Capítulo 39

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Estou de volta ao apartamento. Cheguei hoje de manhã e resolvi não ir para a faculdade. Estou cansada da viagem e ainda não me sinto muito bem para voltar a rotina.

É estranho, eu não me sinto mal, mas algo mudou em mim. Acho que ainda preciso de um tempo para processar, talvez conversar com alguém.

Mandei uma mensagem para Bianca avisando que eu tinha chegado, mas ela deve estar na aula agora. Então, vou ficar sozinha o dia todo.

Escuto meu celular tocando e reviro as almofadas para procurá-lo.

- Alô? - Digo finalmente.

- Bella! Que bom que atendeu, como você está? - A voz de preocupação do Benjamin invade os meus ouvidos.

- Oi, Benjamin. Eu estou bem e você? - Respondo com calma.

- Bem também. Você já voltou? Não te vi hoje na faculdade.

- Cheguei de manhã. Resolvi não sair, estava cansada. - Respondo.

- Tem algo que eu possa fazer por você? Se quiser conversar eu estou disponível. - Ele diz e eu suspiro. Eu queria ver ele, queria ele aqui agora para me animar e me dar ótimos conselhos. Queria sua companhia e queria ver seu sorriso.

- Que tal amanhã? No café? - Pergunto. Se é uma boa idéia eu não sei, mas eu preciso disso. Preciso dele.

- Tudo bem, mas você consegue ficar sem me ver até amanhã? - Ele diz em um tom de deboche.

- Vou me esforçar. - Respondo rindo. - Até amanhã.

- Até. Fica bem, Bella. - Ele diz e desliga.

Desligo o celular com um sorriso no rosto. Eu sou uma idiota iludida.

- Hum, esse sorrisinho aí é por que, ou melhor, por quem? - Bianca diz abrindo a porta e me tirando dos meus pensamentos, que deveriam estar bem longe mesmo pois nem notei ela chegando.

- Bianca! O que você está fazendo aqui, não tinha que estar na aula? - Pergunto indo abraçar ela. Senti muita falta de ter ela por perto.

- Eu vi sua mensagem e vim direto para cá, precisava saber como você estava. - Ela diz.

- Eu estou bem. - Afirmo.

- Estou vendo, quando eu cheguei te peguei olhando para o nada com uma carinha de boba. Vai, me conta. - Ela se senta no sofá e me encara esperando que eu comece a falar.

- Se eu disser tudo que aconteceu nesses dias você não acredita. - Eu digo e ela arqueia a sobrancelha.

- Então pode começar, me deixou curiosa.

- Na sexta feira, antes de chegar aqui e você me dar a notícia... - Eu digo me lembrando da cena. - Eu estava passando em frente a cafeteria que sempre me encontro com o Benjamin.

- E...? - Ela pede para que eu continue.

- Eu pensei que seria o momento perfeito para conversar com ele e finalmente...

- Se declarar? - Ela completa.

- Sim, me declarar. Mas então eu vi que ele estava acompanhado pela Milena.

- Só me faltava essa. - Ela bufa. - E então, o que aconteceu depois? Me diga que você entrou mesmo assim e pegou seu homem. - Eu rio.

- Claro que não. Eu ia me virar para ir embora mas eles também se levantaram para sair, então eu fiquei lá parada por alguma razão.

- Mas você entrou ou não? - Bianca diz sem paciência.

- Então, para ser bem direta, eles se beijaram. - Digo e sua boca forma um "O" gigante.

- Não! Como assim se beijaram? Os dois beijaram, ele beijou ela ou ela beijou ele? - Ela diz e eu fico confusa.

- Faz diferença? - Questiono.

- Toda! - Diz como se fosse óbvio. - Talvez ele não quisesse o beijo.

- Espera, a história não acaba aí. - Eu digo.

- Por que? Você entrou lá e fez barraco? - Ela pergunta e eu nego.

- Saí correndo. - Ela ri.

- Previsível. - Diz.

- Mas antes que eu saísse, ele me viu parada observando eles do lado de fora. - Digo e o seu olhar culpado invade a minha mente. Ainda não tinha conseguido tirar aquela cena da cabeça.

- Não acredito! E depois, vocês se falaram? Ele te ligou? - Ela pergunta eufórica.

- É aí que a história começa. - Eu digo fazendo suspense e ela revira os olhos.

- Fala logo, minha filha. Vou morrer de curiosidade. - Ela me apressa.

- Então, durante o enterro, eu me afastei do pessoal. Precisava de um pouco de ar, não aguentava ficar alí vendo meu pai ser enterrado. - Eu digo e ela acaricia meu braço com um olhar compreensivo.

- Imagino que deve ser sido difícil, queria poder ter estado lá. - Ela diz.

- Tudo bem. - Eu sorrio. - Em fim, quando eu estava vagando pelo cemitério encontrei o Benjamin.

- O que? Ele foi até lá? - Ela diz e eu afirmo. - Não acredito, ele veio aqui para te procurar e eu contei o que aconteceu, mas não achei que ele iria até lá.

- Realmente foi uma surpresa.

- Ai, Bella, se isso não é prova de amor, eu não sei o que é. - Ela diz e eu rio.

- Ok, foi muito legal da parte dele, admito. - Eu digo. - Mas isso não significa nada.

- Tá bom, mas vocês conversaram sobre? - Ela pergunta.

- Sim. Eu disse para ele que tudo bem se ele ficasse com a Milena, que eu não ficaria chatead...

- Oi? Como assim? - Ela pergunta sem acreditar. - Por que disse isso?

- Eu não posso ser egoísta e dizer que eu gosto dele agora, Bianca. Demorei muito tempo para falar e agora ele não está mais interessado. Não quero fazê-lo se sentir mal.

- Mas ele gosta de você, Bella. - Ela diz impaciente.

- Então me explica por que ele estava beijando a Milena? - Eu digo e ela se cala. - De qualquer forma, combinamos que seríamos amigos.

- Meu deus, que anta. - Bianca bate na própria testa. - Você é muito tapada, Bella. Mas muito mesmo. - Ela dá ênfase na palavra.

- Me entende, prefiro ser só amiga dele do que não tê-lo por perto. - Suspiro. - Esses dias em que eu fiquei sem falar com o Benjamin foram péssimos, eu senti que faltava algo para estar completa. - Desabafo.

- Você está tão apaixonada. - Ela diz e dessa vez eu não tento negar pois sei que é verdade.

- Eu sei.

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