depois de dois dias convivendo com italianos, franceses e americanos... Eu definitivamente entendia o que Giovanni queria dizer quando chamou a casa de ONU. Aquela família realmente merecia o título de nações unidas.

Na quarta-feira, enquanto preparava as carnes para a churrasqueira com as mulheres da casa, Valentine ajudava o pai a organizar os fogos de artificio em uma caixa ao lado da piscina.

"James!" Eliete me chamou "Alguns vizinhos vão chegar e eles têm filhos na idade de vocês, não precisa se esconder na cozinha."

Eliete estava tentando me deixar sozinho com Valentine desde o momento em que chegamos à casa. Como se a filha precisasse de um empurrão... Era instantâneo ver Valentine fugir para meu quarto no fim da noite. Ao menos me perguntava se ela apareceria, porque sabia que ela viria. Trocávamos beijos e carícias até dormirmos, prometendo não transar até as crianças deixarem a casa.

Não que a mãe dela devesse saber disso, mas tudo bem.

"Obrigado, El." agradeci, dando mais tapas para o tempero assentar na carne "Eu cozinho todos os feriados e estou acostumado a ficar na cozinha até o último momento."

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