A Proposta

Capítulo 22

Camila e Gabriel formam um casal perfeito. Desde a adolescência, quando os via juntos, me sentia mal por não ter um namorado também. Apesar de nunca ter sido a minha prioridade, é estranho não ter namorado na adolescência e era deprimente sair com a minha irmã mais nova e o namorado dela. Eu sentia que faltava algo.

Mas eu queria que fosse especial, precisava encontrar a pessoa certa. Rejeitei todos os caras que tentaram algo comigo e quando eu reclama que estava sozinha, ouvia as pessoas dizendo que era porque eu queria. Em partes sim, foi uma escolha minha, mas me vendo agora com 22 anos, eu penso se não deveria ter me arriscado mais. Acho que vou viver com essa dúvida.

Enquanto reflito sobre a minha vida amorosa - ou a falta dela-,  assisto minha irmã e Gabriel brincando no mar. Os dois parecem mais radiantes e apaixonados que nunca.

- Não vai entrar de novo? - Benjamin vem até mim. Ele estava no mar brincando com um dos meus primos. Era incrível como ele tinha feito amizades tão rápido, todos gostavam dele.

- Não sei se você se lembra, mas ontem me carregou até o mar. Então eu entrei sim. - Debocho.

- Mas não valeu, não foi por livre e espontânea vontade. - Ele diz.

- Tudo bem, vamos. - Eu levanto e tiro o vestido que estava usando por cima do biquíni, muito desconfortável. Não sou a maior fã do meu corpo. - Ei! Não fica me olhando, vamos logo. - Desperto Benjamin que me continuava me encarando.

- É... desculpa.

Enquanto caminhavamos pela areia sinto o vento balançar os meus cabelos. Mesmo com tantas coisas na cabeça me sinto um pouco mais leve aqui.

- Você parecia pensativa ali sentada. - Benjamin comenta.

- Eu estava. - Digo enquanto olho para o chão. Já chegamos na parte rasa do mar e a água toca os meus pés.

- E no que pensa tanto? - Pergunta.

- Não é nada demais. Eu só estava observando a Camila e o Gabriel e percebi que até agora eu não cheguei  nem perto de sentir esse amor que eles tem. É um pouco triste. - Digo.

- Você nunca namorou? - Nego. - Nem um namoradinho na adolescência? - Ele pergunta surpreso.

- Nem um um namoradinho na adolescência. Agora você entende meu desespero?

- Garanto que não faltaram oportunidades. Por que nunca teve um namorado?

- Eu afastava todos que se aproximavam. - Rio.

- Por que?

- Não sei, talvez tivesse medo de me machucar. Por isso sempre gostava dos caras impossíveis, eu sabia que nunca seria recíproco então não teria que me preocupar.

- Que deprimente. - Ele diz.

- Sabe o que é mais deprimente? - Eu digo.

- O que?

- Eu ter arranjado um namorado de mentira porque não consigo um namorado de verdade. - Suspiro e ele me encara em silêncio. - Esse é o momento que você diz que eu sou maravilhosa e logo vou encontrar alguém. - Digo e ele ri.

- Você já sabe disso. O questão aqui é: você quer mesmo encontrar alguém? Porque não parece se esforçar muito  para que isso aconteça. Como você mesma disse, afasta todos os caras que se aproximam. - Ele diz.

- Nenhum deles era a pessoa certa. - Afirmo.

- Como você sabe? - Pergunta e eu não digo nada. Não sabia o que dizer. - A verdade é que o você fantasia a história de amor perfeita. Quer que as coisas aconteçam como você imaginou, do jeito que os livros e filmes românticos te ensinaram. - Era verdade. Totalmente verdade. Eu queria o meu clichê. Eu queria uma história digna de comédia romântica. Por isso sempre descartei e continuo descartando todos os garotos. Por isso sai com Nícolas, quer uma história mais clichê do que namorar o vizinho?

- Você está certo. - Eu digo. Não dava para negar.

- Você tem que viver a realidade. E eu não estou dizendo que você não vai ter uma história de amor incrível, mas deveria se arriscar mais. Não fique esperando esbarrar no amor da sua vida.  - Eu sorrio.

- Você é um ótimo conselheiro, Benjamin. Trazer você nessa viagem foi a melhor coisa que eu fiz. - Eu digo.

- Eu sei. - Ele diz com um sorriso convencido. - Sou o melhor namorado de mentira que você poderia ter.

- Não tenho como discordar. - Eu rio.

Mais tarde, Lucas me liga avisando que levou Bianca para o hospital. Fico preocupada, mas ele me promete que vai cuidar dela direitinho. Pergunto se posso falar com ela, já que da última vez ela estava dopada.

- Oi, Bella. Estava com saudades. - Ela diz.

- Oi, Bianca. Como você está? Se sente melhor? - Pergunto.

- Estou melhor. Mas me conta, como estão as coisas aí? Estou louca para saber. - Ela pergunta. Ainda não sabe do meu "namoro" com Benjamin.

- Você não vai acreditar. Todos acham que eu e Benjamin somos um casal. - Digo e escuto sua risada.

- Espera aí, vocês estão fingindo namoram? - Pergunta.

- Sim. - Confesso.

- Quem diria, você toda certinha mentindo para sua família. - Ela diz.

- Eu sei, é péssimo. Mas a ideia foi do Benjamin.

- E por que vocês estão fazendo isso?

- Para minha mãe não reclamar que estou solteira e me apresentar para todos os homens não comprometidos que ela conhece.

- Faz sentido. Mas e você e Benjamin? Estão se entendendo?

- Por incrível que pareça, sim. Ele tem sido bem prestativo e se deu bem com todos na família. Uma pena. - Eu digo.

- Por que uma pena?

- Porque ele não é meu namorado de verdade.

- E você queria que fosse? - Pergunta.

- Não foi isso que eu quis dizer. Minha família gostou do Benjamin de verdade, eles não podem se apegar muito porque não o verão de novo. Porque não é de verdade, estamos fingindo.

- Estão mesmo? - Questiona.

- Estamos. Bom, eu tenho que descer para ajudar a preparar o jantar. Depois nos falamos. Beijos.

- Tudo bem, tchau. - Ela diz e eu desligo.