14 - "... O mal não tarda em vir."

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E tudo que posso ver são os olhos de fogo da menina das sombras...

— Acorda, Marie... o mal não tarda em vir!

Posso ouvir a voz meiga e suave da menina das sombras em minha cabeça, parece que me avisa de algum mal, que mal seria esse? " O mal não tarda em vir..."

Estou deitada ainda de olhos fechados, acho que foi tudo um sonho, a cama suave que sinto ao passar minhas mãos confirma isso. "O mal não tarda em vir", não quero saber, meu corpo dói, e o que quero é descansar em minha cama...

— Eu disse pra você acordar! – escuto o grito da menina, e abro os olhos as pressas.

Não estou na minha cama, muito menos em casa. Olho em todas as direções do quarto, desconheço o local. Nunca estive aqui, não que me lembre, aliás, nunca iria querer estar nesse lugar! No quarto está tudo muito escuro, apenas uma luz do luar que vem da janela entreaberta, ilumina um pouco o quarto. Sento-me na cama, olho para minhas agora, novas roupas, estou usando um vestido branco quase amarelo. Tento levantar, mas sinto meu corpo pesar, pulseram um elefante em cima de mim! – penso, enquanto passo as mãos nas minhas costas. Olho para todo o quarto em busca de alguma resposta, alguma saída, não consigo ver nada direito por causa da pouca luz, só as paredes de madeira.

Decido tentar abrir à janela em busca de mais luz, ou até mesmo um modo de sair daquele lugar. Dou meus passos lentos, como se estivesse com medo de acordar algo, talvez o "mal" que a menina disse. Vou andando em direção à janela – uma janela grande de madeira que parece que está podre. Vou me aproximando com uma das mãos esticada para frente – só pra garantir.

Encosto minha mão na fria madeira da janela. Tento abri-la, mas está presa – não vai ser nada fácil. Forço mais uma vez com força que tira sem querer um gemido de mim, Urrg, queria ter super força!  Tento mais uma vez, forçando ainda mais meus músculos, fazendo-me suar. Os resultados dão certo, a janela se abre, batendo fortemente contra a parede.

Nesse momento escuto um grande rugido, um grande rugido de uma criatura! Um grande frio invade minha barriga, minhas pernas tremem, e meu coração faz além da conta o seu papel. Fico com meus olhos em todas as direções. O que quer seja, não quero estar aqui pra descobrir!

Olho para a janela agora aberta, e vejo que me encontro em uma altura de um prédio de três andares, – por ali que não vou sair. Olho para o ambiente que cerca o casarão – casa, casarão, seja lá o que for isso. Árvores sem suas folhas, com seus galhos secos e podres, parecem que veio do mais sombrio lugar para enfeitar isso aqui. A lua está coberta por algumas nuvens, forçando sua luz, fazendo com que o local em que eu estou fique ainda mais escuro e sombrio.

Desisto da janela. Agora com a pouca luz que entrou no quarto posso ver melhor às coisas: uma cadeira ao lado da grande cama em que eu estava deitada, com seu tapete cor de sangue no chão, um criado-mudo, com suas madeiras caindo aos pedaços, um baú antigo com uns símbolos japonês e um grande lustre no teto – que tipo de pessoa mora nesse lugar? Uma bem velha. Não importa só queria saber... COMO VIM PARAR AQUI?! Apenas lembro-me que estava na loja, e... GG! Talvez seja uma brincadeira dele, se for está fazendo muito bem, estou me tremendo de medo. "Respire, respire" - é o que eu digo a mim mesma tentando me acalmar. A primeira coisa que devo fazer é procurar algo pra me defender, talvez no baú ou no criado-mudo possa ter alguma coisa.

Procuro abrir o baú, mas pelo meu azar está trancado – é um cárma. O que me resta é tentar no criado-mudo. Me aproximo do próprio, e puxo à única gaveta que lá continha.

— Bingo! – digo, quase em um sussurro, não é uma boa idéia falar alto, não com aquilo que está à solta aqui dentro. Dentro da gaveta tinha uma chave que acredito que seja do baú, e embaixo da chave tinha uma foto. Não posso ver direito quem é, mas parece um homem, ele está saido as pressas de um beco com suas mãos no palitó, e o seu rosto é familiar... muito familiar...

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