Capítulo 18

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Depois de desfazer as nossas malas, eu e Benjamin descemos e nos encontramos com o resto da família na sala.

Alguns tios estavam vendo televisão, outros estavam conversando na cozinha. O resto deve estar no quarto ou na praia.

- Isa! - Minha irmã diz quando me vê e vem me abraçar.

- Oi, Camila. Quanto tempo! - Respondo.

- Mamãe me contou sobre o seu namorado. Não acredito que escondeu isso de mim. - Ela diz fazendo uma carinha desapontada.

- Ah... é que foi recente. - Respondo nervosa.

Eu nunca minto para ela. Sempre contamos tudo uma para outra e me sinto mal fazendo isso.

- Já que ela não me apresentou, eu mesmo faço. Sou Benjamin, prazer. - Ele diz rindo.

- Eu sou a Camila, irmã da Isa. É muito legal te conhecer, Benjamin. - Ela diz sorrindo e me lança um olhar como quem diz " bom partido". - Mas me conta, como vocês se conheceram? - Ela pergunta e minha mãe se aproxima, entrando na conversa.

- Também quero saber. Não é fácil conquistar a Bella. - Ela debocha e eu faço uma cara ofendida.

- Tenho que concordar. - Benjamin ri.

- Ele perdeu o celular na cafeteria da faculdade e eu achei. Depois nos encontramos e eu devolvi. - Conto a verdade. Sei que se eu tentasse inventar alguma coisa todos saberiam que é mentira.

- E vocês acreditam que quando ela foi me devolver, trocou os nossos celulares de propósito só para poder me ver de novo? - Ele diz.

- Que esperta, filha. - Minha mãe diz rindo.

- Não foi de propósito. - Cruzo os braços mas ninguém me escuta.

-Depois ela me ajudou a conseguir um estágio e ficamos próximos. Eu a chamei para sair e agora estamos juntos. - Ele conclui.

Que linda história de amor improvisada. Espero que minha mãe e Camila acreditem, até porque grande parte é verdade.

- O que você estuda, Benjamin? - Minha mãe pergunta.

- Faço psicologia. Estou no último ano.

- Muito legal! - Camila diz.

- Nós estamos indo para praia, vocês vem? - Meus primos perguntam enquanto descem as escadas.

Olho para Benjamin e ele assente.

- Nós vamos. Mas eu preciso trocar de roupa primeiro. Podem ir na frente. - Eu repondo.

- Então nós também já vamos. - Camila diz se referindo a ela e a minha mãe.

- Tudo bem. Encontro vocês lá.

Elas pegam as bolsas e saem. Eu e Benjamin voltamos para o quarto. Preciso colocar um biquíni e trocar de roupa. E, principalmente, passar muito protetor solar. Da última vez não passei o suficiente e fiquei parecendo um camarãozinho.

Pego as roupas e entro no banheiro para me trocar. Assim que termino e abro a porta, me deparo com Benjamin sem camisa trocando de roupa ali mesmo.

- Que isso? Não podia esperar que eu saísse do banheiro? - Pergunto.

- Eu não me incomodo. - Ele da ombros.

- Mas eu sim. Coloca logo uma camisa. - Digo tentando manter meu olhar longe dele. Tentador. Muito tentador.

- Qual é a diferença? Vou ter que tirar na praia mesmo.

- Você não está na praia agora. - Reviro os olhos e ele bufa. Contrariado, coloca a camisa.

A casa do pai de Gabriel era bem em frente a uma parte isolada da praia. Era como se aquele pedacinho fosse só nosso. Não tinha ninguém que não fosse da nossa família. Alguns guardas sóis e cadeiras estavam espalhadas pela areia. As crianças estavam na água e os adultos na areia conversando.

Nós nos juntamos a eles e eu me sento em uma das cadeiras mais afastadas. Não está tão quente hoje, o clima está bem agradável. Eu gosto de praia, é muito relaxante. Gosto de sentir os meus pés afundando na areia e ouvir o som das ondas do mar. Me transmite uma paz.

- Eu estive pensando, eu não sei muito sobre você. Se vamos fingir que somos namorados, preciso de mais informações suas. - Benjamin diz sentando do meu lado.

- Que engraçado você dizer isso, porque você sabe muito mais sobre mim do que eu sei sobre você.

O que eu sei sobre Benjamin é que ele tem 23 anos e faz faculdade de psicologia. E eu também sei onde ele mora. Mas é só isso. Eu praticamente trouxe um estranho para conhecer a minha família.

- O que você quer saber? - Ele pergunta.

- Eu não sei. Me conta qualquer coisa.

Ele pensa um pouco e responde:

- Eu sou de Minas Gerais.

- Eu notei o sotaque. - Inclusive acho muito charmoso, mas eu nunca admitiria isso para ele. - Me conta sobre a sua família.

Ele desvia o olhar, parece incomodado. Me arrependo de ter perguntado, provavelmente ele tem algum problema que não quer compartilhar.

- Minha mãe ainda mora lá e meu pai...morreu há alguns anos. - Ele responde e eu percebo tristeza na sua voz.

- Eu sinto muito.

Ele fica em silêncio.

- Você não vai entrar na água? - Ele muda de assunto.

- Acho que não. Talvez outro dia. - Não está nos meus planos lavar o cabelo hoje.

- Me deixa adivinhar, não está no seu cronograma lavar o cabelo hoje. - Ele sorri e eu o encaro indignada.

- Como você sabe disso?

- Eu li na sua agenda. - Ele ri. - Esquece um pouco isso, tenta relaxar.

- Eu estou relaxando. - Respondo nem um pouco certa de que o convenci.

Ele olha para o mar e depois para mim. Dá um sorrisinho como o de quem acabou de ter um brilhante ideia.

Quando vejo, ele está me carregando e correndo em direção ao mar.

- Benjamin, me solta! Você é maluco! - Eu grito dando tapas em suas costas mas ele não me dá ouvidos.

Sinto uma onda bater nas minhas costas. Benjamin me solta e eu o encarou com um olhar ameaçador.

- Não acredito que fez isso. Agora estou toda molhada. - Reclamo.

- Para de drama, se divirta. - Ele joga água no meu rosto e eu semicerro os olhos. Também jogo água nele, que revida, e logo entramos em uma guerrinha. Me sinto uma criança fazendo isso.

- Tudo bem, eu me rendo. - Ele levanta as mãos para cima e eu rio.

Percebo que perdi um dos meus chinelos quando ele me trouxe para água. Olho para baixo para ver se o encontro mas não há nada. Quando me volto para Benjamin para pedir que ele me ajudasse a procurar, noto que ele me encara. Seu olhar está no vestido que eu estou usando por cima do biquíni. Ele era branco e agora estava grudado no meu corpo e praticamente transparente. Constrangedor.

- Benjamin? - Eu chamo e ele desperta do transe e volta a olhar para o meu rosto.

- O que?

- Eu perdi meu chinelo. Pode me ajudar a encontrar?

Nos procuramos mas não achamos nada. As ondas devem ter levado para longe.

- O pessoal já está indo embora. Vamos também? - Pergunto.

- Tudo bem.


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