-LIVRO EM DEGUSTAÇÃO-
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2° Lugar no Concurso Sakura
Melhor sinopse no Concurso Palavras Divinas
"Quando homens e monstros se tornam um, resta ao mundo o relâmpago de uma resistência".
Em meio à guerra que assol...
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Um silêncio inescrutável se espalhava como ramos retorcidos por aquela estrada vicinal. Muitas vezes intrafegável em determinadas épocas do ano por conta da falta de asfaltamento, a ausência de movimentações tornava aquele local o ponto de câmbio de informações ideal. Por estar próxima a uma famosa barragem, a estrada, construída sobre uma elevação natural, era cortada em ambos os lados por um curso de água que formava um lago gigantesco e profundo abaixo dela.
Escombros de um edifício cresciam de um dos lados da estrada, cercado por andaimes inutilizados e expostos à ação do tempo. As interceptações indicavam que a troca ocorreria ali.
A noite bufava sobre todos.
Katerine mantinha sua presença ocultada entre as paredes da construção, ajustando o comunicador com uma mão, enquanto com a outra segurava a empunhadeira da arma. De onde estava, enxergava toda a extensão do lado esquerdo do lago e os relâmpagos ocasionais que se refletiam nas águas escuras. O resto do grupo estava espalhado pelos pontos demarcados para a emboscada.
Havia uma malignidade espessa no ar, um perscrutar silencioso, como uma besta inóspita que não se revelava à luz, mas riscava as sombras com suas garras. Katerine engoliu em seco, afastando aquela sensação. Embora seu plano houvesse sido rejeitado pelo grupo, ela ainda acreditava que um ataque focado em Júlio ou um plano de infiltração dentro da sede da ASIP trariam melhores resultados do que emboscar um carregamento sigiloso da Corporação e fazer soldados de reféns. Não que o plano de Edgar e Raquel fosse falho. A ideia era consistente. Funcionaria dentro de um quadro de segurança muito maior do que sua ideia. Contudo...
A investigadora inspirou fundo, sentindo o ar frio que vinha da represa queimar suas bochechas. Contudo, ela não conseguia apagar da mente o que escutara junto com Alicia dentro da antiga dependência do Café com Hortelã. Ela sabia como a Corporação jogava. Ela havia aprendido das piores formas como cada movimento no tabuleiro era feito.
— Uma van escoltada por duas motocicletas está se aproximando. — Escutou a voz de Mônica através do comunicador.
— Três motocicletas estão vindo na direção oposta. — Desta vez, a voz era de Edgar.
Katerine ergueu a arma, mantendo-se em posição de alerta.
— As três motos desligaram os motores. A van e as outras duas motocicletas estão se aproximando destas três. Alguma troca ocorrerá em breve. Não há sinais de uma guarda fortemente armada. Esperem pelo sinal, e então atacaremos ao mesmo tempo.
Três minutos se passaram.
— Agora!
Seguindo os treinamentos e o plano traçado, todos saíram de seus esconderijos, formando um círculo ao entorno dos motociclistas e das van, que foram pegos de surpresa.
