Tudo estava escuro, até eu acordar na cama de um hospital. Eu me levantei, olhei para o lado direito, pude ver a claridade e distinguir que já era dia, olhei para o lado esquerdo e avistei Sammy sentado de braços cruzados, cabeça baixa, com o pescoço torto. Provavelmente estava dormindo.
Olhei para meus braços, não apenas senti mas também pude ver canos grudados por agulhas em minhas veias, escorrendo soro dentro delas, elas pingava vagarosamente. Meus braços também estavam com curativos e minha mão direita estava com uma grande faixa enrolada em volta, eu não conseguia fecha-la e quando tentava doía, era como se os pontos estivessem prestes a abrir.
Eu estava com uma roupa branca, no entanto estava me sentindo como se não estivesse com nada.
Meu corpo estava dolorido, minhas feridas se entre abriam com o movimento e liberava uma pequena dose de sangue acompanhada com uma dorsinha chata mas suportável. Minha cabeça estava leve, e os problemas ainda não tinham sidos processados pelo meu cérebro. Eu simplesmente estava dormindo acordado, até ouvir o meu nome.-ZEPHY!! - Ele veio em minha direção sem hesitar, me deu um abraço bem apertado, eu senti uma de suas lágrimas geladas manar sobre minha pele quente, eu pude desfrutar de seu amor mais uma vez, sua presença quente e aconchegante, sua respiração em meu pescoço.
Eu pensei que nunca mais iria sentir isso de novo.-Você está bem? -Sam me pergunta.
-Eu acho que sim!
Parece que tudo acabou...
-Meus olhos começaram a lacrimejar. Sam, foi tão horrível!! Eles nos pegaram, nos levaram para uma floresta, tiraram nossas roupas, cortaram nossas peles. Foi assustador.
Eles nos colocaram de frente um pro outro. Eu pude ver eles... -Eu não consegui prosseguir, eu podia escutar as vozes em meu ouvido, eles gritando "sua vadia", eu estava escutando nitidamente os gritos da vítima, seu rosto apareceu assim que meus olhos se fecharam, impedindo a escuridão profunda por alguns segundos, e logo me perguntei. Cadê ela? -Eu disse baixinho, fazendo com que Sam não entendesse nada.
Sam! Cadê ela?-Ela quem?
Logo meu pai entra pela porta e vem rapidamente com intenção de me ver.
-Pai. Cadê ela? - Eu fiz uma expressão de lamento e tristeza, ele veio em minha direção, Sam saiu do caminho, e meu querido pai deu-me um abraço apertado.
A dor das cicatrizes não importava mais. Eu estava segurou. E junto das pessoas que eu amava. Menos uma...
-Eu lamento filho. Os policiais procuraram e acharam o lugar do... - senti ele morder seus lábios e liberar uma raiva fundida com uma tristeza imensa, entretanto conseguiu canalizar seus sentimentos. Mas não encontraram nada!! Nenhuma pista! - papai não se segurou e começou a lagrimejar, e eu ainda mais.
Depois de muitas lágrimas derramadas sobre a cama e o chão branco do hospital, as enfermeiras me deram alta e enfim fomos para casa onde meu coração doía ainda mais. Cada cômodo da casa era uma fisgada jogada pela morte no órgão que bombeava o meu sangue. Mas era algo que eu tive que conviver. E era tão doloroso para mim quanto para meu pai.