Capítulo 5

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Darcy adentrou o local e olhou para os três nitidamente descontente. Estava estampado em seu rosto que não aprovava a escolha de Catherine e Elizabeth sabia desse fato mais do que ninguém. Frente a isso, ele anunciou o que todos já desconfiavam:

— Vim informá-los de que vocês foram os selecionados para o laboratório de trinta dias. O carro da empresa irá levá-los de volta ao hotel, onde ficarão mais dois dias. Dessa forma, indico que verifiquem uma hospedagem durante esse período, o laboratório será remunerado, então fiquem tranquilos com relação a esse tema. - Informou com um ar ainda mais sério. - Mas, antes, peço que me acompanhem. Aline entregará a vocês a documentação necessária, podem ler e me trazer assinado pela manhã. - Essas foram as palavras finais e então Darcy sinalizou para que os três o acompanhassem.

Elizabeth não sabia o que estava sentindo naquele momento; Lizzy já o considerava extremamente arrogante e pretensioso. No entanto, ainda assim, seu estômago revirou quando ele olhou de canto para ela por somente um segundo. Elizabeth não conseguia parar de pensar no que ouvira mais cedo. Imaginava como seria trabalhar junto com alguém tão desagradável e bonito ao mesmo tempo. Darcy parecia um paradoxo para Lizzy e ela não sabia como desvendá-lo.

Foram deixados na sala de reunião com a secretária; que entregou a eles algumas folhas de papel. Sendo instruídos a lerem os termos do contrato e trazerem assinado no outro dia, pela manhã. Assim sendo, voltaram para o hotel.

Elizabeth e Charlotte decidiram dividir o aluguel em outro bairro mais acessível. Pois tudo na Avenida Paulista era um pouco mais caro. Optaram, então, pelo bairro República. Era fácil se locomover para qualquer lugar de lá, devido ao metrô e os valores eram bem mais acessíveis.

Lizzy ainda não tinha contado para a recente amiga tudo o que ouviu, estava ferida em seu orgulho e ainda nem sabia como iria encarar aquele que lhe infligiu tal ofensa.

Compareceram ao escritório no outro dia, conforme combinado e entregaram o contrato. Para elas estava tudo bem, os termos eram bem justos. Não era possível saber se William Collins pensava da mesma forma, ele não falara muito com elas sobre o assunto. Para a alegria ou tristeza de Elizabeth - ainda não saberia precisar -; William Darcy não fora visto durante o período em que estiveram no local. A entrega foi rápida e eles retornam ao hotel para o final da estádia. Foram orientados quanto ao endereço e início dos trabalhos, como Lizzy havia previsto, não seria na Paulista e sim no bairro Anália Franco, próximo ao Tatuapé.

Todos estavam apreensivos, apesar de só Charlotte e Elizabeth expressarem em palavras. Enquanto isso; Lizzy cogitava contar a Char o que tinha ouvido, mas não queria desanimar a amiga. Entretanto, precisava desabafar, talvez fosse bom colocar para fora tudo o que a chateava. Principalmente por não saberem se iriam começar o laboratório com Darcy logo de cara.

Ainda não haviam tido muito tempo para discutirem suas impressões sobre a entrevista e os donos da Fotografia & Conceito. Como tinham que resolver onde ficariam e com a leitura do contrato, isso ficou para segundo plano. No entanto, depois que resolveram tudo e ambas sentaram na cama confortável do hotel, o assunto veio à tona.

— Então Lizzy, o que você achou de tudo? - Perguntou Charlotte, eufórica.

Elizabeth não queria jogar um balde de água fria na amiga, mas foi o que aconteceu. Ela detalhou tudo o que ouvira no dia da entrevista e o quanto ficou chateada com aquelas palavras.

Charlotte ficou triste também, mas não tanto quanto Elizabeth. Lizzy não havia ficado deprimida somente por ouvir tais palavras e sim por quem as proferiu. Preferia mil vezes que tivessem sido ditas pela Catherine e não pelo sobrinho, só não sabia explicar o porquê dessa preferência. De qualquer forma, essa parte ela deixou de fora do relato à sua amiga, era algo que estava bem guardado no fundo do seu coração e, talvez, nem mesmo Lizzy compreendesse isso ainda.

Iniciariam naquela manhã e chegaram no local indicado às oito horas em ponto, encontrando William Collins na recepção:

— Bom dia! - Charlotte e Lizzy disseram em uníssono.

— Bom dia. - Respondeu Collins sem muita emoção.

Parecia nervoso para variar.

Falaram com a recepcionista e foram instruídos a aguardarem, quinze minutos se passaram, então William Darcy apareceu. Aos olhos de Elizabeth aquele homem estava mais lindo do que nunca. O cabelo ligeiramente maior, ainda no mesmo estilo do dia da entrevista, parecia ter dado um pouco mais de trabalho para ficar modelado. Lizzy constatou que assim também ficava muito bom.

"Afinal, o que não ficaria bom nele? Céus, pare de pensar nisso!", ordenou a si mesma.

Darcy parou próximo a eles por alguns segundos, dando tempo suficiente para Elizabeth observá-lo com um misto de admiração e repulsa. Ele vestia calça social preta e uma camisa verde escura com somente um botão aberto. Oferecendo um aspecto levemente sexy a quem notasse. Lizzy sentiu o estômago dar cambalhotas quando Darcy voltou os olhos para ela:

— Bom dia. - Saudou a todos educadamente e aquela voz penetrou os ouvidos de Elizabeth como uma melodia.

— Bom dia. - A resposta saiu em conjunto.

— Charlotte e William; aguardem, pois minha tia está vindo para cá e deseja auxiliá-los. Elizabeth, peço que me acompanhe, por favor. - Dito isso ele se virou.

Lizzy ficou em choque por um segundo, por que somente ela iria acompanhá-lo? Charlotte precisou cutucá-la levemente, para que voltasse a realidade. Quando levantou, a silhueta dele já estava quase desaparecendo no corredor.

Elizabeth se apressou e o seguiu, quando o alcançou, William olhou de canto para ela e disse:

— Não precisa ficar nervosa, eu não mordo.

Lizzy não podia afirmar com certeza, pois não teve coragem de encará-lo naquele momento. Porém, algo lhe dizia que Darcy tinha sorrido levemente ao dizer aquilo. Ela, no entanto, não entendeu o porquê daquele comentário.

— Tudo bem, Sr. Darcy. - Foi o que conseguiu formular.

Entraram em uma sala sofisticada com um sofá escuro, muito confortável, uma estante pequena com alguns livros, duas mesas, uma ligeiramente menor que a outra e coisas de escritório. A televisão no suporte de parede estava desligada.

— Sente-se. - Pediu indicando a cadeira da mesa menor.

Lizzy obedeceu, observando-o caminhar até a outra mesa e retornar com uma pasta.

— Esses são alguns de nossos trabalhos, quero que você veja para entender o nosso perfil. - Informou entregando-lhe a pasta em questão. - Depois pode olhar outros trabalhos em nosso site.

— Tudo bem. - Elizabeth anuiu.

As palavras que ouvira no dia da entrevista pareciam entaladas em sua garganta. Elizabeth desejava poder questioná-lo sobre o assunto. Entretanto, não ousaria perguntar se Darcy pensava tão mal dela mesmo e, se ele a desprezava tanto, por que então ela estava ali?

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