Capítulo 1: O Espelho.

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 As cadeiras mantinham-se alinhadas nas cinco fileiras da ampla sala de aula vazia. Era o único momento em que a ordem reinava naquele espaço. A lousa branca diante das cadeiras assemelhava-se a um espelho, que refletia diariamente todos os conflitos internos e externos de cada aluno, assim como suas paixões, alegrias, angústias e polêmicas, de uma das três turmas matinais do Terceiro Ano do Ensino Médio do Colégio Salvatore.

Todas as manhãs, de segunda a sexta, às sete e trinta, o sinal tocava e os adolescentes, que perambulavam pelos corredores e áreas externas, invadiam as salas desertas. Uns com expressões de sono, enquanto outros se atualizavam das confusões do dia anterior.

Na sala do Terceiro Ano A, os estudantes se dirigiam devagar aos seus respectivos lugares. Em poucos instantes, a coordenadora de disciplina, Roberta, distribuiria o simulado contendo questões de todo o conteúdo ministrado nos últimos dois bimestres. Apesar da tensão dominar boa parte dos alunos, o foco das conversas recaía sobre a briga do casal, Pedro e Tainá, que transformou a festa de aniversário da melhor amiga dele, Lory, em um caos no último sábado.

Tainá atirou seu material sobre a mesa e encarou, indignada, a maioria dos que a observavam.

— Calma! — pediu Marcela, a melhor amiga da garota. — Deixe que falem! Você é a vítima!

— A imbecil, você quer dizer! — debochou Ana Paula, uma ex-namorada de Pedro.

— Cala a sua boca! — gritou Tainá segurando-a firmemente pelo braço, revelando certas cicatrizes, logo ocultadas pela manga do moletom.

— Frustrada por ser mais uma? — replicou.

— Não. Frustrada por ainda não ter quebrado a tua cara! — disparou Tainá.

Marcela afastou as duas, auxiliada por um amigo do grupo, Vinícius.

— Sério isso?! Vocês vão mesmo brigar? Por ele? Um cara que não tá nem aí pra vocês?! — questionou de forma irônica. — Um moleque mimado que só quer saber de quantidade!

Na primeira cadeira, na fila da parede, uma garota branca, de cabelo comprido e preto, olhou para trás, e levantou-se depressa com a testa franzida. Havia um rapaz ao seu lado, agrupando algumas apostilas, que claramente preferia não tomar partido na discussão.

— Você não tem o direito de falar assim dele, Vinícius! — falou com o seu timbre doce de sempre.

— A verdade é um problema para você? — perguntou Vinícius, contendo-se. Jamais poderia confrontá-la.

— Acredito que você não seja a pessoa mais indicada para falar em verdades, mano. — ajuizou o rapaz, deixando as apostilas de lado.

— Acho melhor cê não se meter, Lucas. — advertiu Vinícius.

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