23 - 5 Dias no Paraíso.

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Tivemos nossos primeiros protótipos da droga V4b. Todos estavam animados com os testes. Tinham muita fé que ia dar certo, porém... Experiências, de alguma maneira, são para ganhar experiência.

Passos se aproximam da porta - está na hora. Estou olhando para a caixinha de música que toca uma música de niná bem lenta. Bato meus dedos na mesa, estou muito ansioso. 5 Dias no Paraíso. Quero que tudo isso dê certo.

Ouço batidas na porta. Olho para o relógio que estava acima de minha cama. O relógio marca 21h21m - faltando exatamente 1 hora e 39 minutos para ser testada a droga – que depois de muitos testes e fracassos chegamos a um sucesso.

O pojeto V4b foi testado em muitas cobaias, levando a muitas alterações e com isso precisamos exterminar qualquer falha do projeto. Menos nosso primeiro teste. O teste que levou meu companheiro a uma forma esquisita assim como seus comportamentos. Hale. Não sei se naquele dia que ele me pediu pra fazer tamanha coisa, ele imaginaria que vidraria uma criatura totalmente deformada e monstruosa que ele é hoje. Além de que com isso ele passou a não gesticular as coisas bem. Seu cérebro se tornou o de uma criança – propriamente dita. Tivemos que trancá-lo em uma jaula, pois sua forma assusta cada pessoa que trabalha aqui. Ainda não o matamos por consideração ao grande homem que ele foi. Ainda fico pensando naquele dia que ele me pediu isso, fico pensando que talvez fosse puro egoísmo dele ser o primeiro a testar a droga, ou... Que realmente seus pesadelos e lembranças fossem piores que de qualquer de nós – temos a opção que ele foi corajoso, ou a que ele foi muito burro. Mas depois dos erros daquele dia, pudemos aprofundar ainda mais no projeto. Testando novas fórmulas, procurando acertar e diminuir os erros a cada teste em cobaias. Foram muitos testes; foram muitas mortes.

Cobaias que ninguém notaria que elas sumissem; muitos mendigos, e pessoas do subúrbio de Nova York que não tinha nem ao menos uma refeição digna por dia – o que é mais fácil nisso tudo, é que só basta dizer que vai levá-los pra um lugar que haverá comida... Eles não pensam duas vezes. E é claro que ele comiam muito bem em toda a viagem para cá – uma pequena ilha longe de tudo, tivemos que gastar milhões nesse pequeno território para compormos nosso grupo de trabalho. Nosso passageiros ficavam a vontade. Muitas vezes vi o brilho nos olhos daquelas pessoas sujas, vi o brilho de agradecimento em cada olhar. Pessoas que não tem mais o "porquê" da vida. Vivem ao relento da vida; a espera de que alguém faça alguma coisa; a espera de um milagre. Mas nada nunca muda. Temos nossos políticos que sempre estão procurando uma forma de ajudar – é o que eles sempre falam, mas na verdade são humanos, humanos não são dignos de confiança. Então, oferecer ajuda e abrigo para essas pessoas é tudo que elas sonharam em ter.

Ainda me lembro de uma mulher que me disse com lágrimas nos olhos:

— Obrigado, moço. Deus te pague!

Apenas assenti com um sorriso no rosto. Um sorriso de desprezo. Um sorriso que por muitas vezes escondeu um homem horrível. Sou um homem assim, horrível, mau... Mas, o que importa? Vamos todos para um lugar. Uma vez zombaram de mim, me disseram por muitas vezes que eu era um Nerd babaca quando adolescente, mas o que eles não sabiam é que todas as vezes eu sonhavava matar cada um deles da maneira mais dolorosa possível, e mais excitante para mim. Ver cada órgão do seu corpo dando lugar para as moscas. Deixá-los implorando para viver, enquanto adentro seu corpo com uma lâmina, bem lentamente, sentido cada dor deles, e me excitantando com isso; seria uma boa orgia.

As batidas na porta me faz acordar dos meus devaneios – batidas insistentes.

— Dr. Victor Hugo? – a voz é de uma mulher. Thaci.

— Sim, entre, Thaci – digo por fim.

A porta se abre lentamente. Um corpo de uma mulher de mais ou menos 1,65 entra. Uma mulher muito bonita de cabelos loiros e olhos azuis – umas das poucas mulheres escolhidas para o projeto. Ela fecha a porta, e vira para me encarar nos olhos.

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