Capítulo 14

33 4 0
                                    

Depois de um pouco mais de meia hora andando no metrô, os meninos chegaram a Miryang. Mesmo que estivesse um pouco tarde, Jongin insistia para irem ao hospital.

-Jongin hyung, não podemos. -disse Jimin, bocejando. -Talvez ele já até esteja dormindo, precisamos achar uma pousada para ficarmos.

E, caminhando por pouco menos de meia hora, conseguiram um lugar para dormirem. Os meninos ficaram divididos em dois quartos com camas de solteiro. O preço era bom, mas não incluía refeições; eles teriam que andar pela cidade para comer.

(...)

-Precisamos comer, vocês vêm?-perguntou Jimin aos outros, saindo do lugar em que estavam.

-Eu quero ir direto pro hospital. -disse Jongin. -Eu vou procurar meu irmão, a gente se vê lá.

Sana suspirou. A sessão com Jungkook tinha um clima tenso e ela não sabia o que fazer para melhorar, afinal, só estava fazendo seu trabalho, mesmo não sabendo ao certo como fazê-lo melhor.

-Vamos fazer um exercício e você me avisa se sentir algo, tudo bem?-perguntou ela, em voz calma.

Jungkook apenas assentiu, com a cara fechada.

Ele não aguentava mais ter que fazer a fisioterapia. Sentia que aquilo não iria fazê-lo voltar a andar e que só estava perdendo tempo. Queria forçar sua memória para conseguir se recordar de pelo menos como fora parar ali.

-Sente algo?-perguntou Sana, ao final do exercício.

-Não, Sana! Eu não sinto nada! Eu não vou andar mais, eu já sei!-gritou ele, irritado.

Jiwoo chegava na sala, mas, antes de entrar, resolveu escutar do que se tratava a gritaria.

-Me desculpe. -disse Sana, respirando fundo, tentando lidar com aquela situação.

-Você só fala isso! Você só sabe se desculpar! Por que não faz o seu trabalho direito ao invés de ficar falando isso?!-ele bufou após gritar, soltando o ar que prendera.

Sana queria apenas chorar. Nunca alguém havia lhe falado daquela maneira e ela não tinha reação. A única coisa que queria fazer era sair dali e chorar.

Jiwoo, indignada com aquela situação, bateu na porta, que foi logo atendida por Sana.

-Olá, Jiwoo-ssi. -disse ela, em tom baixo.

-Olá Sana. -disse ela, focando os olhos repreendedores em Jungkook.

-Noona!-sorriu ele ao ver a irmã.

Ela foi até ele e pegou sua orelha, a puxando para cima, a fim de causar algum tipo de punição no irmão.

-Ya... Noona. -disse ele, entre os gemidos de dor. -O que você tá fazendo?

-O que eu estou fazendo?!-perguntou ela, em tom alto e claramente brava. -O que você estava fazendo, Jeon Jungkook?! Imagine você, saindo daqui e indo trabalhar na China. -ela continuou, em tom mais calmo, mudando sua expressão. -Você não trabalha na sua área, só como assistente de outros. Em um belo dia, seu chefe fala que você vai começar, finalmente, a exercer sua profissão mas... -ela mudou o semblante de calmo para novamente bravo. -Você tem uma supervisora que acha erros em tudo que você faz, simplesmente porque ela tem problemas pessoais e precisa descontar em alguém e, que maravilha! Um novato estrangeiro, ótima ideia!-ela deu um último puxão na orelha antes de soltá-la, o que fez Jungkook levar a mão até ela na hora.

Os três permaneceram em silêncio. Jungkook estava um pouco envergonhado de admitir, mesmo sabendo que havia agido mal. Mas ele só quer recuperar sua memória, por Deus, é pedir demais?

-Você não tem nada para dizer?-perguntou Jiwoo, encarando Jungkook.

-Me desculpem por causar tamanha discórdia!-eles viram Sana se curvando, provavelmente achando que a fala era dirigida a ela.

-Não é com você, Sana. -disse Jiwoo, a chamando para perto com gestos de mão. -Jeon Jungkook, você não tem nada a dizer?

Ele suspirou. Sua irmã nunca iria mudar, aquilo era um fato.

-Me desculpa, Sana-ssi. -disse ele, olhando para a japonesa. -Eu vou ser mais paciente com você.

Sana sorriu e se curvou em agradecimento.

-Tudo bem. Obrigada. -disse ela.

Jungkook, acariciando a orelha, começou a ver alguns flashes surgindo em sua mente. O primeiro era de uma mulher, fazendo o mesmo ato, provavelmente sua mãe, o outro era de um homem, que não parecia seu pai, também agarrando sua orelha. Ele parecia mais um amigo.

"-Jin hyung... Jin hyung, para!"-ele pôde se escutar falando.

"-Você se comportou mal, mocinho, peça desculpas ao Jimin e ao Taehyung!"-disse o outro, apontando para um menino de bochechas gordinhas e outro com um sorriso quadrado no rosto.

-Noona!-ele chamou a irmã, que já se aproximava da porta. -Eu lembrei! Lembrei de alguma coisa!

Jongin, depois de visitar o terceiro hospital, conseguiu achar algum registro de Kim Taehyung que estivera lá por acidente de carro. Seguindo as orientações da recepcionista, ele foi até o quarto, batendo na porta antes de entrar.

-Pode entrar!-disse uma voz masculina.

Assim que Jongin entrou, deu uma olhada de cima a baixo no homem: tinha cabelos escuros, um rosto maduro e uma pele um pouco mais clara.

Ainda com a voz trêmula, ele conseguiu dizer:

-Você não é meu irmão.

MemoriesOnde histórias criam vida. Descubra agora