Ajuda para conquista-lá

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Michelangelo passou os três dias esperando elas voltarem absolutamente distraído. Seu corpo estava no covil, ajudando seus irmãos e April mas seu espírito estava esperando Naomi atravessar de novo o portal que dava entrada a sua casa. Tinha decidido, depois de sentir o coração palpitar todas as vezes que pensava que talvez pudesse perde-la, que ia chama-la para sair. Tinha pesado em todas as possibilidades e nada lhe parecia pior do que não tentar, até a opção de ser rejeitado e desprezado pelo resto da vida parecia melhor do que a ideia de perder aquela oportunidade. Domingo, um dia antes delas voltarem para avaliar a melhora de Casey, ele se revelou para seus irmãos.

"Quando elas voltarem, vou convidar a Naomi para sair comigo."

A notícia atravessou o peito de Leonardo como uma flecha invisível. Primeiro, porque ele sentia no fundo de seu coração que Michelangelo seria rejeitado. Quando pensava em Naomi, com seu corpo elegante e sua postura de realeza europeia a última pessoa com quem achava que ela se sujeitaria a se relacionar era Michelangelo, seu irmão mais infantil e imaturo, que já carregava vinte anos das costas e ainda precisava ser lembrado de manter a higiene pessoal mínima. Segundo - e naquele minuto esse foi o sentimento que prevaleceu - porque sentiu raiva que seu irmão mais novo tinha passado o fim de semana suspirando de paixão enquanto todos eles sofriam com a estadia de Casey.

Leonardo tinha ordenado que ele seria exilado no quarto de hóspedes. Duas vezes por dia, April ia visita-lo acompanhado de um deles e ele era escoltado até o banheiro para que pudesse se limpar. Ninguém o dirigia nenhuma palavra, mesmo que ele insistisse. Tinham sido um dos piores dias de sua vida, em que tinha que ignorar a raiva e a vontade de esquarteja-lo e a mais profunda tristeza da traição que tinham vivido. Quando Mikey contou de seus planos, Leo só pode responder:

"Pra onde?" Ele falou, com uma mistura de surpresa e repulsa.

Michelangelo ignorou a reação do irmão, deu de ombro e respondeu:

"Eu tenho um plano."

"Levar ela pra comer pizza no esgoto não é um plano, Romeu." Raphael provocou.

Para Rafa, a notícia de que seu irmão tinha decidido enfrentar uma investida amorosa naquele contexto lhe pareceu muito engraçada. Sentiu uma risada gostosa se formar em seu peito e o abraçou de lado.

"Seu safado!"

Mas ele escorreu de seus ombros e também ignorou essa reação. Olhou para os três irmãos e falou com uma seriedade que eles nunca tinham ouvido.

"Isso não é brincadeira para mim. Estou avisando vocês porque não quero que façam nenhum comentário de brincadeira na hora." Então olhou pro lado e adicionou "Mesmo se eu for rejeitado. Se ela disser não, quero que vocês ignorem e continuem suas vidas como se nada tivesse acontecido."

Os três irmãos olharam para ele, admirados. Pela primeira vez, reconheceram que Michelangelo tinha de fato amadurecido e lhes parecia que aquele era um rito de passagem para ele. Donatello sentiu uma mistura de admiração e inveja, mas a coragem do irmão o emocionava. Queria poder garantir que ele não fosse rejeitado porque, apesar dele estar de fato mais velho, continuava sendo seu irmão caçula.

"E se ela disser que não, Mike?" Donnie perguntou.

Mas ele olhou para Donatello no fundo de seus olhos e respondeu uma frase que atravessou todos os eles com uma veracidade gélida.

"Acho que vai ser pior se ela disser sim."

~~

Domingo às 17h todo o time estava esperando o retorno das Filhas da Lua. April tinha colocado seu melhor uniforme e prendido o cabelo em um coque no topo da cabeça, tinha se achado bem mais bonita e muito mais madura. Estava tentando se recuperar de duas noites muito mal dormidas entre lágrimas e crises de raiva enquanto cuidava do homem que tinha quebrado seu coração e machucado seu corpo. Agora, ela esperava suas professoras voltarem, com a coluna reta e uma prancheta com todas as anotações de como tinha passado seu paciente.

Um conto de Flores e EspadasOnde histórias criam vida. Descubra agora