Vinte - Mason

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Mason Cooger

Passo pela porta de casa morto, basto nem cinco minutos pra jogar minha mochila no chão e meu sobretudo e deitar no sofá na sala de estar. Estico minhas pernas e procuro a posição mais confortável, fecho meus olhos e respiro fundo. Pronto não tem merda de nenhuma preocupação que pode me atingir.

Mas eu sei que estou mentido pra mim mesmo.

Por mais que hoje o namoro falso saiu como planejado, a droga da culpa está latejando dentro de mim. Beijei muitas garotas depois que ela morreu, fui em algumas festas tentando esfriar a cabeça. Tentei por muito tempo procurar alguém que fosse idêntica a ela, que seu gosto fosse o mesmo, sua pegada, carícias e até mesmo seu temperamento. Mas não encontrei nada que ofuscasse-a, e eu me senti mais sozinho do que nunca e não podia ingerir uma gota de álcool. 

Contudo hoje no colégio senti uma culpa dolorosa como se eu tivesse com a mesma vida de antes, mas sem ela. Uma sensação familiar me invadiu como se eu já tivesse feito aquilo muitas vezes com Camila.

Mais um déjà vu sem sentindo.

E não foi nada bom sentir aquilo, talvez por eu nunca mais ter me relacionado com outra pessoa depois do acidente, doeu quando percebi que estava em um namoro de mentira com outra garota e doeu mais ainda quando eu dei um passo e lembrei dela dando um passo ao meu lado. E a culpa, a raiva se instalaram dentro de mim. Eu estou traindo Lauren — mesmo que seja de mentira — e eu me sinto muito mal por isso.

— Mason! — alguém me chama me chacoalhando. Abro os olhos sonolento, um guninho de preguiça sobe pela minha garganta  — Vou dar uma saidinha — minha mãe avisa e eu volto a fechar os olhos e mudo de posição, deitando de lado no sofá.

É a primeira vez que a minha mãe sai sem nenhum motivo urgente e me deixa sozinho. Por causa do meu namoro falso, ela criou a confiança que queria em mim.

Escuto a porta bater e isso me desperta. Minha mãe já havia saído, sento no sofá rapidamente e coço a cabeça.

Preciso de álcool.

Minha mãe costumava beber um gole de vinho por dia para evitar problemas com o coração e eu nunca gostei de vinho, no entanto isso quer dizer que a possibilidades em ter vinho em casa, embora eu nunca mais tenha visto ela beber na minha frente, — tirando o jantar — depois do acidente.

Pisco algumas vezes quando quase me levanto pra procurar igual um louco. Onde eu estou com a minha cabeça? E a minha promessa? Não estou pensando direito, não posso voltar a beber, fui forte nas piores semanas da minha vida e agora por causa de alguns probleminhas acumulados fiquei prestes a quebrar a promessa. 

Deito de volta no sofá e fecho os olhos, preciso dormir e ai tudo vai ficar bem. Quando estou imaginando eu e Lauren entrando juntos na escola sinto algo gelado tocar meu pescoço.

Abro os olhos assustado.

— Primo! — Victor saúda, sentado no braço do sofá do lado da minha cabeça, com uma garrafa de vodca na mão.

É só o que me falta mesmo.

Victor sabe que vodca pura é a minha bebida favorita. A garrafa está até suada por ter sido tirada da geladeira e entrado em contato com a nossa temperatura, exatamente do jeito que eu gosto.

— O que você quer Cooger? — o encaro de cabeça para pra cima, mesmo essa posição não sendo muito confortável.

— Nossa que grosso — ele ri e abre a tampa da vodca — Quer um pouco? — ele passa a mesma no meu nariz e no automático minha garganta fica seca.

Meu Destino #1Onde histórias criam vida. Descubra agora