Capítulo 25

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- Camila, se você não sair em 10 minutos a porcaria do sol já vai ter se posto. - Digo irritada, ela estava enrolando há meia hora.

- A noiva tem que se atrasar um pouquinho. - Ela diz e minha mãe suspira. Estavamos apenas nós três no quarto.

- Já foram trinta minutos, filha. - Minha mãe diz.

- Além disso, Gabriel vai achar que você desistiu. - Eu digo.

- Ok, vamos. - Ela diz e se levanta, parando em frente ao enorme espelho. - Esse casamento tem que acontecer.

- Minha filhinha se casando, eu nem acredito. - Minha mãe diz emocionada e vejo lágrimas se formarem nos seus olhos.

- Nada de ser sentimental agora, mãe, não temos tempo para isso. Guarde suas lágrimas para o casamento. - Me apresso em dizer.

- Cortou o clima, Bella. - Minha irmã diz e eu reviro os olhos.

Eu desço na frente para fazer a entrada com os padrinhos e encontro Benjamin me esperando.

- Que demora. - Ele reclama.

- Culpe a Camila.

Vejo que Gabriel está me encarando e faço um sinal positivo, para que ele saiba que está tudo bem e minha irmã já está vindo. Ele sorri e solta um suspiro aliviado.

A cerimônia ocorre normalmente. Não costumo me emocionar em casamentos mas esse foi diferente. Eu presenciei toda a história de amor deles, tanto as brigas quanto as reconciliações. Eu vi essa paixão surgir e agora estou vendo ela se concretizar.

Assim que avistei minha irmã entrando, com seu lindo vestido branco e o buquê com as flores que eu mesma escolhi, eu olhei para Gabriel. A expressão em seu rosto era indecifrável, ele olhava para ela como se realmente não existisse mais nada importante no mundo. Sabe, nos filmes, quando o personagem diz que o tempo para e você só vê a pessoa? Acredito que tenha sido isso.

Deixei algumas lágrimas escaparem discretamente enquanto minha mãe se acabou de tanto chorar. Vi meu pai de longe e senti uma um pouco de pena. Ele não entrou com a Camila, ela preferiu entrar com a minha mãe. Eu não julgo, faria a mesma coisa. Minha mãe fez o papel de pai muito melhor que o próprio, não tem ninguém que mereça mais que ela. Porém, vê-lo assim tão distante me parte o coração. Infelizmente, foi o caminho que ele escolheu.

- Tudo bem? Ficou séria de repente.
- Benjamin me encara. A cerimônia já tinha acabado e estávamos sentados nas mesas, depois de ter jantado. Algumas pessoas dançavam mas e permaneci sentada esse tempo todo.

- Eu estava pensando no meu pai. Queria que as coisas fossem diferentes. - Eu suspiro.

- Ei, não quero que fique triste. - Ele diz.

A melodia de Perfect preenche o lugar e eu me ânimo, era uma das minhas músicas favoritas do Ed Sheeran.

- Vem, vamos dançar. Eu sei que você gosta dessa música. - Benjamin estende a mão e eu seguro. Ele me guia até a "pista de dança" onde os outros casais também estavam.

- Como você sabe? - Pergunto. Ele segura a minha cintura e eu envolvo seu pescoço com os meus braços. Me mexo lentamente, tentando não parecer tão desajeitada e tropeçar nos meus próprios pés.

- Você disse aquele dia no carro. - Ele diz próximo ao meu ouvido.

- Você presta bastante atenção. - Penso em voz alta.

- Mais do que você imagina. - Ele diz baixinho. Ergo a minha cabeça para olhá-lo, já que é mais alto que eu. Ele me encara mas permanece em silêncio. Me pergunto em que deve estar pensando, é difícil lê-lo. Diferente de mim, que sou transparente, Benjamin é como um enigma. Ele se aproxima lentamente e eu fecho os meus olhos quando sinto seu nariz encostar no meu.

- A noiva vai jogar o buquê! - Minha mãe grita, atraindo a atenção de todos, inclusive a minha. Me afasto de Benjamin, envergonhada. Não acredito que quase nos beijamos, de novo. O que eu faço agora? Finjo que nunca aconteceu? Talvez forjar um desmaio seja uma boa ideia.

- Você não vai? - Ele pergunta vendo que eu continuo parada enquanto, basicamente, todas as mulheres presentes se amontoam perto da Camila.

- Não, obrigada. Isso para mim é sinônimo de desastre, prefiro ficar na zona segura. - Digo e ele ri. É sério, se eu consigo cair e derrubar pessoas sem nenhum motivo, imagina em uma situação dessas. Com certeza alguém sairía machucado, e esse alguém provavelmente seria eu.

- Quanto drama. - Ele diz.

- Se chama precaução. Tem que ter quando você é um ímã para problemas.

Escuto Camila fazer a contagem regressiva para jogar o buquê. Vejo as minhas tias se empurrando para ficar na frente.

- Eu não entendo porquê tanto drama. É, literalmente, só um buquê de flores comum, não é como se viesse com um namorado de brinde.

- Perspectiva interessante. - Ele comenta.

Vejo algo voando na minha direção e desvio. Era só o que me falava, ser atingida pelo buquê. Estou dizendo, os problemas me perseguem.

As mulheres olham envolta para ver onde foi parar o maldito buquê e quando vejo, está nas mãos de Benjamin.

- Se você não vai até o buquê, ele vem até você. - Ele sorri.

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