Um conto de Flores e Espadas

Magrinha e sem forças.

"Ah, queridinho, não fique triste." - ela disse, passando a mão no plastão de Raphael - " Bem que eu QUERIA poder lamber seu torax... Mas meu convite foi feito para menininha"

Ele não sabia exatamente como se sentir. Não tinha certeza se a tensão sexual era planejada e deveria rir de canto de rosto ou se ela estava ridicularizando a si mesma e a situação e por tanto o melhor a se fazer era revirar os olhos. Parado quase em estado de choque, não conseguiu reagir quando ela passou por ele em direção à irmã, encolhida no canto do cômodo.

Rafael achava que April tinha envelhecido mal. Ao contrário de Casey, que de fato tinha adquirido um longo queixo quadrado e cavanhaque grosso, que juntos aniquilavam de vez as sombras do que teriam sido uma juventude esguia e magrela, April pouco tinha melhorado. Ela continuava com a mesma altura e traços de criança imatura, mesmo com seus 18 anos. O rosto que antes tinham pequenas manchas charmosas de sardas eventuais estava agora sempre cheio de manchas roxas e cortes, não tão atraentes. Ela continuava a prender o cabelo no mesmo rabo de cavalo tedioso e que deixavam seu cabelo estranhamente mais parecido com palha queimada. Por fim, continuava usando as mesmas roupas surradas e desbotadas e até o short que já tinha sido alvo de desejo dos seus vários colegas de classe parecido largo e desgastado.
Em contra posição, a guerreira que aparecia em sua frente parecia uma escultura mágica de algum livro de fantasia. Mesmo com a pele verde (um lindo verde oliva, brilhante e liso) os braços esguios e as pernas redondas garantiam a Ariana uma elegância quase erótica. Ela era mais alta que April, mas a mais baixa das quatro novas guerreiras, tinha lindos cachos loiros que caiam pouco acima de seu queixo e formavam um perfil triangular. Ela usava um cardigã cor de iorgute que apesar de largo parecia lhe abraçar, enquanto seus ombros estavam a mostra. E por baixo deles, pequenas protuberâncias marrons nasciam das costas, distantes umas das outras, achatadas como moedas, seu casco descia até encontrar com o rabo, pouco abaixo da cintura. Assim como suas acompanhantes (que ele concluiu serem suas irmãs) usava uma máscara preta que antes cobria a metade de baixo do seu rosto e um par relativamente sujo de tênis azul escuro. Ela tinha um cheiro fresco de limão e a mão que antes tinha tocado seu peito era macia e pequena.
Nesse momento, Raphael concordou que era de fato revoltante que seus irmãos preferissem a companhia de mulheres humanas, quando tinha certeza que o gosto do prazer morava no colo de suas companheiras mutantes.

"Sagrada seja a Lua" - A mais alta entre elas exclamou - "O treinamento dela vai levar anos..." Ela então se colocou na frente de April e começou a apalpar seu corpo.
"Magrinha e sem forças" - completou, enquanto media o braço de O'Neil. A menina ruiva então recolheu o corpo para trás, humilhada e com raiva.

"Quem são vocês?! E porque eu deveria confia-las meu treinamento? Mestre Splinter..."

"Chuchuzinho." - Disse a guerreira mais alta, com um tom que misturava condescendência e desprezo - "Sabemos que seu senpai já morreu..." - Ela disse, acendendo um cigarro - "No momento, suas opções são aceitar nossa ajuda ou morrer uma konoichi medíocre"

Leonardo sentiu ódio. Primeiro, porque essas mulheres haviam interrompido a primeira missão que tiveram durante meses e segundo, porque se apresentaram como professoras mas até então só tinham humilhado sua possível aluna.
Eles sabiam desde seus 15 anos que existiam outras mutantes na Terra e fora dela. Sabiam que a mutação de Ooze tinha atingido outras pessoas e algumas delas eram mulheres, mas nenhuma mutação tinha sido como aquela. Isso porque as personagens que estavam naquele telhado à frente deles eram tartarugas como eles mas a estrutura de seus corpos não era. Elas tinham cinco dedos nas mãos, pele lisa e brilhante, e cada uma apresentava traços distintos como cor dos olhos e tipo de cabelo.
Aquela que estava em sua frente, aquela que despertava o ódio do Líder era muito alta e tinha pouco cabelo. Um corte desalinhado e com a parte de trás rapada na nuca, o cabelo preto era estranhamente equilibrado em uma franja desorganizada, seus olhos eram igualmente pretos e profundos e ela fumava um cigarro branco sem preocupações. Sua máscara estava apoiada nos ombros como um colar, agora que ela a havia retirado da boca. Ela usava uma estranha jaqueta jeans, suja e rasgada. Seus pés vestiam um coturno grosso, que serviam para deixar ela ainda mais alta.

"Eu gostaria que vocês a tratassem com respeito" - Ele disse, puxando April para perto de si.

"Ah! Então ESSA é a sua babá" - respondeu a guerreira alta, sorrindo sarcasticamente.

"Nikkia" - uma voz no fundo proclamou, fazendo a mutante se virar - "Eu gostaria que você mantivesse a compostura."

Do fundo do prédio, uma terceira figura se adiantou. Essa era a mutante que mais tarde concluíram (preciptadamente) ser a líder entre elas. Tinha marcantes traços orientais, com olhos puxados de cor marrom, cabelos muito longos e muito lisos, brilhantes e negros. Usava seus tênis brancos e a máscara que antes cobria seu rosto.

"O'neil." - Ela completou, depois de colocar a mão no ombro da irmã Nikkia, um sinal que pedia paz - " Gostaríamos de oferecer a você sua independência. Sabemos que seus irmãos tem sido muito bons para você mas seus dons estão sendo mal aproveitados. Seu treinamento foi superficial e incompleto e é por isso que você depende deste time até hoje. Se você nos deixar ajudá-la... Podemos te garantir força e capacidade para não depender de ninguém mais." -
Ela se afastou do grupo, encontrando -se ao lado das três irmãs - "Se você conquistar sua independência vai poder ESCOLHER fazer parte desde time e sua participação vai ser um auxílio e não uma necessidade."

Donatello percebeu então que April estava tremendo. Sentia um ímpeto quase irracional de abraça-la e levá-la para longe dali, onde ela nunca mais teria que se preocupar com nada daquilo. Queria oferece-la um lugar de paz.

"Mas eu QUERO fazer parte do time" - April então disse, ainda apoiada no braço de Leonardo.

"Não há nada de errado em fazer parte de um time" - respondeu então a quarta mutante, de cabelos presos em tranças e olhos azuis pastel - "Trata-se de ajudar quem você ama tanto quanto eles te ajudam" - ela então caminhou até April e lhe entregou um pequeno cartão prateado - "Você pode falar conosco se mudar de idéia."

Ela se afastou do grupo de volta para perto das quatro irmãs. As quatro guerreiras colocaram de volta suas máscaras, seguraram todas os punhais de suas katanas e ofereceram aos cinco uma suave reverência antes de desaparecer completamente em uma nuvem de fumaça.