Imperfeito Mundo Encantado [COMPLETO] (Livro 1 - Duologia Encanto)

Extra 1

O palácio nunca estivera tão melancólico antes.

A rainha não levanta mais da cama, a princesinha largou suas aulas extracurriculares e passa seu tempo livre trancada no quarto, o príncipe perdeu o brilho em seus olhos e o rei... Ah, o rei. Já não é como antes.

Agora que sua sucessora sumiu, sem deixar rastros, tudo está um caos.

A nobreza, juntamente com Congresso Nacional, o pressiona para que comece a preparar o Principe Michael para o suceder, e, embora já tivesse começado a preparar-lo, ainda não perdeu as esperanças de encontrar sua garotinha.

Na noite do tão esperado baile, e também o aniversário de sua primogênita, acordou com um aperto no coração, mas ignorou.

Assim que a filha ia sair para o salão, a apertou em seus braços, dando também um beijo no topo de sua cabeça, como se em despedida. À noite, andava de um lado para o outro em frente às portas por onde sua filha chegaria e ele a conduziria até o salão principal e aconteceria a primeira valsa.

Após 20 minutos de atraso, entretanto, mandou que verificassem o paradeiro de sua filha. Afinal, Derek sempre foi um motorista mais pontual que o próprio rei. Deve ter sido algum problema com o salão, pensou.

Mas, ao ver seu chefe de segurança se aproximando com feições nada boas, soube que algo de muito errado estava acontecendo.

-Senhor, a gerente do salão de beleza nos informou que a Princesa Marina saiu de lá há mais de meia hora. Pedi a meus homens que pegassem as imagens das câmeras de segurança pela cidade. Logo trarei notícias, Majestade.

E as trouxe.

Seria melhor se não o fizesse.

Viu seu carro sendo tomado e sua menininha sendo levada. A placa do carro abandonado foi a primeira grande esperança do rei, que agora nada mais era que um frágil pai preocupado e sofrendo por sua filha.

Ao pesquisarem, descobriram que a placa era de um velho automóvel datado de 1974, pertencente a Harry Chad O'Courton, dono de uma pequena fazenda no interior da Escócia... E que morreu há 6 anos, junto com toda a família (mulher e dois filhos), em um incêndio na fazenda. Como não tinham parentes próximos, a carro parcialmente queimado foi dado a um ferro velho, mas teve sua placa clonada.

E aí se foi a grande chance do rei de encontrar sua filha. As filmagens foram se confundindo à medida que o carro rodava pela cidade e chegou uma hora em que uma câmera estava estragada e perderam tudo.

Menos outra chance.

Mas ele não ia desistir.

Mesmo após um mês ter se passado, tinha fé de que sua filha voltaria. Ele a encontraria e mataria com as próprias mãos o mandante e todos os comparsas do rapto. Um por um.

Faria com que eles sentissem na pele o que ele e sua família estavam sentindo no peito, ou não se chamava Alexander Carter Lancaster II.

A rainha, por outro lado, não queria vingança. Somente sua filha em sues braços novamente. Só assim voltaria a ficar bem. Suas forças haviam acabado no dia que tudo aconteceu. Assim que um segurança a buscou no salão e a conduziu para fora, assim como seus filhos, soube que algo ruim acontecera. Afinal, convivera com um aperto no peito durante todo o dia. Não devia tê-lo ignorado.

- Kiara... - seu marido se pronunciou, a voz melancólica.

- O que aconteceu, Alex? - O medo da resposta a tomou, mas não pode evitar fazer a pergunta.

- Nossa filha... A Marina, ela... - Pausou e engoliu em seco. Afinal, uma notícia dessas não é fácil de se dar, principalmente à uma mãe - Ela foi raptada, Kiara. – A rainha levou as mãos a boca e as lágrimas desceram desenfreadas por seu rosto. A visão ficou turva e a escuridão veio.

À partir daí, só ficava na cama e se levantava somente quando seu marido a levava ao banheiro para suas necessidades, embora fosse a contra gosto. Acima de tudo, entretanto, mantinha firme em sua mente a ideia de que precisava se manter forte para que, quando sua filha retornasse - e ela haveria de retornar! - pudesse agarrá-la em seus braços e não mais soltar. Nunca mais.