Amor a um clique

Capítulo 10

Os dias se passaram e Darcy não deu abertura alguma para Elizabeth questionar seu comentário sobre Wickham. Estava sempre ocupado, só lhe dirigia a palavra para instruí-la de algo que fosse trabalho. E, quando ela tinha algum tempo livre, ele logo inventava algo para fazer fora do escritório, deixando-a sozinha.

Lizzy começou a achar que estava sendo evitada; porém, qual seria o fundamento de algo assim? Acabou deixando pra lá, tinha muitas coisas a fazer. As tarefas no estúdio só aumentavam, em breve Jane viria para São Paulo, Charlotte estava namorando sério com Wiliam Collins, fazia dois dias que George não ligava e tudo isso estava consumindo toda a energia da pobre garota.

Elizabeth foi para casa já sabendo que ficaria sozinha, Charlotte agora passava quase todo o tempo livre com William. Por conta disso, começou a sentir muita saudade da família. Principalmente de Jane, agradecia todos os dias por ela vir visitá-la.

Naquela noite, George ligou e pediu desculpas por ter sumido, informou que precisou resolver alguns assuntos de trabalho, no entanto, teria um tempo livre. Se Lizzy quisesse, poderiam ir a um barzinho. Ela estava chateada com ele, mas a solidão estava tão angustiante que acabou cedendo, ficou pronta em minutos e George apareceu para buscá-la. Seguiram em direção ao Tatuapé, onde havia mais opções e ele estacionou em um barzinho na rua Tuiuti. Entraram e, como de costume, Wickham agiu como um perfeito cavalheiro.

Elizabeth; então, decidiu entrar no assunto que a incomodara por dias:

— George, você conhece bem William Darcy? - Questionou não deixando transparecer tanto interesse no assunto.

— Na verdade pouco, frequentamos os mesmos lugares às vezes, conhecemos pessoas em comum e tenho contrato para fotografar no estúdio dos Darcy. - Respondeu tomando um gole do chope de vinho.

— Entendo e teria algum motivo para Darcy dizer que você não é confiável?

No mesmo momento George começou a rir, como se recordasse de algo que havia deixado passar.

— Claro, claro. - Respondeu sarcástico. - Na verdade, Darcy gostava de uma modelo, mas Larissa disse a ele que preferia a mim. Acho que isso feriu seu orgulho. - Deu de ombros parecendo não se importar.

Elizabeth ficou pensativa, aquele não parecia um motivo plausível; entretanto, não queria estragar a noite e resolveu curtir o momento. Ela não era muito de beber, ainda tinha dezessete anos, mas havia tomado uns goles do copo dele e já sentia o efeito. Com certeza estava mais alegre e desinibida.

— Você é tão linda... - George sussurrou em seu ouvido, fazendo os pelos de sua nuca arrepiarem. - Eu estou morrendo de vontade de te beijar. - Aproximou-se o suficiente para Elizabeth sentir o seu hálito.

A música alta, a luz fraca, o vinho, tudo estava contribuindo para um momento perfeito e, tinha ele. Tão lindo e convidativo, Lizzie fechou os olhos e no outro instante sentiu a boca de George na dela. O beijo começou devagar e foi ganhando intensidade, George sabia o que fazer com a língua e dava leves mordidinhas no lábio inferior de Lizzy. Elizabeth levou a mão esquerda até sua nuca, começando a acariciar a região, puxando levemente seu cabelo.

Wickham aprofundou o beijo, apertando a cintura de Lizzy com desejo, até que ela o afastou, precisava de ar.

Ficaram mais um bom tempo juntos, até que George a convidou para ir ao apartamento dele. Elizabeth deu um pulo e recobrou a consciência. Disse que já estava tarde e ainda trabalharia no outro dia pela manhã. Ele pareceu meio contrariado, mas não contestou. Pagou a conta da mesa e seguiram de volta para a casa dela.

Despediram-se com outro beijo e Elizabeth entrou, encontrando Charlotte dormindo.

No outro dia, mal podia acreditar que passara a noite aos beijos com George Wickham, parecia algum tipo de sonho. Foram para o trabalho e, quando Elizabeth chegou, foi informada de que Darcy estaria ausente nos próximos dias, pois tinha assuntos a resolver. Ela, então, ficaria na mesma sala que Charlotte e William.

Diante da notícia, por um lado Lizzy ficou feliz de estar perto da amiga. Pelo outro, sentiria falta daqueles belos olhos azuis.

(...)

Algum tempo depois, Jane finalmente chegava em São Paulo e Lizzy foi buscar a irmã na rodoviária.

— Jane, quanto tempo! - Exclamou apertando a irmã em um abraço.

— Lizzy, estou com tanta saudade. - Jane respondeu aconchegando a outra nos braços.

Voltaram conversando sem parar, cada uma contando o que havia acontecido no período em que ficaram separadas, o assunto parecia não ter fim. Quando chegaram, Jane foi tomar um banho, enquanto Lizzy pedia uma pizza, a amiga chegaria em seguida. Como era previsto, Jane e Charlotte se deram muito bem. Elizabeth não tinha dúvidas quanto a isso, apesar de saber que a irmã era um pouco ciumenta.

A noite correu tranquilamente, deram risada, comeram e jogaram conversa fora. Na manhã seguinte, Jane iria até o estúdio conhecer Charles Bingley, Lizzy já havia feito uma descrição detalhada dele à irmã, ressaltando o quanto ele era bonito e simpático.

Quando chegaram na F&C a recepcionista telefonou para Darcy. Ele, por sua vez, pediu para Lizzy acompanhar Jane até o escritório que eles estavam. Subiram e Elizabeth bateu na porta levemente.

— Entre. - Ouviu Darcy responder com sua voz naturalmente grave.

— Licença, bom dia. - Lizzy saudou dando passagem à Jane.

Assim que Charles a viu, seus olhos pareceram brilhar, levantou-se rapidamente e foi cumprimentá-las.

— É um grande prazer conhecê-la. - Disse sorridente, enquanto apertava a mão de Jane. - É um prazer vê-la novamente, Elizabeth. - Dirigiu-se a irmã mais nova.

— Igualmente. - Responderam em uníssono.

Darcy, que estava aguardando os cumprimentos de Charles, finalmente levantou-se e cumprimentou ambas, educadamente.

— Vou deixá-los a sós para conversarem. - Observou seguindo em direção a porta. - Vem comigo, Elizabeth.

Lizzy o seguiu e foram para o escritório em que trabalhavam juntos.

— Senti sua falta no estúdio - Ela disse quebrando o silêncio que fazia.

— Eu também. - Darcy respondeu de imediato. - Quero dizer, fiquei pensando se ficaria bem sem meu auxílio. - Corrigiu em seguida.

— Fiquei bem, fiz bastante coisa nesse período. - Afirmou animada.

Ele apenas assentiu e entraram juntos na sala.