Havia se passado um ano.
Estava tudo bem.
Mark Tuan tinha pintado suas madeixas, que antes eram de uma tem de rosa - desbotado, por conta do tempo. No momento, se encontravam pretos, com mechas acinzentadas.
Jackson foi promovido no trabalho. Ganhava uma quantia maior agora, e garantia uma vida mais bem sucedida não só a ele, mas como a seu amor. Ele sabia que era muito sortudo. Não só financeiramente - que era um privilégio, por ter sua renda própria e a renda de seu namorado, que vinha do bar dos pais dele.
Jackson era sortudo por ser testemunha de um milagre. E ele gostava de relembrar isso, todos os dias.
- Mark, preciso falar com você - o moreno chamou de longe.
- Calma, tô indo aí - Jackson ouviu a voz de Mark, que estava provavelmente no escritório arrumando algo.
Quando o maior chegou na sala, viu seu namorado, com uma cara de sono evidente, cabelos meramente bagunçados e envolvido num cobertor, vendo TV. Mais especificamente, vendo um programa de moda no Discovery Home&Health.
Nada como aproveitar o fim de semana.
- Você precisa de algo, amor? - perguntou Tuan, sentando-se do lado do mais novo.
- Queria te avisar uma coisa - disse Jackson, bocejando. - Vou fazer uma viagem à trabalho.
- Ah, quando? E por quantos dias? Pra onde?
- Calma aí - disse Wang. - Tá na melhor parte do programa! - Mark vez uma expressão de tédio. - Ok, é uma viagem para Hong Kong. Uma semana.
- Hong Kong? Mas para quê? - indagou Mark.
- Vou fotografar a exposição do museu Madame Tussauds de lá. Vai ser inaugurado daqui três dias, e eu preciso ir. Mas não é só isso que tenho a te falar.
- O que mais tem a dizer além de que vai ficar uma semana longe de mim? - Mark fez biquinho.
- Quem disse que vou ficar longe de ti? Você vai comigo. - ao ouvir isso, o hyung negou algumas vezes.
- Não posso, Puppy. Estou de férias na faculdade, mas ainda preciso cuidar do bar para os meus pais.
- Ah, sobre isso... - Jackson sorriu. - Já falei com seus pais. Eles mesmos contrataram outra pessoa para te substituir durante a semana que vem. É uma semana a menos de salário para você, mas a comissão que eu vou ganhar na viagem vai ser enorme. Fica tranquilo. Ah, e minha família está esperando por nós. Você vai conhecê-los, finalmente!
Os dois abriram um sorriso, e um abraço quentinho foi formado. Seria a primeira viagem que o casal faria um com o outro. E Jackson faria de tudo para que fosse perfeito.
÷•÷
- Vai ficar tudo bem... - Jackson sorriu ao olhar para seu companheiro, que estava no banco do passageiro.
Foi questão de um piscar de olhos até o outro carro se chocar contra o seu.
Mark sangrava, a visão de Jackson estava turva. O maior estava inconsciente, Wang tinha certeza. Os barulhos de sirene, pessoas estranhas vindas de todos os lados para ver o que tinha acontecido e as partes quebradas do carro formavam o pior cenário pelo qual Jackson já passou.
- Makie? - Jackson repetia seguidamente, segundos antes de sua visão se esvair por completo. Ele pensou que seria o fim.
Jackson acordou atordoado. Infelizmente, não era a primeira vez que isso acontecia. E o pior: havia uma voz que sempre ressaltava a frase isso é tudo culpa sua.
Wang sabia que a culpa era dele. Por que não cuidou do seu amado em casa, ou esperou um pouco antes de ir para o hospital, sem tomar nenhuma decisão precipitada? Por que ele não olhou para o trânsito e desviou do carro ao lado, ao invés de afagar a coxa esquerda de Mark? Por que ele simplesmente não freiou, virou, tomou alguma atitude?
Jackson sabia que podia ter evitado aquele acidente, e ele não se perdoaria nunca por isso.
- Puppy... você tá acordado? - perguntou Mark, que deitava no lado da cama que encostava na parede.
- Eu... - Jackson colocou as mãos no rosto suado e suspirou. - Eu tive um pesadelo, Dimsum.
- O que aconteceu nesse pesadelo? Quer desabafar?
- Não, Markie, pode dormir - Jackson beijou a testa do namorado. - Tá tudo bem. Eu prometo.
- Você sempre diz isso... - Mark sussurrou e virou para a parede, voltando a dormir.
Jackson queria dizer “tá tudo bem” para todas as adversidades e problemas que apareciam, porque traz positividade. Ele acreditava nisso. Ou, pelo menos, tentava acreditar.
Estava tudo bem.
Mas não vai continuar assim. Não por muito tempo.