4 - O hostil repousa durante o recreio (Parte I)

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Capítulo liberado antes do prazo, porque hoje está chovendo e eu amo dias chuvosos


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A lua brilhava alta acima das serras de São Pedro, contornando a vegetação com sua luz prateada.

Caminhando sem pressa, Daniel atravessou o caminho de pedras envelhecidas após abrir o pequeno portão branco da propriedade, parando em frente à porta de entrada da casa principal.

O velho mensageiro dos ventos tilintou suave, e ele cruzou os braços depois de tocar a campainha. As noites de inverno sempre eram mais frias ali do que em Piracicaba.

Daniel ajeitou sua postura quando a porta foi aberta por uma mulher de cabelos castanhos escuros, cuja raiz embranquecia. As rugas faciais entregavam seus pouco mais de cinquenta anos. Um misto de surpresa e alegria tomou o verde de seus olhos enquanto o sorriso crescia nos lábios.

— Daniel!

— Oi, mãe.

Ela o abraçou, sem tirar o sorriso do rosto.

— Quem é, Genevieve? — Uma voz grossa se aproximou da entrada e, quando um par de olhos escuros caiu em cima de Daniel, se arregalaram. — Daniel!

Martim Almeida estendeu a mão para Daniel, o qual a apertou forte, sendo puxado pelo pai para um abraço rápido.

— Meu Deus! — Martim exclamou. — É mesmo você?!

— Você podia ter nos avisado! Iríamos encontrar com você no meio da estrada. Ah, tudo está tão perigoso, todo esse caos, e eu e seu pai sem notícias suas!

— Não se preocupem. — Daniel fitou os pais adotivos, levando as mãos aos bolsos da calça enquanto sua mão o direcionava para a sala principal da casa. — Não houve nenhum problema durante o trajeto.

Genevieve assentiu, e Daniel sabia que ela fazia um grande esforço para se manter calma, contudo, conseguia perceber a apreensão em seu olhar. Martim não fazia questão de disfarçar; havia algo a mais naquela visita repentina, na calada da noite.

— E a Gabi? Não quis vir com você?

— Ela não sabe que estou aqui. — Daniel andou pela sala, tendo sua atenção capturada por um antigo porta-retrato em cima de uma estante. — Na verdade, ninguém sabe, e eu gostaria que vocês mantivessem essa visita em segredo.

Ele apanhou o porta-retrato, observando a si próprio, Eduardo e Gabriela, anos atrás, em uma foto tirada dentro de uma caverna, durante uma viagem feita no aniversário de sua irmã mais velha. Sua garganta engrolou; o passado e o presente se retorciam sob as luzes brilhantes das lanternas que eles carregavam na foto, e era quase como se ferissem seus olhos agora, evocando as vozes daquele passado.

Sonara (Livro 3 - Saga Ellk) | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora