Imperfeito Mundo Encantado [COMPLETO] (Livro 1 - Duologia Encanto)

Capítulo 19

Minha cabeça começa a doer e meus olhos a arder.

Já se passava das onze da noite e Ethan não havia chegado.

Eu estava o esperando para conversar seriamente com ele.

Após muito pensar durante o dia, decidi que perguntaria diretamente a ele sobre seus sentimentos. Cheguei à conclusão que não consigo ficar mais nem um dia sem saber a resposta, principalmente depois da conversa com Maggie em que ela disse que ele está se apaixonando por mim.

Caio no sono alguns minutos depois, sendo despertada pelo barulho de chaves na porta e logo ela se abre, me supreendendo com o que acontece.

O corpo grande de Ethan irrompe pela abertura e vai ao chão, me fazendo correr até ele.

Ele fede a bebida e sangra em algumas partes do corpo, elevando minha preocupação. Uso toda a minha força para empurrá-lo para dentro e tranco a porta.

Grito por Maggie e, pouco depois, ela vem em seus trajes de dormir, e, com sua ajuda e um pouco de cooperação do marmanjo, o levamos para o seu quarto, no andar de cima. Maggie busca remédios para dor e panos limpos e curativos e cuidamos das suas feridas.

Tiro sua camisa, já quase em pedaços, com cuidado para não machucá-lo ainda mais e também seus sapatos e meias.

Sua boca murmura palavras que não fazem sentido algum enquanto cuidamos dele e, após dar os remédios e tirar sua calça, Maggie sai do quarto, após dar muitas recomendações.

Sorrio da sua preocupação e observo o grande corpo na cama.

Me aproximo para cobri-lo, pois está só de cueca e a noite está fria, e quando estou me afastando ele segura minha mão e sussurra para que eu fique com ele, com a voz ainda fraca.

Tento argumentar, mas não tenho escolha, principalmente por meu coração mole estar com tanta dó dele, e me deito ao seu lado, acariciando seus cabelos até ele dormir.

Logo, também me entreguei ao sono, parando de pensar na questão que mais me preocupava: qual o motivo de ele estar nessa situação?

*

Acordo com uma movimentação na cama. Ethan acordou e está sentado na cama, com as mãos à cabeça. Provavelmente está com dor de cabeça, reflexo da bebedeira de ontem.

- Porra... - murmura com uma voz rouca que me faz arrepiar.

Isso é normal?

- É melhor ficar quieto ou só vai piorar. - só então ele nota minha presença ali e se assusta, dando um pequeno pulo que me faz rir.

- O que você ta fazendo aqui?

- Bem, digamos que o seu eu bêbado me implorou para que eu passasse a noite aqui com ele. - isso é verdade? Não. Ele precisa saber? Também não. Eu só tenho que torcer para que ele não se lembre de nada.

Um sorriso de lado brota em seus lábios e quase me derreto por ele.

- Então meu eu bêbado tem bom gosto, Princesa. - E, pelo jeito, o apelido pegou e... Pera aí. Eu ouvi direito? Isso foi quase uma cantada ou é impressão minha? Bom, já é um passo. Não respondo nada, apenas sorrio e ele me olha, ainda letárgico demais devido ao sono e à ressaca.

Ao lado da cama há um pequeno comprimido e um copo de água, que em pouco tempo Ethan engole. Ele vai até o banheiro e enquanto toma banho volto ao meu quarto para me trocar e escovar os dentes.

De volta ao seu quarto, o encontro sentado na cama apenas de bermuda, com a cabeça entre as mãos.

- Você está bem?

- Vou ficar. O que quer aqui?

- Conversar com você. É um assunto sério.

- Tem que ser agora? - seus olhos se encontram com os meus e percebo cansaço neles. Mas, infelizmente, eu não poderia deixar o assunto para outra hora, ou não teria mais coragem. Então apenas assinto e me sento ao seu lado, cruzando minhas pernas em baixo de mim.

- Eu quero que seja franco, pode ser? - ele assente e eu reúno mais coragem para prosseguir.

- Você sente alguma coisa por mim, e não negue! - seu olhar fica mais curioso, querendo saber onde eu quero chegar - Qual a dimensão desse sentimento? O que ele é? Porque eu, sinceramente, não entendo. Você me sequestrou, me salvou, dormiu comigo e, depois brigou comigo e me deu presentes. Eu não te entendo, de verdade. E eu preciso saber, porque eu nunca estive tão próxima de um homem em toda a minha vida e também nunca senti nada assim por ninguém e... - paro de falar quando ele se levanta e fica na minha frente, agarrando meu rosto e colando nossos lábios, logo invadindo minha boca com sua língua faminta.

Surpresa, correspondo, sem saber ao certo o que o levou a fazer isso, mas não me interessa no momento. Só quero aproveitar mais dos seus lábios e a sensação que eles me causam. Suas mãos vão para minha cintura e a circundam, levantando-me para diminuir nossa diferença de altura.

Deus, ele sabe bem o que está fazendo!

- Por que fez isso? - Pergunto assim que perco o fôlego e separo nossos lábios, fazendo os seus irem para o meu pescoço, chupando e mordendo maravilhosamente bem.

Meu corpo arrepia-se todo e puxo os cabelos da sua nuca, fazendo-lhe soltar um grunhido.

E ele para.

Encosta sua testa em meu ombro e respira fundo.

- Eu não posso. - Essas três palavras fazem meu coração murchar automaticamente. Não posso acreditar que ele me beijou desse jeito para depois me dar um pé na bunda.

Levanta a cabeça e quando seus olhos se fixam nos meus tenho vontade de abraçá-lo e apertá-lo até que toda a confusão que vejo neles passe.

Até que todos os nossos problemas se resolvam e nós possamos ficar em paz e, talvez, juntos.

Mas pelo visto não é o que ele quer, pelo que ele falou agora a pouco.

- Eu simplesmente não posso e nem consigo mais ficar longe de você, Marina. - Suas mãos que estão em minha cintura vão me empurrando para a cama e logo caímos nela, ele em cima de mim, seus braços sustentando seu peso - Minhas mãos querem te tocar a todo instante, minha boca só deseja te beijar, minha mente não sai de você e meu pau palpita querendo se enterrar em você. Eu nunca pensei que iria me sentir assim algum dia. Eu nunca quis sentir isso. Eu sequer mereço sentir isso. E eu não sei que sentimento é esse, e nem o que fazer com ele, porque um cara tão estragado como eu não merece uma garota sensacional como você.

Após sua declaração apaixonada, eu só penso em pegar rosto em minhas mãos e selar nossos lábios e é isso que faço. Nossos lábios se chocam novamente, dessa vez com mais vontade, e voltamos a fazer o que fazíamos alguns minutos atrás, mas agora eu tenho a certeza de que ele sente o mesmo que eu.