Três

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Acordei em um local que parecia tão familiar, aquelas cortinas brancas sendo sacudidas pelo vento fresco da manhã.

- Que cheiro bom de café fresquinho - Falei baixinho me espreguiçando na cama fechando forte os olhos e bocejando. Abri os olhos novamente e dei mais uma espiada em volta.

Mas é claro essas cortinas... esse quarto... é tudo tão parecido com a chácara da vovó...

Mas como isso é possível?

- Alicia, vamos! você não vai querer perder o piquenique! - A voz da vovó? Pensei.

Levantei-me num pulo, abri a porta do quarto e desci correndo as escadas, eu conhecia bem aquela casa, a casa da vovó! Era mesmo a vovó, na cozinha, mamãe, papai, Josh. Eu fico paralisada, estática. Não sei quem eu abraço primeiro, lágrimas rolam por meu rosto.

A voz enrolada de Josh, me dizia para não chorar.

- Gostou do sonho Bela Adormecida? Ou deveria continuar te chamando pelo nome de Mitra?

Sou trazida de repente para a realidade, eu agora de fato acordo. Acordei de um sonho belo, para um pesadelo real.

Abro meus olhos lentamente, fito a figura de pé em frente da porta do quarto, é Seleto, vestindo suas roupas totalmente brancas, sua pele tão perfeita que nem parece real, cabelos loiros, os olhos mais azuis que já vi em minha vida, os lábios em linha reta, como se fosse um anjo, mas não passa de um demônio, destruidor de mundos. Me dou conta de que estou realmente no quarto na casa da Chácara da vovó, olho em volta, as cortinas estão amareladas devido ao longo tempo, os papéis de parede estão também manchados pelo tempo e descolando da parede, está tudo muito descuidado, mas ainda assim está tudo lá, do mesmo jeito, no mesmo lugar. Mas e minha família? Onde estão? Uma angústia toma conta de todo meu ser.

- Devolve minha família, seu maldito pleiadeano - falo com ódio e vou em direção a Seleto - Por favor - falo cabisbaixa, mudando meu tom de voz para o que parece mais ser uma súplica agora.

- Bem... Eu devolvo - ergo meu rosto franzindo o cenho, fito-o incrédula profundamente naqueles olhos azuis, que parecem penetrar minha alma nesse momento.

- Sério?

- Sim, é sério, tudo que eu falo e faço é sério! - ele continua naquela posição prepotente de braços cruzados, me olhando nos olhos de cima para baixo como se eu fosse realmente inferior e também devido ele ser muito alto.

- Diz aí suas condições então - falei, esperando algum acordo sobre eu me tornar obediente como os outros transformados, ou então, sei lá... Lavar, passar, cozinhar como a outra humana transformada que me levava comida.

Isso seria moleza! Pensei.

- Quero que você seja minha - Seleto falou na maior naturalidade do universo.

Que irônico, "do universo".

Comecei a gargalhar por causa da ironia dos meu pensamento.

- Não brinque comigo, garota humana! - O semblante de Seleto mudou imediatamente de não identificável para ódio.

Me segurou pelos ombros, me girou, me prensando forte contra a parede, senti suas mãos apertarem forte meus ombros a ponto de doer, seu rosto ficou a centímetros do meu, pude sentir sua respiração em minha face. Fiquei rígida, fechei meus olhos bem apertados, senti perfeitamente a descarga de adrenalina ser lançada em minha corrente sanguínea, me fazendo tremer.

- Não e...era minha intenção - tentei me explicar, gaguejando, e ainda trêmula pela reação repentina dele.

Seleto me soltou, saiu rapidamente batendo a porta.

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