... "Apenas um sonho".
Medo.
Tenho medo. Me derramo em pranto. O que há comigo? O que deve ser isso? Por que ele me assombra? Tantas perguntas ao acaso, quem vai me entender? Quem vai me ouvir? Vão achar que estou ficando louco, talvez eu esteja, penso.
Naquele momento não sei o que dizer, meus filhos e minha esposa me olham como se eu fosse um neném que acaba de ter um pesadelo, e que a mãe vem pra ajudar — apesar de muitas vezes ter acontecido isso quando morava com minha mãe, era vagamente: três dias na semana que ela vinha me consolar. Sempre fui meio chorão, mas as palavras de consolo de mamãe vinha ao meu encontro e me acalmavam. Me perco nas contas de quantas e quantas vezes mamãe vinha me ajudar. Ela era tudo pra mim, tão importante, tão adorável.
"Minha mãe", disse em pensamentos, "eu quero minha mãe", acompanhada com uma dose de "está tudo bem" e pra completar uma porção de "mamãe está aqui".
Me vi naquele momento como uma criança embrulhada no cobertor. Estou cansado, e não sei por quê . Mais uma vez, sinto que vou dormir profundamente...
— Vamos crianças, deixe seu Pai descasar — diz Nick.
Sairam do quarto e mais uma vez durmo.
Dessa vez eles vão ver, vou ser o melhor, o melhor mesmo, vão comer poêira, vão dizer quem é o melhor daqui: "John é o melhor". GIL e Lucy, verão que, apesar desse menino magrelo e pequeno que sou... Vou sair campeão — ou melhor, um vencedor das balas.
— Estão prontos? — Gil pergunta.
— Com certeza! — confirma Lucy.
— E você, Jonh?!
— Como nunca! — respondo convicto.
— Vai ser o seguinte: vamos correr até à caixa de correios do Sr. Mackemblary, nada de empurrões ou chutes, o primeiro que chegar vai ficar com todas as balas. Ok?
— Por que você sempre diz isso? Já fazemos isso há muito tempo. Já sabemos. — Lucy empurra-o.
Dessa vez não posso perder! Essas balas tem meu nome escrito nelas (nem tanto), andei treinando e cada xupada vai valer a pena. Se preparem meus amigos porque dessa vez eu vou ganhá-las.
— Combinado... — digo me preparando.
— Certo — confirma Lucy.
— Então vamos. Fiquem na fila. Quando eu contar até três. Um,.. Dois,.. Três!
Foi dada a largada, à distância até a casa do Sr. Mackemblary ficava a uns 200 metros, normalmente aquilo era uma de nossas mais queridas brincadeiras, assim como ficar olhando para as nuvens e imaginar personagens de TV e vendo qual era a melhor, e também ver quem conseguia arremessar a lata de lixo mais longe — é claro que isso nos causou alguns insultos por parte dos vizinhos, que metidos, não podemos nem pegar suas latas por um instante?
Contudo, essa era a mais consagrada: "A corrida das balas" — O nome é horrível, mas não nos culpe, não tínhamos nada melhor em mente.
Corremos em disparada até a caixa de correios do Sr.Mackemblary. O melhor dessa brincadeira, era o vento que sentia ao correr. As belas árvores, o vento, os amigos, os sorrisos, o suor que descia em nossos rostos. Tudo era muito bom.
Dessa vez posso sentir que vou ganhar, estou à poucos metros da vitória. Vai ser agora que John vai sair vencedor. Mas quando viro o rosto para o lado, vejo uma explosão de cachos negros, passando por mim com facilidade. Fiquei por pouco de ganhar, mas dessa vez (de muitas) foi Lucy ganhou (novamente).
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Você tem medo?
Fantastique*Livro concluído* "A leitura poderia fazer os seres humanos, seres menos ignorantes." Seus gritos e seu medo me alimentam. Não fuja de mim, filhinho, só quero que me entenda. Não sou tão egoísta, só quero ver um pouco de seu sofrimento. Sua dor. Se...
