Capítulo 6

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Antes
Nova York, 23 de dezembro de 2005

Enquanto caminhavam pelas ruas movimentadas da cidade, Dinah olhou para o relógio e viu que eram quase 16h. Ela começou a fazer alguns cálculos mentais. A que horas o serviço postal fechava? Quantas pessoas já deviam estar na fila? Quanto tempo levaria para retornar ao apartamento e pegar os presentes embrulhados?

Por fim, Dinah simplesmente começou a se perguntar quanto dinheiro tinha em sua conta corrente.

Ela precisava saber, afinal desconfiava que não iria conseguir chegar à agência para enviar os presentes de seus familiares. Havia perdido a noção do tempo com Normani; além disso, não havia nem comprado algo para seu sobrinho ainda. Então aparentemente ela gastaria muito dinheiro para enviar no dia seguinte e conseguir um serviço de entrega no dia de Natal. Se é que houvesse algo do tipo.

Por algum motivo, no entanto, aquilo não a incomodava tanto quanto ela esperaria. O preço parecia valer a pena já que aquilo permitiria que ela passasse mais tempo com Normani Kordei. Após a cena desagradável como ex dela, seguida por aquele beijo fantástico no elevador, ela não ia simplesmente dizer prazer em conhecê-la e ir embora. As tarefas podiam esperar. Além do mais, se o ruim ficasse pior, ela sempre poderia enviar vale-presente no dia seguinte. Umas 25 pratas de crédito no site da Amazon iriam fazer até mesmo sua irmã caçula endiabrada dar gritinhos de alegria; ela era muito fã daqueles romances para adolescentes.

Com um plano de contingência em vigor, ela se permitiu se esquecer de todo o restante: passar os feriados longe da família pela primeira vez na vida. O emprego que estaria começando na semana seguinte. O telefonema tenso que tinha recebido do pai na semana anterior. E que certamente seria repetido no dia de Natal, quando a conversa se desviaria do recheio delicioso do peru de Natal da mamãe para a mesma velha pergunta: Quando você vai largar esse estilo de vida errante e voltar para casa para trabalhar na empresa à qual pertence?

Deus do céu. Ela mal podia esperar. Até parece.

Então uma tarde com uma bela jovem, cujos olhos castanhos com salpicos dourados de fato cintilavam quando ela olhava maravilhada para a neve delicada caindo, soava uma ótima ideia para Dinah.

A melhor que ela tivera em eras, sendo que a última fora depois da formatura em Illinois, quando ela resolvera vir passar um tempo em Nova York em vez de ir para casa para trabalhar para a Elite Construction. Ela não se arrependia de tal decisão. Especialmente hoje. Hoje, Dinah estava muito feliz por estar exatamente onde estava.

– Quer que eu carregue isto? – perguntou ela enquanto serpenteavam pela rua, desviando dos vendedores de rua e compradores apressados.

Normani olhou para a caixinha amassada, contendo seu presente quebrado enviado pelo irmão. Ela ainda estava com o objeto aninhando ao peito. De vez em quando, um tilintar característico de vidro quebrado vinha lá de dentro. E em todas as vezes ela se encolhia.

Dinah cerrava as mãos em reflexo toda vez que notava a mágoa dela. Ela devia ter nocauteado o ex idiota dela.

– Você está bem? – perguntou ela, parando no meio de uma calçada, atraindo olhares de uma dúzia de pessoas que passaram por elas.

Ela assentiu.

– Estou bem, de verdade. Obrigada pela oferta, mas preciso segurar isto aqui mais um pouquinho.

Normani provavelmente iria querer encontrar um lugar tranquilo onde pudesse abrir seu presente, mas isso não ia acontecer ali.

Segurando o braço dela, já que estavam quase embarreirados por um corretor berrando ao celular, ela a guiou pela Broadway. Manhattan durante a época de Natal era um mundo de cores loucas, sons e multidões, e aquela região parecia o coração de tudo. Podia até não ter todas as vitrines chiques da Park Avenue ou da Fifth Avenue, com seus mostruários elegantes que pingavam joias e roupas de grife caríssimas. Mas tinha um milhão de lojinhas de eletrônicos com enormes letreiros de liquidação em suas vitrines, lojas bregas para turistas, artistas de rua, camelôs, equipes de filmagem e vendedores vendendo de tudo, desde cachecóis a cachorros-quentes.

The Emotions - Norminah (Dinah G!¡P)Onde histórias criam vida. Descubra agora