Capítulo 8 - Estrelas

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- Encontrou alguma coisa?

- Nada... – Frustrado, Caio termina de folear o sexto livro da pilha. – Invadimos um prédio público para nada!

– Cara, vê se relaxa! – Gabriel suspira, tentando esquecer a estranha sensação tida há pouco, enquanto revirava uma das estantes em busca de informações. Seu corpo parecia poder afirmar estar sendo observado e, por um centésimo de segundo, teve certeza de ter visto algo se movendo rapidamente por entre os livros. Tendo em vista a delicadeza do momento, e culpando o medo resultado dos últimos eventos, decidiu guardar a sensação para si.

O grupo inteiro se divide pelas mesas do espaço de leitura. Enquanto Caio e Gabriel buscam informações pelos livros da biblioteca, Renata e Samuel tentam conectar seus celulares à internet.

- Venham ver isso! – Marcela grita, inevitavelmente assustando Michele ao seu lado.

- O que? – Caio pergunta, enquanto todos se aproximam da garota, cujo rosto está iluminado pela luz agressiva do computador à frente.

- Segundo a Wikipedia, Sekhmet é a deusa da vingança, da guerra e da medicina para os egípcios antigos. – Ela lê.

- Deusa egípcia? – Renata curva as costas, aproximando-se das palavras na tela.

- "Sua imagem é uma mulher coberta por um véu e cabeça de leão..." – Samuel continua a leitura por cima do ombro da amiga. – "Acredita-se que, em troca de algum tipo de oferta, ela é capaz de conceder uma porção de rejuvenescimento àquele, ou àquela, que ousar lhe invocar".

Um silêncio preenche os segundos seguintes, enquanto o grupo tenta assimilar as novas informações.

- Associação da Juventude! – Michele diz, finalmente. – É isso!

- Então elas estavam fazendo um ritual para conseguirem algum tipo de rejuvenescimento... – Renata completa.

- Bem que estão precisando! – Gabriel acrescenta, presunçosamente.

- Mas o que nós temos a ver com tudo isso? – Samuel pergunta.

- Eu acho que... – Marcela respira fundo. – Acho que nós éramos a oferenda.

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Depois de um exímio esforço, as mulheres da Associação da Juventude se espalham pelos sofás, tentando recuperar o fôlego. A face enfurecida de Agnes não consegue deixar de encarar, incrédula, o olhar envergonhado de Lorena.

- Se eu fosse a responsável, nada disso teria acontecido... – Cornélia insiste.

- Mas você não foi a escolhida! – Maria acrescenta.

- Não, ela não foi. – Agnes se pronuncia, conseguindo sobrepor a autoridade sob seu cansaço. – Lorena foi escolhida e falhou miseravelmente. Além de fazer fracassar o nosso ritual, deixou seis crianças escaparem. A essa altura já devem ter contado tudo para os pais, que podem aparecer aqui a qualquer momento.

- Os celulares foram bloqueados. – Lorena relembra à líder.

- Mas elas continuam soltas por aí! Você entende a gravidade disso?

Lorena não responde.

- E se eles chegarem... – Helena inicia.

- Quando eles chegarem. – Anna a corrige.

A Última VelaOnde histórias criam vida. Descubra agora