Capítulo 13 - Ethan

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Minha cabeça pesa, como se um elefante a tivesse pisoteado, assim como em todo o meu corpo. Sinos tocam em minha mente, fazendo minha dor de cabeça só aumentar. Meu estômago revira e automaticamente arredo para o lado, chegando na beira da cama e colocando as últimas coisas que ingeri para fora. Me afasto do vômito, sentindo aquele cheiro horrível só me fazendo piorar. Viro o corpo para cima, tendo minhas costas apoiadas no colchão e percebo que estou no meu quarto. Quando eu vim parar aqui? Coloco o braço na frente dos olhos, tapando a claridade que vem da janela.

Alguns flashs da noite ontem vêm à minha cabeça. A última imagem nítida que tenho em minha mente é a de um túmulo. O túmulo dela. Há vinte anos ela inaugurou aquela cova, me deixando sozinho no mundo.

Depois disso, fui para um bar e bebi tudo o que consegui e mais um pouco. Me meti em confusões com os outros bêbados, peguei um taxi e fui pra casa. Maggie e Marina me vem à mente, mas não lembro de nada que aconteceu.

Só espero não ter feito nenhuma besteira.

Fico mais um tempo na cama, sem coragem alguma para sair dali.

Um tempo depois, decido me levantar para tomar algum remédio que cure minha ressaca.

Desço as escadas e ouço a risada da Marina. É uma pena que esse som tão lindo me cause tanta dor no momento.

Assim que chego à cozinha, elas param de falar quando me vêem, mas logo retomam o assunto, me ignorando sem nem ao menos me desejar um bom dia.

- Maggie, você pode, por favor, me dar um remédio para dor de cabeça? A minha está estourando. – Eu falo, encostando no balcão da cozinha e olhando para elas, que se entreolham. Estranho.

- Bem, eu não sou sua mãe, porque te daria o remédio? – E, dizendo isso, ela se levanta e sai da cozinha, me deixando de boca aberta.

- O que houve com ela? Acordou de mau humor? – Eu pergunto a Marina, esperando que ela esclareça o que acabou de acontecer aqui.

- Quem não acordaria, depois de ouvir todas as atrocidades que você disse ontem à noite? Ela ficou magoada com você. – Marina me olha furiosa e imediatamente sei que fiz uma merda das grandes ontem. É por isso que eu odeio beber!

- Por favor, Marina, me diz que eu não fiz muita merda ontem! – eu digo, com a esperança de que ela diga que não foi tão ruim, mas sei que, se a Maggie ficou chateada, eu fui um babaca de merda

- Infelizmente eu não posso dizer isso. Você foi um idiota, comigo e com ela. – Nesse momento, percebo toda a mágoa que está presente em seus olhos. – Eu estava morta de preocupação por você não ter voltado pra casa ainda e você chega bêbado e gritando comigo sobre coisas que eu não tive culpa. Maggie tentou consertar a situação, mas você gritou com ela também. Você foi muito cruel, Ethan. Não merecia nem que nós olhássemos na sua cara mais, mas eu quero jogar na sua cara o quanto você foi estúpido e merece uns bons tapas por isso.

- Me diga o que eu fiz, por favor. Eu não estava no comando do meu corpo, muito menos da minha boca. Me desculpe por qualquer coisa que eu tenha dito, por favor, Marina! – Eu exclamo, desesperado e esperando que ela perceba todo o arrependimento que estou sentindo no momento. Me sento na mesa à sua frente e seguro uma de suas mãos, reforçando meu pedido de desculpas. Não a solto e espero que ela comece a contar o que aconteceu.

- Bom, eu só conto se você me prometer que vai me explicar tudo o que falou e responder todas as minhas perguntas. – Eu reteso imediatamente, soltando sua mão com se estivesse pegando fogo.

- Eu não posso fazer isso, Marina. Tem coisas que eu não sei se estou preparado para contar para você.

- Então, nada feito. Vai ficar sem saber o que aconteceu. Do jeito que a Maggie está chateada, duvido que ela vá te contar alguma coisa. – Marina diz, se levantando da mesa. Ela sabia que tinha razão. Sabia, também, que eu não tinha opção se quisesse descobrir o que eu disse.

- Não, espera. Eu aceito sua condição, mas também tenho uma. Você não vai tentar tirar de mim mais do que eu estou disposto a contar. Nada de perguntas enxeridas, combinado? – Ela apenas assente e se senta novamente, começando a relatar os acontecimentos da noite passada  e eu me surpreendo com todas as besteiras que fiz.

- Você tem mesmo certeza de que eu disse isso para ela? – Marina balança a cabeça e eu levo minhas mãos à nuca, puxando os cabelos de lá em sinal de nervosismo.

- Eu disse que você foi um imbecil.

- Eu tenho que me desculpar urgentemente com ela. Maggie não mereceu ouvir aquilo, ela é, sim, como uma mãe para mim.

- Sim, eu concordo. Se desculpe e trate de fazer direito, mas, antes, quero que faça o que prometeu e me conte o que aconteceu com você no seu passado. – Marina me cobra e eu apenas balanço a cabeça, evitando contato visual com ela. Engulo em seco e puxo novamente meus cabelos, tentando não pirar com todas a memórias que vêm à minha mente.

- Não me interrompa, sim? Quero falar tudo de uma vez, ou não terei coragem de continuar caso pare.

- Tudo bem. Prometo não te interromper.

E então eu comecei a contar. A por pra fora todos, ou boa parte, dos meus demônios interiores.

***

FELIZ NATAL, LINDAS!! Eu desejo do fundo do meu coração tudo de melhor para todas vocês!! ♥♥♥

Imperfeito Mundo Encantado [COMPLETO] (Livro 1 - Duologia Encanto)Onde histórias criam vida. Descubra agora