5 - Confidencial (Parte I)

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Para finalizar a semana de lançamento do livro, vou postar mais este capítulo fora dos dias oficiais. A partir desta semana, as postagens voltam ao cronograma regular (quarta e sábado) ♥

 A partir desta semana, as postagens voltam ao cronograma regular (quarta e sábado) ♥

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"Escute as minhas palavras"

Ela se revirou na cama, presa entre o vale do sono e do despertar, costurado pelos liames dos sonhos.

"Escute a tempestade"

Imagens e sons se fundiam embaixo das pálpebras cerradas.

Uma tempestade furiosa de neve e vento a envolvia.

"Ela chama a mim. Ela chama a você"

Suas mãos agarraram-se às cobertas, os dentes batendo com força.

"Meu corvo, minha tempestade"

Katerine arquejou, abrindo os olhos. O coração batia disparado no peito, e ela precisou de alguns minutos para normalizar a respiração, dissipando o gosto e a impressão das cenas tortuosas daquele pesadelo. Sua cama estava gelada, o travesseiro estava gelado, e tinha a sensação de estar envolvida em um edredom tecido com gelo.

Tremendo, Katerine se levantou aos poucos, mantendo a coberta enrolada em si. As maçãs do rosto ardiam, como se flocos de cristais congelados estivessem sendo cuspidos nela. Foi até a janela, espiando por uma fresta da cortina o céu. A escuridão da madrugada já estava ganhando tons sóbrios de claridade, logo o dia irromperia cinzento e contido. Havia uma névoa espessa do inverno cobrindo o ar, embaçando o mundo lá fora.

Ela apertou o cobertor contra si, os dedos dos pés descalços doendo como se estivessem congelados.

Andou até a cama, quis sentar na borda, mas algo falhou, e escorregou lentamente para o chão, mantendo apenas as costas recostadas no suporte do colchão.

Katerine fechou os olhos, e pensou em Daniel. Quase podia sentir o seu toque quente, mesmo o mais efêmero deles, que sempre a faziam sentir como se sua temperatura corporal subisse como um jato.

"Ninguém sabe que vi o Daniel, ou o que descobri sobre o Eduardo".

Contraiu-se; a voz de Gabriela pairava sobre ela como espectros rindo nas brumas de um oscilante pesadelo, levando-a de volta para a última noite em que o vira, onde agora as palavras de Daniel faziam sentindo.

"É só um jogo. Um maldito jogo. Sempre foi, sempre será. Ele não tinha esse direito".

Um sentimento angustiante queimava em sua garganta; tinha certeza de que, naquela noite de domingo, Daniel já sabia a verdade sobre Eduardo. Ele não havia ido atrás de nenhuma pista sobre Marcelo Meneses. Como isso é possível? Como esse irmão desaparecido é Nemo? Deixou a coberta escorrer ao seu lado, expondo os ombros ao regelado do quarto.

Sonara (Livro 3 - Saga Ellk) | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora