Capítulo Sete

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VALENTINE AIMÉE BENATTI

Ele estava bem. Giovanni Luca Benatti estava bem, tinha que estar. Ele havia levado uma pancada de dois jogadores e caído como uma pedra no rinque. Tinha desmaiado e deixado o campo de maneira grogue, mas consciente. Quando seu corpo caiu no gelo e não levantou, os brutamontes continuaram rondando o gol como se ele fosse levantar. Ele não levantou. O jogo parou e meus berros cessaram.

Disquei o número da minha mãe tremendo, sabendo que eles não perdiam um jogo de Gio. Gio estava jogando em Toronto, Ontario, no Canadá. Não estávamos nem perto de irmos de carro visita-lo. Eu estava em semana de entrega de trabalhos e não podia deixar Prince. No segundo que me atenderem, já alertaram que iam para o hospital que Gio foi encaminhado, mas que não devia ser nada demais.

Eu não devia ficar tão nervosa por ver meu irmão desmaiar por pancadas de dois brutamontes em rede mundial, devia? Ah, Deus.

Eu estava com respiração ofegante, quando chiei para Kristen: "Acha que está tudo bem mesmo?"

O ser mais positivo do mundo me respondeu com o olhar quente como mil sóis. "Claro, querida. Gio é um homem forte e a pancada teria derrubado qualquer um duas vezes pior! Ele deixou o rinque consciente, está bem".

Antes que eu pudesse responder com um sorriso manhoso, as batidas na porta me assustaram. "Agora não" Kristen berrou e eu a agradeci mentalmente por isso.

"Somos nós" a voz de Ross soou do outro lado da porta ", e um convidado".

Kristen pareceu tão confusa quanto eu ao caminhar até a porta trancada. Não havíamos chamado ninguém, mas todos já deviam saber da queda da Montanha-Benatti. Não era de conhecimento público que eu era irmã do goleiro do Bruins, mas acho que anunciar isso para o time de hóquei geraria uma repercussão.

A porta se abriu e o olhar de James atônito recaiu sobre o meu.

Ele agachou ao meu lado da cama, onde eu costumava ficar quando assistia os jogos. "Você está bem?"

Seus olhos exalavam preocupação. Ele rapidamente secou minhas lágrimas com os polegares e agarrou meu rosto com atenção. Os olhos acendiam como duas turmalinas de um verde turvo e suave. Eu sentia calor acolhedor irradiando antes mesmo dele me abraçar.

Por trás do meu choque, observei Ross e Kit confusos e Fiona um tanto contemplativa. Eu o abracei de volta e fechei os olhos sem dizer nada. Ele definitivamente provava ser um bom amigo. Ele disse que queria uma amiga e estava mais uma vez, dando mais do que nosso acordo exigia. Tão típico de James Collins dar tudo de si.

"Eu estou bem, James" me desvinculei do abraço "Considerando que dois canadenses derrubaram meu irmão, você é a última pessoa que deveria vir aqui"

Fiz uma piada que ele não pareceu achar muita graça. "Não fale assim, Baguete. Eu corri o campus todo pra achar seu dormitório"

Olhei para Ross e Fiona para confirmar a história e eles assentiram. "Ele esbarrou com Fiona e perguntou se a conhecia, teve sorte. Estávamos correndo pra cá desde o... Você sabe."

Eu sabia. Gio estava em algum hospital no Canadá zonzo por alguma merda que um canadense idiota fez por um disco. Meus pais gastariam com passagens de última hora para Toronto e ficariam com Gio menos de um dia até receber alta. Ele é tão teimoso, ia querer estar em pé para a próxima partida.

James agarrou meu lado e me puxou para o seu peito quente, de um modo que eu não estava acostumada a gostar, mas me acomodei.

"Ele está bem" afirmei para Ross e Fiona que já estavam acomodados ao pé da minha cama de solteiro "Meus pais já estão a caminho de Ontario e vão bajular o pequeno Gio até onde ele deixar".

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