Capítulo 6

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Aos poucos os pensamentos de Elizabeth foram sendo suavizados, as fotografias que olhava eram realmente belas. Havia alguns rostos conhecidos ali, da televisão, de filmes, entre outros. Alguns ela não reconheceu de imediato, mas imaginava que fossem de modelos famosos.

Ficou completamente entretida com o trabalho da Fotografia & Conceito, sabia que eles eram muito bons no ramo. Tanto que, parando para analisar, sentiu até um frio na espinha ao compreender o que o arrogante Darcy alegara há alguns dias. Minutos haviam se passado e Lizzy levantou a cabeça de supetão, o pescoço até doía levemente, devido a posição em que estava.

Quando virou para o lado instintivamente, notou que Darcy estava olhando fixamente para ela. De modo que, nem teve tempo de desviar o olhar, Elizabeth ruborizou na hora, percebendo que as bochechas dele também coraram e muito.

— O trabalho é realmente maravilhoso, não sei nem o que dizer. - Afirmou para quebrar o gelo.

Darcy apenas assentiu e virou para o notebook à frente, estava nitidamente desconfortável.

Às nove e quarenta ele informou que Elizabeth poderia fazer uma pausa para o café e contou sobre a máquina de expresso na copa.

Ela agradeceu e saiu porta afora.

O coração parecia querer saltar do peito, Lizzy não entendia aquelas sensações. Não compreendia porque Darcy despertava sentimentos tão confusos nela. Lembrou-se de surpreende-lo encarando-a e de sentir um frio na barriga quando fitou aqueles olhos tão azuis. Nunca havia se sentido assim, Elizabeth ainda guardava magoa pelo que ouvira anteriormente, mas a presença dele, a voz, os olhos, tudo em Darcy a atraia. Ela precisava entender o porquê daqueles sentimentos.

Encontrou Charlotte e William conversando descontraídamente e achou bem estranho, mas nada disse a respeito.

— Oi, Char, Oi William. - Cumprimentou com um sorriso, aproximando-se da máquina de capuccino.

— Oi, Lizzy. Preciso falar com você! - Disse puxando a amiga pela mão.

Então seguiram para o refeitório, onde alguns funcionários tomavam café tranquilamente.

— Amiga, você não sabe, a Sra. Catherine informou que será nossa mentora nesses trinta dias e William Darcy será o seu, por escolha própria. - Charlotte sussurrou para que ninguém ao redor ouça.

— Como assim, Char? - Perguntou confusa. - Ele me acha medíocre, no mínimo escolheu assim para me humilhar! - Exclamou com a voz alterada em seguida suspirou profundamente.

— Lizzy, não pensa assim, você é ótima. Darcy não faria algo desse tipo. - Charlotte tentou consolá-la.

Elizabeth, então, decidiu contar o que aconteceu no pouco tempo em que ficou com o seu mentor. Explicou as sensações contraditórias que estava sentindo e como seu estômago revirava toda vez que Darcy a olhava, ou quando ouvia sua voz.

— Lizzy, minha querida. Você está se apaixonando, ou está completamente atraída por ele. - ouviu em resposta.

Elizabeth voltou para a sala ainda mais aflita, tudo começava a fazer sentido. Nunca se apaixonara antes e não sabia quais eram os sintomas. Mas, por que tão rapidamente? Logo pelo chefe, mentor, ou sabe-se lá o que ele era. Lizzy sempre imaginou que se apaixonaria gradativamente, como quem cai no sono, igual Hazel Grace em "A culpa é das estrelas." Não repentinamente, ainda mais por alguém que a desprezava! "Céus, como você pôde, Elizabeth? ", a razão questionava; porém, o coração listaria alguns motivos incabíveis para justificar a atração.

— Elizabeth. - Darcy a chamou, fazendo com que recobrasse a consciência. - Tenho algo a lhe dizer, o diretor de uma das revistas com quem trabalhamos demonstrou interesse na sua irmã, Jane Bennet. - Anunciou sem parecer dar muita importância ao assunto. - Ele gostaria de fazer um teste com ela para o próximo catálogo que vamos fotografar.

— Como? - Elizabeth indagou surpresa.

— Isso mesmo que ouviu, Charles se interessou pelas fotografias que você tirou da sua irmã e acredita em algum tipo de potencial da parte dela, para modelo fotográfica. Então pediu para eu agendar uma reunião. - Explicou sem emoção.

Darcy não parecia nem um pouco à vontade ao repassar aquela informação. Aparentava estar dizendo a contragosto e continuava olhando os papéis em sua mesa, indiferente à presença de Elizabeth.

— Ok, vou comunicar Jane, mas não sei se ela poderá vir.

— Se recusar será a mais tola das criaturas. - Finalmente Darcy a encarou fixando os olhos azuis cristalinos nos castanhos de Elizabeth. - Essa é uma chance única para ela, tenho certeza de que não encontrará outra. Charles Bingley é um dos diretores mais renomados nesse ramo e não desperdiçará seu tempo correndo atrás de uma interiorana. - Finalizou e retornou ao que estava fazendo.

Elizabeth abriu e fechou a boca várias vezes, desejando contestar aquele comentário. Por fim, não encontrou palavras que não soassem como um insulto. Após respirar fundo várias vezes, concluiu que era melhor ignorar para o bem do seu trabalho.

Depois de alguns minutos, que mais pareceram horas, Darcy lhe dirigiu novamente a palavra:

— Teremos um ensaio após o almoço, quero que auxilie o fotógrafo no que for necessário, iluminação, preparo etc. - Informou chamando a atenção de Elizabeth.

— Ok. - respondeu sucinta.

Logo a hora do almoço chegou e Lizzy refletiu que não seria nada fácil conviver com àquele garoto. Ficou remoendo o que ouvira sobre Jane e achou inacreditável a capacidade de Darcy para comentários ofensivos. Decidiu que não gostava dele, de forma alguma, talvez uma leve atração física tenha surgido. Não poderia ser julgada por tal ato, quem não se sentiria atraída por aqueles olhos profundamente azuis, aquela boca naturalmente vermelha, a voz de veludo...

"Ah, que ódio! Por que ele tem que ser tão bonito? Não poderia ser vesgo, ou sei lá?", pensou e sorriu consigo mesma.

Era uma idiota, afinal.

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