♤ VINTE E QUATRO ♤

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Ela tinha aquela típica mania de sonhar acordada, mas as vezes o sonhos se tornam pesadelos.

— Nossa, esse lugar é... Como é possível? — A dúvida de Belle é compreensível.

A visão que tenho é magnífica, posso ver as altas montanhas e cachoeiras, além da pequena vila instalada no centro. Ainda estamos na parte superior da caverna e precisamos ter cuidado ao descer para que não ocorra possíveis acidentes.

— Não sabemos ao certo quem iniciou esse projeto, mas muitos interventores e alguns reis sabem da existência desse lugar. Temos pessoas de cada parte dos reinos e por isso eles vivem em Prylea. Os Eiwinks nos últimos trinta anos não tem aceitado a entrada de forasteiros, infelizmente essa não é a única entrada para este lugar, cada reino tem sua própria forma de chegar a essa maravilha. No entanto, pelo que consta nos mapas reais, esse lugar não existe e acreditamos que a rainha Stella Maris não saiba de sua existência.

— E como vou ficar aqui? Eles sabem que estamos passando por momentos difíceis?

Enquanto ajudo Belle a descer da ribanceira, sinto as gotas da infiltração cair em meu vestido, a adrenalina faz meu sangue esquentar e a minha vestimenta, no momento, é o grande empecilho.

— Desculpa fazer vocês virem por esse caminho. — Volto minha atenção para a voz da mulher que se encontra a alguns metros abaixo e sorrio com o reconhecimento. Continuo a descer tentando nos apoiar em algumas folhagens com trepadeiras, isso era bem mais fácil quando eu vinha com meu pai e não pesava tanto.

— Tia Ana! — digo ao apoiar os pés no chão.

Sinto seus braços me apoiando, uma tontura repentina me faz perder o equilíbrio e por pouco não me vejo despencar ribanceira abaixo.

— Menina, está exausta! Vamos, Aidan já está lhe aguardando. — Assinto e a sigo.

Adentramos em um pequeno pomar de cerejeiras e com o solo com grama alta. Sinto-me incomodada pelo pinicar em minhas meias baixas e finas, mas não reclamo em voz alta.

— Tia, essa é Belle, papai deve ter dito algo sobre ela.

Ela cumprimenta minha amiga que abraça seu corpo por causa do frio, como estamos muito abaixo da superfície habitual o sol que chega aqui é morno e em dias como hoje, que o astro se esconde atrás das nuvens, o frio pode ser insuportável.

— Seu pai veio aqui, conversou com Aidan e ele não se opôs em ajudar. Sabemos que esse lugar ainda está intocado por causa de sua proteção; contudo, ninguém aqui nega favores ao meu irmão — explica.

Minha tia é uma refugiada, fugiu para não se casar com um príncipe e, para não fazerem nada contra ela, papai a trouxe para cá. Por conta disso, foi incomum para mim quando ela foi para Prylea me contar sobre o que havia acontecido a ele.

— Eu não posso ficar por muito tempo, tenho que de alguma forma chegar antes do baile — alerto.

Enquanto recebo o apoio de minha tia, observo algumas crianças tomarem nota de nossa presença e correrem para o nosso encontro, dentre eles vejo os pequenos príncipes de Ulyere, os irmãos de Ângelo, que provavelmente vieram em busca de refúgio durante o tempo em que a ordem não se instala novamente.

— Jay! — grita Dóris correndo para meu abraço, ele é o caçula da realeza e o príncipe com cachinhos dourados mais lindo de todos os reinos.

—  Como vai o meu príncipe? — Ele olha para mim com seus olhos caramelados e me permito sorrir ao saber que o pequeno será como seu irmão futuramente.

— Vamos, segure minha mãozinha, eu mesmo levarei a princesa para Aidan.

Seguro as pequenas mãos de Dóris e sigo pelo pequeno bosque para adentrar a construção subterrânea, são centenas de casas pequenas e aconchegantes erguidas com pedras de cristal quartzo transparente que podem refletir a luz do sol no ambiente.

 👑 A PROMESSA REAL  👑 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora