Which one is worse: living or dying first?

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Aviso: esse capítulo possui automutilação explícita. Vou colocar um "*" quando começar e quando terminar para os que tem estômago fraco e quiserem pular a cena. Se passa vários dias depois, e Draco está passando por um momento MUITO difícil e, por ser uma pessoa muito sensível, não estranhem ele estar desse jeito.

-

Draco acordou pesadamente naquela manhã. Sua cabeça doía, em conjunto com todos os membros de seu corpo.

Estava ficando paranoico, seus sogros e o namorado haviam notado aquilo já fazia alguns dias. Ele só conseguia dormir com remédios e extremamente grudado em Harry, o que o moreno não achava ruim até não poder mais ir ao banheiro de noite e deixar o namorado sozinho na cama se não o mesmo tinha ataques de pânico.

Soltou os braços finos e cobertos pelo moletom de Harry, que continuou dormindo calmamente na cama.

Draco sentia sua própria respiração ofegante dentro dos pulmões, mas ignorou completamente e andou calmamente até o banheiro.

Se olhou brevemente no espelho, notando coisas que mudaram muito desde que descobriu seu pai fugiu da cadeia. Seus olhos estavam num tom cinzento-escuro, sem brilho algum, que lhe davam um ar de pessoa doente em conjunto com as grandes marcas negras abaixo dos olhos e a pele completamente branca. Conseguia ver suas veias do rosto como se sua pele fosse transparente.

*

Trancou a porta e sentou no chão, abrindo uma caixinha que ficava no armário em baixo da pia e tirou uma faca de lá. Tinha prometido para Harry que não faria aquilo de novo, mas era tão tentador. Draco queria ver o sangue escorrer até seu antebraço e cair no chão, manchando o mármore branco de vermelho.

Passou o dedo indicador na extensão da lâmina, sentindo a dor aguda que se espalhou por sua mão. Tirou o casaco de moletom, fixando sua visão nos ossos aparentes dos braços com certo nojo.

Levou a ponta da lâmina até seu pulso, forçando a ponta ali até uma gota de sangue brotar e escorrer por seu braço. Colocou a faca no chão, levando sua mão até a gota e espalhando suavemente na pele, deixando uma trilha vermelha em todo o interior do braço.

Pegou novamente a faca, sendo o mais "delicado" possível ao fazer cortes profundos e grossos em toda a pele que conseguia ver.

Estava tudo doendo, mas não conseguia parar. O sangue espesso e quase negro parecia não parar de vazar, e Draco, já cansado de fazer aquilo, apoiou o rosto nos joelhos, deixando o braço de lado. Se perguntou internamente como explicaria para Harry o que tinha feito, sabendo que seria difícil e o namorado ficaria decepcionado consigo. Suspirou alto e esticou as pernas, olhando tristemente para os grandes cortes que agora tomavam conta de todo o seu antebraço esquerdo.

*

Talvez tivesse suspirado um pouco alto demais, pois alguns segundos depois batidas altas foram ouvidas na porta.

- Draco? Tá tudo bem? - Harry tentou abrir a porta, sem sucesso.

O loiro continuava sentado no chão, sem mexer um músculo do corpo.

- Estou bem. - murmurou, se encolhendo ligeiramente. Pegou o papel higiênico, limpando o chão com preguiça.

- Dray, abre a porta. Por favor. - Harry pediu, com a voz vulnerável. - Você fez de novo, não é?

Quando o chão já estava limpo, se levantou e começou a lavar o braço vermelho com água corrente.

- Me desculpe. - fungou, começando a chorar baixinho.

- Amor, por favor... - tentou abrir a porta novamente, sem êxito. - Tá tudo bem. Abre a porta.

Ainda hesitando, colocou a mão na chave e, aos poucos, virou, se afastando da porta e sentando na borda da banheira. Abraçou o próprio corpo nu, tremendo por conta do frio e medo.

- Não fique bravo comigo... - pediu ao ver os pés de Harry na sua visão. Se recusou a levantar os olhos, temendo o que o menor diria.

- Não estou bravo, amor. Deixe de ser bobo. - se ajoelhou na frente de Draco, abraçando o corpo delicado com cuidado. - Me deixe cuidar de você.

Escondeu o rosto no pescoço de Harry, parando aos poucos de chorar. Inspirou o cheiro do namorado, se sentindo mais leve ao ter o pequeno ali com ele.

Sem outra opção, tirou o braço da lateral do corpo e mostrou para o outro, que não fez nada além de acariciar os fios brancos de Draco enquanto observava a pele completamente machucada.

- Cuide de mim, então. - fixou sua visão nos olhos verdes de Harry. O moreno apenas concordou antes de pegar algumas gazes e ataduras no armário, porém, ao olhar novamente para o braço do outro, jogou tudo de novo no armário. - O que você...

- PAI! - gritou, olhando para o corredor com expectativa. Assim como esperava, Remus apareceu alguns segundos depois, com os pijamas amassados e os cabelos desarrumados.

- Filho? O que foi? Está tudo bem? - entrou no banheiro afobado, se ajoelhando ao lado do filho e tocando o seu rosto com delicadeza.

- Tô bem, mas preciso que você faça algo. Nós precisamos. - Olhou para Draco, que novamente abraçava o próprio corpo, deixando manchas avermelhadas em todo o seu tronco.

- Meu deus, Draco. O que aconteceu? - olhou o garoto da cabeça aos pés, o que só fez ele se encolher ainda mais.

- Tá tudo bem, amor. - se aproximou do loiro, fazendo carinho em sua coxa - Ele só vai te ajudar. Ninguém aqui vai julgar você.

Relutando, mostrou o braço, que foi rapidamente analisado por Remus e, ágil como era, saiu do banheiro e voltou logo depois com o fio e agulha adequados.

- Ter sido enfermeiro nunca me foi tão útil. - abriu o pacotinho esterilizado da agulha, olhando carinhosamente para Draco. - Eu não vou mentir, isso vai doer. Não tenho nenhuma pomada anestésica aqui, mas você é resistente.

Harry segurou a mão direita de Draco, que deitou a cabeça em seu ombro.

- Minha mãe fazia pontos em mim as vezes. Acho que aguento. - Mordeu os lábios quando a agulha atravessou sua carne, o que não era tão doloroso quando parecia.

- Draco, querido, você pode se sentir confortável para falar comigo e com Sirius sobre qualquer coisa. Estamos aqui para te ajudar também, acima de qualquer situação. - Depois de quase uma hora, Remus terminou os pontos, que eram pequenos e rentes um ao outro. - Vamos te ajudar para que isso - apontou para o braço - não aconteça novamente.

No final, enrolou tudo com as ataduras, colando com uma fita para machucados.

- Obrigado. - olhou para o rosto de Remus, distraidamente contando as sardas e cicatrizes no rosto do mais velho.

Remus se levantou e apertou de leve o ombro de Draco, que deu um pequeno sorriso e voltou a abraçar o corpo de Harry, que dava beijos no rosto do outro com carinho.

O padrasto de Harry voltou até o próprio quarto, encontrando o marido deitado na cama e roncando baixinho.

Suspirou e andou até o banheiro, tomando uma ducha rápida e gelada para tirar a sensação ruim de seu corpo.

Se encontrasse Lucius Malfoy, garantiria que ele fosse preso e nunca mais saísse da cadeia.

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