Capítulo 9 - Ethan

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Adentro minha casa e encontro Maggie tirando a poeira da televisão. Assim que me vê, larga o espanador e vem me abraçar.


- Ethan, querido, finalmente lembrou que tem casa? Você está bem? Fiquei tão preocupada. E está tão magro, coitado. Vem, vou fazer uma comidinha caseira pra você comer, aposto que só comeu besteira nesses dias longe daqui. – Ela começa a falar, como uma mãe que não vê os filhos há dias, e me puxa até a cozinha, colocando-me sentado numa cadeira e começando a cozinhar.

- Eu estou muito bem, Meg, obrigado. Como foram os dias enquanto estive fora? – Ela começa a falar sobre o que aconteceu durante mais de dois meses fora, inclusive algumas fofocas dos vizinhos que não estou interessado em saber. Me serve uma tapioca de frango e suco de laranja, e quase fecho os olhos ao sentir o sabor de seu tempero novamente.

- Meg, quero que arrume o quarto de visitas. Receberemos alguém essa noite. Quero que lave as cortinas e compre produtos de higiene pessoal feminina e algumas roupas do tamanho P e M discretas, não quero nada chamativo demais. - Seus olhos brilham em expectativa e já sei no que ela está pensando - E nada de tocar no assunto casamento com a garota. Ela é só uma protegida. Entendido?

- Sim, eu entendi. E por quanto tempo ela ficará aqui?

- Não sei. Algumas semanas, talvez. Mas não quero que fale nada sobre ela com ninguém, entendeu? Finja que só tem você e eu aqui dentro. – Ela assente e eu me levanto após terminar de comer, decidido a terminar de planejar tudo.

***

O relógio marca 01:55 da manhã. O carro com placa roubada que peguei de um conhecido está parado em baixo de uma árvore, que o esconde com sua sombra.

Não posso entrar ainda, pois sei que as câmeras de segurança só se desligarão às 2hrs em ponto. Saio do carro assim que dá o horário, puxando a máscara preta para tampar meu rosto e colocando as luvas para acabar com as possíveis digitais deixadas. Deixo minha arma com fácil acesso para o caso de algo dar errado. Puxo o molho de chaves do bolso e abro o portão, logo abrindo também a porta da frente. Como imaginei, na sala, Jenny está caída no sofá enquanto dois seguranças estão no chão, inconscientes. Tudo isso devido ao sonífero que pedi que Jenny colocasse na comida. Ela também tomou, pois não podia simplesmente ficar consciente sem que sobrasse para ela quando todos acordassem.

Para quem vê de longe, foi alguém de fora que colocou algo na comida sem ninguém ver.

Subo as escadas com cuidado para não fazer barulho e revisto todo o corredor à procura de alguém ainda acordado, mas nada. Pesco a chave do meu bolso e sigo até a porta no final do corredor.

Ao abrir, a encontro deitado no meio da cama, encolhida, e também inconsciente devido ao sonífero. Achei melhor assim, pois evitaria possíveis gritos. Porém, quando vou pegá-la, percebo uma algema em seus pulsos.

- Merda! Isso não estava nos meus planos. - balbucio baixo, revirando todo o quarto à procura da chave, mas é óbvio que ela não estaria ali. Então, passo por todos os outros quartos até chegar na sala, onde a encontro no bolso de Jenny. Muito melhor do que ter que pegá-la, por exemplo, na calça de algum cara.Subo as escadas às pressas, temendo que algum deles acorde.

Abro as algemas e guardo no bolso, junto com a chave, para o caso de precisar. Tiro meu casaco e envolvo seu corpo, pois a madrugada está fria. Então, a pego no colo e a tiro daquela casa, horas antes do que seria a sua morte.  

Imperfeito Mundo Encantado [COMPLETO] (Livro 1 - Duologia Encanto)Onde histórias criam vida. Descubra agora