Capítulo 8

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Antes
Nova York, 24 de dezembro de 2005

Embora Dinah tivesse desejado que Normani tivesse chamado a polícia logo depois de Stefan sair, ela sentira o desespero dela para sair do apartamento. Ela não queria simplesmente sair, ela precisava sair. Dinah desconfiava que o lugar de repente parecesse contaminado para ela, e teve de se perguntar quanto tempo levaria até ela se sentir segura ali outra vez.

Isso definitivamente não iria acontecer até a troca das fechaduras. E de jeito nenhum que ela iria ficar sozinha lá até então.

Então, depois de Normani jogar algumas coisas em uma mala, elas seguiram para o apartamento de Dinah.

Após uma caminhada curta até a caminhonete, e um longo tempo dirigindo para fora de Manhattan, elas chegaram ao Brooklyn. Cada quilômetro percorrido colocava aquela cena horrível no passado, e Dinah finalmente foi capaz de começar a limpar sua mente das imagens do que poderia ter acontecido se ela não tivesse aparecido no instante em que o fez.

E ideia em si a deixava enjoada. E ela sentia a violência crescer dentro de si só de pensar no nome de Stefan.

Mas agora era hora de pensar em outra coisa. Ter certeza de que Normani estava bem e se sentia segura, por exemplo. Se perguntar o que havia acontecido na vida dela nas últimas 12 horas.

Não, ela deixaria para pensar nisso no dia seguinte.

– Cá estamos – disse Dinah quando encostou diante da casinha alugada onde morava. Olhando dali não era grande coisa, mas era o lugarzinho dela, um lugar que ninguém a havia ajudado a conseguir.

Ela não amava aquela localização, mas adorava a sensação de não dever nada a ninguém.

Especialmente ao pai.

– Não consigo expressar o quanto eu…

– Esqueça – disse Dinah, acenando para dispensar o agradecimento. Provavelmente era o vigésimo desde que tinham deixado o apartamento dela.

Virando-se para alcançar o pequeno compartimento traseiro na caminhonete, Dinah pegou a malinha de Normani e a bolsa com a câmera, então saiu, contornando o carro para abrir a porta para ela. Normani não esperou, pulando fora antes mesmo de Dinah contornar o para-choques.

– Que casinha linda!

Dinah ergueu uma sobrancelha.

– Sério?

– Claro. Você tem um jardim e tudo o mais. Você não sabe o quanto sinto falta de churrascos no quintal durante o verão.

– O último inquilino deixou uma churrasqueira aqui. Talvez eu faça alguns hambúrgueres amanhã.

Ela riu.

– Na neve?

– Você chama isso de neve? Ih. Há invernos bem piores do que esse. Se não tiver vivenciado aqueles com nevascas de 48 horas, você não sabe o que é neve de verdade.

– Eu vivenciei – disse ela. – Cresci em Chicago.

Chocado, Dinah quase tropeçou.

– Sério?

A mulher que ela tinha começado a suspeitar ser a mulher de seus sonhos havia crescido na mesma cidade, e Dinah nunca ficara sabendo da existência dela? Aquilo parecia errado em algum nível cósmico.

– Aham. E só de pensar naquele inverno cheio de vento eu lembro por que nunca vou voltar.

O coração dela se apertou um pouco diante daquela confissão, mas ela afastou a decepção.

The Emotions - Norminah (Dinah G!¡P)Onde histórias criam vida. Descubra agora