Ele odiava ouvir gritos. E eles sempre apareciam pelas paredes. Não entendiam o que diziam, mas se encolhia e tapava os ouvidos em vão.
E logo depois eles apareciam.
Seu corpo reagia de imediato ao perigo, mas não tentava mais fugir. Da última vez a dor foi pior do que tudo que havia sentido, e só de pensar sentia enjoo. Continuou sentado e de cabeça baixa enquanto o soltavam. Não conseguia se levantar ainda, e uma mão foi passada ao redor de sua cintura o içando e prendendo a lateral de um corpo. Via os pés e o chão passando sobre os olhos semicerrados. Não esperneou, nem se moveu. Os homens estranharam. Era sempre ele que dava mais trabalho. Talvez houvessem domado a fera.
– Os resultados dele são os melhores. – Alguém falou. Era raro. Ninguém falava perto dele. Ele não conseguia falar também. Melhor ainda. Animais não falavam, de qualquer forma.
– O corpo aceita bem, apesar da pouca idade. Os ossos cicatrizaram rapidamente. Mas ainda tem febre. Pode ser uma rejeição.
Conforme adentravam na sala, seus olhos se abriam mais atentos. O cheiro, ele conhecia aquele cheiro de longe. Não se surpreendeu com a mão que tocava seu rosto e o levantava, retirando seus cabelos suados do rosto. Aqueles olhos muito escuros que o apavoravam, e o mesmo sorriso calmo.
– Sem nenhum brilho feroz agora. – O homem sorriu fazendo algo atípico, um carinho em seu rosto. – Estamos chegando em algum lugar.
Por que estavam falando com ele?
– O coloquem na jaula. – O homem dos olhos muito escuros soltou seu rosto e se sentiu aliviado.
– Ele ainda tem febre... Talvez não consiga...
– Ele vai conseguir. Faça. – a voz não deixava margem para objeções.
Foi levado para um lugar muito claro, os olhos ardiam e o deitaram no chão devagar. Queria ficar parado, cada parte do seu corpo ainda doía. Mas aquele cheiro forte o tomou e se virou rapidamente para sua condição. Seus olhos afiados buscaram a fonte do perigo e de repente ficou tudo escuro. Ouviu um rosnado e respondeu baixo, vindo de seu peito e saindo por sua boca. Ouviu o uivo longo, haviam mais rosnados, por todos os lados e se agachou
Agora era seu corpo que comandava. Ouvia os passos com clareza, e respondia como se dançassem, por isso quando o primeiro ataque veio soube exatamente de onde. Agarrou algo peludo por cima e suas mãos pequenas envolveram um pescoço. O movimento foi rápido e ouviu a dentada e o ganido. Algo passou por suas costas e sentiu uma dor horrível quando algo afiado rasgou sua pele. Mas ele era mais rápido, forte e letal. Ouvia o barulho dos ganidos, rosnados e da respiração calma que vinha de si.
Já estava exausto e caiu. Havia um ainda, sentia por cima do cheiro de sangue, mas não conseguiu se mexer a tempo e sentiu o peso em cima de si. As garras em seu peito e gritou de dor. Agarrou a boca e usou de toda a força que tinha, puxando. Foi um ganido surdo e o peso caiu imóvel em cima de seu corpo.
Tremia.
Toda adrenalina caia.
As luzes se acenderam e o que viu foi sangue por todo o lado e corpos no chão. Sentiu um nó na garganta e um soluço tomou seu peito.
Fechou os olhos, não queria ver aquilo. Preferia o lugar escuro. O levantaram e gemeu, ferido. O homem dos olhos muito escuros o olhava com um sorriso aberto: - Minha obra-prima.
Voltou a fechar os olhos. Queria sair dali.
Queria morrer
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Genuíno
FanfictionHatake Kakashi e Uchiha Itachi eram policiais de elite tentando deter uma organização criminosa envolvida em uma série de assassinatos misteriosos. E foi na invasão de um dos esconderijos que encontraram aquele garoto. Uma fera capaz de destruir tu...