Capítulo 20

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Mais tarde, lembrei que prometi que ligaria para Bianca.

- Alô? - Escuto ela dizer do outro lado da linha.

- Oi, Bianca. - Digo.

- Bella! - Ela responde em uma animação exagerada. - Como estão as coisas aí? Você e Benjamin já se beijaram? - Ela fala toda enrolada e rindo e eu estranho. Se eu não conhecesse a Bianca diria que está bêbada.

- O que aconteceu, Bianca? - Pergunto preocupada.

- Nada. - Ela ri. - "É a Bella? Me deixa falar com ela" - Escuto a voz de Lucas no fundo.

- Bianca, passa o telefone para o Lucas. - Peço e ela resmunga.

- Oi, Bella. - Lucas diz

- Você pode me explicar por que a Bianca está assim? Ela nunca bebeu.

- Relaxa, ela não está bêbada. - Ele diz rindo e eu suspiro aliviada. - Só está sobre efeito de muitos remédios.

- O que aconteceu?

- Ontem ela não estava bem, teve um ataque de bronquite. Por isso, dei a ela alguns remédios e ela está meio grogue agora.

- Ah bom. - Suspiro. - Peça para ela me ligar quando estiver em seu estado normal. - Eu rio.

- Ok.

- Obrigado por estar cuidando dela por mim. Não sei o que faria se você não estivesse ai.

- Imagina, Bella. Não precisa me agradecer.

- Qualquer coisa me liga. E se ela não melhorar, a leve no hospital. Ela não vai querer ir, odeia hospitais, mas não dê ouvidos. - Eu alerto. Da última vez que ela ficou doente, eu tive que levar ela arrastada até o hospital.

- Tudo bem. - Ele ri. - Até mais, Bella.

- Até, Lucas. - Digo e encerro a chamada.

Espero que a Bianca melhore. Ela é muito teimosa para tomar remédios, parece uma criança.

Desço para o almoço e encontro meu pai na sala conversando com Benjamin.

- Minha filha! - Ele vem me abraçar e eu fico imóvel. - Eu estava aqui conhecendo seu namorado. Não acredito que você não me apresentou antes.

É claro. Ele mal fala comigo. Como eu acharia um tempo para falar do meu novo namorado, que inclusive nem era de verdade.

- É recente. Não tinha comentado com ninguém. - Respondo forçando um sorriso.

- Me conta como estão as coisas. E a faculdade? Quanta tempo falta para se formar? - Ele solta diversas perguntas e eu fico tensa. Está fazendo exatamente o que eu falei, fingindo que se importa para compensar o tempo afastado.

Sinto a mão do Benjamin segurar a minha. Sei que ele está tentando me dar suporte porque essa situação é incomoda para mim. Por isso, aperto sua mão como um pedido de ajuda.

- Vocês podem conversar uma outra hora? Preciso falar com a Bella agora. - Ele diz e me puxa até a varanda. Assim que estamos longe o suficiente, solto um suspiro e me encosto na parede.

- Obrigada por me tirar de lá. - Eu digo baixo.

- Eu entendi que queria sair. Agora tente manter a calma. - Ele diz.

- Eu não sei se consigo, Benjamin. - Abaixo a cabeça. Fingir que eu tinha uma relação estável com o meu pai durante três dias era demais para mim.

- Ei, olhe para mim. - Ele ergue meu queixo me fazendo olhar para ele.
- Você consegue sim e, além disso, não está sozinha. Sempre que quiser sair correndo eu vou estar por perto para te ajudar. Se não, para que serviria um namorado de mentira? - Ele diz e eu sorrio. Benjamin está me ajudando tanto e mal me conhece. É realmente muito gentil da parte dele.

- Obrigada. - Sussuro e o abraço.

- Ei, pombinhos, venham comer. O almoço está pronto. - Minha mãe surge na porta e nós nos afastamos.

Algum tempo depois Benjamin vai a praia. Ele tinha feito amizade com a família, aparentemente todos gostaram dele. É difícil não cair no charme, ele é bonito e simpático. E, além de tudo, é muito bom de conversa.

Eu não fui com eles para praia porque queria ficar um pouco sozinha. Estou rodeada de pessoas o tempo todo e preciso organizar os meus pensamentos.

Escuto batidas na porta e Camila entra no meu quarto:

- Oi Isa.

- Oi, Camila. Achei que você tinha ido para praia com os outros.

- Eu vou mais tarde. Queria ficar um pouco sozinha. - Ela diz e se joga na cama.

- Mas se queria ficar sozinha por que veio aqui? - Pergunto.

- Eu queria falar com você.

- Sobre o que?

- Eu sei que o Benjamin não é seu namorado. - Ela solta.

- O que? - É tudo que eu consigo dizer.

- Não precisa mais fingir, eu descobri tudo. - Ela sorri.

- Mas como? - Pergunto sem entender.

- Eu te conheço muito bem, Isa. Sei quando está mentindo. - Será que eu sou assim tão transparente?

- Está tão na cara assim? - Digo aflita.

- Fica tranquila, tem que ser muito observadora para perceber. Você e Benjamin passariam facilmente por um casal. - Ela diz e eu rio. Parece pouco provável eu e ele como um casal.

- Você não vai contar para ninguém, vai? - Digo nervosa.

- Não. Mas quero que me diga por que está mentindo para todos.

- Eu juro que não vim para cá pensando em mentir. Meio que aconteceu... - Respondo.

- Como assim? - Ela pergunta confusa.

- Quando nós chegamos aqui, nossa mãe achou que eramos um casal. Depois ela espalhou para todo mundo antes que eu pudesse explicar.

- E você não desmentiu por quê? - Questiona.

- Eu falei com Benjamin e ele sugeriu que nós fingissemos que namoramos. Contei para ele que o seu casamento seria a melhor oportunidade para ela me achar "o namorado perfeito". Com certeza ela me jogaria para cima de todos os solteiros presentes. - Desabafo.

- Nossa, isso é tão comédia romântica. - Ela diz e eu rio. - Se vocês se apaixonarem de verdade eu juro que surto.

- Isso não vai acontecer.

- Seria fofo. E vocês combinam. - Ela declara.

- Claro que não. - Digo balançando a cabeça negativamente como se tivesse ouvido o maior absurdo da minha vida. 

- Fala sério, você não acha que daria certo? Nem um pouquinho? - Ela insiste.

- Tudo bem, Benjamin é bem bonito, não dá para negar. Ele me surpreendeu, tem sido muito legal e até está me ajudando a lidar os meus problemas...

- Eu sabia! - Ela exclama e eu arqueio as sobrancelhas.

- Sabia o que?

- Você já está começando a gostar dele. - Ela afirma e eu volto a negar.

- Você está vendo coisas onde não tem, Camila.

- Depois não diga que eu não avisei.

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