Capítulo 6 - Seleção

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Assim que Cornélia e Lorena fecham a porta do quarto, Renata e Samuel saem de debaixo da cama, esfregando as mãos pela roupa para espantar a poeira acumulada.

- Eu não entendi nada... – Samuel diz, sussurrando.

- Eu acho que entendi. Lembra daquela pasta que eu encontrei? – Ela aponta para a escrivaninha explorada anteriormente. Samuel confirma. – Pelo que eu consegui ler, aquelas letras na capa, AJ, querem dizer Associação da Juventude.

- Que tipo de associação é essa? – Ele pergunta, sem nenhuma resposta. – Você ouviu o que aquela mulher disse no final?

- Que Sekhmet não desista de nós... – Renata repete.

A campainha toca e ambos arregalam os olhos.

- Pode ser o pai de alguém! – Samuel sorri.

- Ou mais uma delas... – Renata diz, interrompendo a repentina esperança do amigo.

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- Vim buscar meu filho.

- Qual seria? – Lorena pergunta, encostada no batente da porta.

- Samuel.

- Ah sim... – Ela diz, mesmo que não saiba exatamente a qual dos meninos ele se refere. – Eles estão lá em cima, por que não entra e espera enquanto eu o chamo?

- Tudo bem, eu posso esperar aqui fora.

- Entre, sobrou bastante bolo. – Lorena o encara com seus grandes olhos escuros. – Deve estar cansado da viagem, posso te oferecer um refresco enquanto espera ele se despedir.

- Minha esposa está me esperando no carro... - Carlos aponta para o carro atrás de si.

- Então acho uma ótima oportunidade para nos conhecermos. – Ela sorri. – Sabe, ainda não tive a chance de fazer amizade com os pais dos amigos da minha sobrinha, então por que não aproveitamos a ocasião?

Luana reluta, sabendo da fama de Lorena que permeia os grupos de pais da escola, mas a aparente preocupação de Carlos foi o suficiente para convencê-la a sair do carro e aceitar o convite.

- Eu não sou a mãe dele. – Luana explica, enquanto se senta no sofá da sala, estranhando o silêncio que ocupa a casa onde, teoricamente, deveria estar acontecendo uma festa. – Eu e Carlos nos conhecemos há dois anos, um pouco depois da morte de Clarice.

- Eu sinto muito. – Lorena diz, dirigindo-se à Carlos. Ele apenas sorri levemente como resposta. – Espero que estejam bem acomodados. Eu volto num instante.

Depois de ir à cozinha, Lorena retorna com uma bandeja. Dois pedaços de bolo e dois copos cheios com o mesmo suco servido anteriormente passam da bandeja para a mesa de centro e depois para as mãos do casal. – Já avisei o Samuel, ele está se despedindo dos amigos. Seu filho é realmente adorável! – Lorena mente.

- Foi muito bem educado. – Luana apoia a mão no joelho do namorado.

- Eles estão bem mesmo? Estão tão quietos... – Carlos morde um pedaço do bolo, incapaz de controlar uma expressão de prazer logo depois. O gosto lhe remete ao sabor da infância, dos doces de sua avó ao final do domingo.

- Devem estar tristes pela despedida. Gostaram?

- Uma delícia. – Luana elogia. – Você mesma que fez?

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