Viver é a coisa mais rara desse mundo. A maioria apenas existe.

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As lembranças me invadem numa velocidade assustadora, como se eu estivesse vivendo tudo em um único segundo o medo da morte, a impotência e finalmente o alivio de ver Pedro como meu anjo salvador ali parado na minha frente me chamando.

-Oi. – Digo com a voz rouca olhando para ele.

-Oi. – Ele me responde.

Olhando para ele agora perece que estamos em nosso próprio mundo onde a feiura do preconceito não pode me tocar, ao lado dele me sinto forte. Não sei se isso é possível passei cinco anos da minha vida sendo forte e falhando miseravelmente. Olhando em seus olhos me sinto segura e por incrível que possa parecer me sinto amada novamente.

-Karla? – escuto alguém me chamar, olho para frente cortando o contato com Pedro, mas me deparo com a minha querida amiga Érica, ela me olha como se tivesse respirando depois de uma eternidade, sinto um soluço em minha garganta.

- Érica! – levanto minha mão e a chamo para mim. Porquê...por pior que foi para mim sei que para ela é infinitamente mais doloroso. As lembranças de nos duas abraçadas ao homem sem vida que amávamos me assalta de uma forma que recolho minha mão que Pedro está segurando para poder abraçar Érica.

-Shi shi shi. Calma meu amor. eu estou bem agora, fica calma. – Falo em seu ouvido, não sei se estou acalmando a ela ou a mim. Uma vez não dou conta de conter meus próprios soluços que se misturam ao dela.

- Uma semana, Karla, uma semana que meu coração morria mais uma vez um pouquinho a cada dia. – Fico tensa em seus braços me dando conta que fiquei uma semana apagada, uma semana que deixei meus filhos sofrendo, uma semana...

- Desculpa querida. Não queria te preocupar agora que você acordou. – Érica me fala.

- Meus filhos Érica. Como eles estão? – falo ainda com a garganta rouca e com dor, preciso saber dos meus filhos, preciso ter certeza que eles estão bem. Meu deus o Paulo ele vai atrás dos meus filhos. Senhor por favor não permita que isso aconteça.

Tento me levantar, sinto que tem muitas mãos me prendendo na cama.

- Me soltem, preciso tirar meus filhos da cidade aquele louco vai fazer mal para os meus filhos. – Me dou conta que continuo chorando, até que um par forte de braços me abraça e fala no pé do meu ouvido.

- Calma minha linda. Já contratei seguranças que estão na porta da escola dos seus filhos não se preocupa, eles estão seguros.

-Você tem certeza? – pergunto porque apesar de confiar minha vida a Pedro me dando conta que meus filhos são a minha vida.

- Sim, confia em mim? – ele me pergunta.

- Confio. – E quando essa simples palavra sai da minha boca sei que disse com toda a minha alma.

Procuro ao meu redor até encontrar a pessoa que vai me dar todas as respostas que preciso do meu estado.

- Rúbia! – e só de falar o nome da minha amiga, sei que ela vai dizer tudo o que preciso sem rodeios.

- O meu amor. Eu sei que você quer respostas, no momento você precisa se recuperar.

-Rúbia eu preciso saber, por favor.

- Poxa Karla assim tu me matas preta. Tenha um pouco de paciência, eu vou te contar tudo, no entanto você precisa descansar, seu corpo está fraco, amor.

- Quanto tempo vocês estão esperando para eu acordar? – pergunto.

- Três Dias.

Meus Deus, se minhas contas estiverem certas, hoje é sexta-feira, ou seja, desde terça que estavam esperando um sinal meu de que eu estou bem. Tapo a boca com a mão suprimindo um suspiro angustiado. Olho para as pessoas que estão ao meu redor e me deparo com o melhor dos sentimentos, o amor, todas essas pessoas aqui comigo estão aqui simplesmente por que me amam, e não é pouco.

A pura luxuriaOnde histórias criam vida. Descubra agora