Lizzy ficou em choque, não acreditava no que acabara de ouvir. Seus pensamentos estavam a todo vapor, William Darcy afirmara que corria sério risco de apaixonar-se por ela. "Seria verdade? Certo, ele ainda não está apaixonado por mim, o que devo responder?"
— Darcy... – Sussurrou olhando para ele.
— Me perdoe. – Darcy a cortou repentinamente, quando já aproximavam-se da casa de Lizzy. Charles estacionava o carro mais a frente para Jane sair. – Me precipitei com relação ao que sinto, o que afirmei foi impensado – Voltou atrás deixando-a completamente angustiada. – Desculpe o meu atrevimento, acho que é melhor não nos vermos mais fora do ambiente de trabalho. – Finalizou sem olhá-la nos olhos.
Lizzy fez menção de falar várias vezes, mas as palavras não saíram, ela estava prestes a dizer o que sentia por ele.
— Ok, Darcy. – Concordou com a voz quase embargada. – Boa noite – Lizzy saiu do carro sem ver a expressão de tristeza nos olhos de Darcy.
Elizabeth passou por Charles, Caroline e Jane sem nada dizer. Entrou em casa e desatou a chorar, Charlotte não havia chegado ainda e Jane provavelmente estava se despedindo de Bingley e da irmã dele. Minutos depois, Jane entrou preocupada.
— Lizzy, o que aconteceu? - Questionou afagando os cabelos da mais nova.
— Ah Jane, eu sou a mais tola das criaturas! - Respondeu chorando ainda mais.
Jane correu até a cozinha e preparou uma caneca de chá de camomila para Lizzy. Após Elizabeth bebericar alguns goles e respirar fundo várias vezes, finalmente conseguiu relatar todo o ocorrido com Darcy. Contou os mínimos detalhes à irmã mais velha e se aninhou em seu colo, como se fosse um bebê.
— Minha querida. - Iniciou fazendo cafuné na mais nova. - A culpa foi minha, achei que seria bom você vê-lo, mas olha tudo que aconteceu!
— Tudo bem, Jane. - Fungou, ainda chorosa. - Você não sabia, eu que fui idiota de me apaixonar por ele.
Ficaram abraçadas por muito tempo até que Charlotte chegou. Elizabeth não queria contar novamente tudo que tinha ocorrido; então, Jane explicou. Charlotte logo se solidarizou com a tristeza da amiga e foi participar do abraço coletivo, com intuito de animar Lizzy.
(...)
Alguns meses haviam se passado, desde o ocorrido no concerto de música clássica, as fotos de Jane já estavam publicadas. Todos gostaram do ensaio e até mesmo pensavam se tratar de uma modelo profissional. Jane passou a ser abordada por algumas pessoas pela rua e sentia-se tímida com toda a atenção que recebia. Porém, o trabalho realmente tinha sido um sucesso e Charles já previa outras campanhas naquele mesmo estilo.
Inclusive, os dois continuavam saindo para se conhecerem melhor, Jane havia assumido para Elizabeth que gostava de Bingley e que tinha certeza que era correspondida. Afinal, já tinham até trocado alguns beijos durantes os encontros, apesar de não terem rotulado o relacionamento ainda. Lizzy estava feliz pela irmã, esperava de verdade que Charles não estivesse iludindo ela. Pois, percebia o entusiasmo de Jane e tinha certeza de que aquilo logo se tornaria amor.
Enquanto isso, Elizabeth via Darcy no estúdio várias vezes na semana durante os meses de contrato, mesmo ele alegando anteriormente que não iria mais no estúdio do Tatuapé com frequência. Por conseguinte, logo chegaria o prazo final final e os estagiários saberiam se permaneceriam efetivamente na F&C, ou não.
Apesar do tempo transcorrido, o relacionamento deles, depois do último encontro no teatro, resumia-se em "bom dia, boa tarde, com licença e obrigado". Elizabeth fazia de tudo para esquecê-lo; ainda assim, sempre que o via, voltava para casa recordando o dia em que Darcy quase se declarou a ela. Lizzy não entendia porquê ele fazia questão de aparecer no estúdio em que ela trabalhava, se ele mesmo havia informado que voltaria a trabalhar no escritório da Paulista. Seria tão mais fácil deixar de pensar nele se não o encontrasse com tanta frequência.
"Idiota!", repreendia-se em pensamento.
Enquanto isso, as três amigas haviam se mudado para um pequeno apartamento perto do metrô Carrão. Pois era próximo do trabalho e um pouco mais barato do que o aluguel no bairro Tatuapé ou Anália Franco. Lizzy; entretanto, estava cabisbaixo naquela manhã, encontrara com Darcy nos corredores do estúdio no dia anterior e, novamente, as palavras lhe faltaram. Ela não conseguia mais agir normalmente, o clima era estranho e a pobre garota se torturava todas às vezes que isso acontecia.
Elizabeth queria deixar de pensar nele, mas nunca tinha êxito. Porque sempre que se concentrava nisso, tudo ia por água abaixo quando via aqueles belos olhos azuis. Mês após mês encontrava-o no estúdio e tudo seguia na mesma, nem parecia que Darcy tinha afirmado correr sério risco de apaixonar-se por ela.
"Sério risco, que piada!", resmungou consigo mesma.
Charlotte; então, informou à amiga que precisava comprar uma revista de esportes. O namorado havia pedido e ela disse que não seria problema, visto que tinha uma banca de jornal no caminho para o estúdio.
Lizzy assentiu e decidiram pegar o ônibus no próximo ponto, pararam na banca de jornal e Charlotte foi escolher a revista. Enquanto isso, Elizabeth passava os olhos pelas notícias aleatoriamente, até uma em particular chamar-lhe a atenção.
A manchete de uma famosa revista de fofocas tinha como título:
"William Darcy e Caroline Bingley, o casal mais badalado está de volta?"
A capa estampava uma foto dos dois em alguma balada, visivelmente se beijando.
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Amor a um clique
RomanceUm jovem Darcy e uma sonhadora Elizabeth. Ambos se encontrarão na grande Metrópole; São Paulo, para trabalharem juntos em um estúdio de fotografia. Nessa releitura, as dificuldades impostas a esse amor serão outras; porém, não menos opressoras. Será...