Capítulo 22

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Eu sinto Ethan se remexer atrás de mim, mas o ignoro, ainda domada pelo sono. Ficamos acordados até as quatro da manhã em meio a novos beijos quentes e outros filmes e, considerando que lá fora ainda está escuro, não dormi nem duas horas

Ouço um gemido sôfrego ser emitido e imediatamente desperto, assustada.

Me sento em nossa cama improvisada e olho para ele. A pouca luz que vem da lua lá fora e passa pela janela me permite ver sua expressão sofrida enquanto ele se contorce no colchão.

- Não... Não... Mãe!... Não me deixa sozinho! - ele grita, ainda de olhos fechados, mas percebo seu rosto molhado de suor.

- Ethan! Acorda, é só um pesadelo! - Eu digo enquanto o sacudo pelos ombros, mas parece não funcionar.

- Não, não me bate! Para! Mamãe, me ajuda! - Agora é a vez de lágrimas grossas e sofridas saírem de seus olhos, completando seu sofrimento.

- Mamãe, não deixa ele fazer isso comigo! Por favor, mamãe! Ele é um monstro!

Eu subo em cima dele, me sentando em sua barriga, enquanto o sacudo desesperada.

- Ethan, por favor, acorda! Acorda, querido, é só um pesadelo! - Eu seguro seu rosto, dando tapinhas leves em suas bochechas.

Parece funcionar, pois ele abre os olhos, assustado. Saio de cima dele enquanto se senta sobressaltado, olhando para todos os lados em busca do que imagino ser seu agressor no pesadelo.

Ele mira suas íris assustadas em mim e leva suas mãos ao rosto, exasperado. Me aproximo devagar e toco seu ombro, sentindo seu corpo tenso.

Suas mãos vão para seus cabelos, molhados pelo suor, enquanto ele fecha os olhos, respirando fundo antes de me olhar novamente.

- Ethan, está tudo bem? - chego mais perto dele, cautelosa.

Ele balança a cabeça em negativa, fitando o teto em seguida.

- Eu tenho esses pesadelos desde a morte da minha mãe. Não queria que você visse isso.

- Eu não me importo com isso, deixa de besteira. - me deito no colchão, olhando fixamente pra ele - Vem aqui. - Estico minha mão em sua direção, chamando-o para se deitar comigo.

Ele hesita por alguns instantes, mas logo se deita e eu o puxo para mim.

Sua cabeça repousa sobre meu peito e ele me abraça da melhor forma que a posição permite, enquanto acaricio seus cabelos.

- Você quer converar sobre isso? - Ele nega - Sabe, se ficar guardando tudo para você sempre, uma hora tudo irá explodir.

- Eu sei, mas agora eu só quero dormir. Por favor, não me faça falar agora. - Nesse momento, eu enxergo apenas uma criança indefesa de 5 anos sem ninguém para lhe defender.

E eu anseio, mais do que nunca, poder ser a pessoa que lhe protegerá.
Apenas assinto com a cabeça, continuando a acariciar seu cabelo e rosto, enquanto sinto seu aperto mais intenso e vejo seus olhos se fechando.

Minutos depois, sinto seu corpo relaxar e seu abraço afrouxar. Contínuo com meus carinhos e me lembro de como eu fazia com Mel quando ela era pequena.

Ela sempre odiou bichos, principalmente insetos. O problema é que sempre amou andar pelos jardins do castelo e, quase todas as vezes que andava por lá, encontrava algum bichinho escondido em meio às folhas e voltava correndo pra onde eu estivesse.

Sempre fomos muito ligadas e, graças a essa ligação, eu já aturei centenas de surtos seus e sempre nos deitávamos na cama e eu mexia no seu cabelo até que ela dormisse.

Imperfeito Mundo Encantado [COMPLETO] (Livro 1 - Duologia Encanto)Onde histórias criam vida. Descubra agora