| 12 |

470 23 2
                                    

Desbloqueia o telemóvel, abre os contactos, desce até à letra pretendida e respira fundo antes de carregar o botão para chamar. O seu coração parecia pronto a saltar fora do peito a qualquer momento, tanta era a força e a velocidade com que batia.
A palma da mão agarrava o aparelho transpirada. Bernardo estava no chão do seu apartamento, encostado à parede da sala.

Deixe a sua mensagem após o sinal. Beep.

"Leonor... uh... bem, uh- eu..." Esforça-se por se recompor. "Eu não sei se ainda usas o mesmo número, mas, caso uses, era para saber se possivelmente estarias interessada em... se não, também tudo bem. Quer dizer, és autónoma. Ninguém te força a nada. Eu queria mostrar-te... uh, um sítio que há não muito longe daqui, no final desta semana. Porque acho que ias gostar e mesmo que não estejamos juntos ainda te considero uma amiga importante. E... e... é isso. Acho que é isso. É o Bernardo, já agora. Até sexta, com sorte!"

Assim que desliga, solta um longo suspiro e deixa a cabeça cair para trás. Ia passar o tempo todo em sobressalto até obter uma resposta. Era a melhor e única hipótese que tinha naquele momento, portanto tinha de resultar.

Mais tarde, quando saía do treino, o seu telemóvel apita com uma notificação e o jogador lê a mensagem que recebeu.

Leonor: Tenho o mesmo número, sim. Não sei que sítio é esse, mas confio em ti como sempre fiz. Vou ver se estou livre nesse dia. Indica-me a hora e o local onde devo ir ter.

Um sorriso idiota espalha-se na sua cara e vale-lhe um calduço por parte de Gabriel Jesus, colega de equipa, e uma gravação em vídeo de Benjamin Mendy a gozar com o português.

******

Leonor liga o ecrã do telemóvel e crê que os olhos lhe pregam uma partida quando lê a notificação de uma mensagem de voz deixada por Bernardo. Ainda era manhã e demasiado cedo para ter bebido novamente. O que se teria passado? Estaria relacionado com a conversa de há duas semanas?

Inevitavelmente nervosa e com o coração a saltar a novas alturas, desloca-se até um corredor mais sossegado, longe da zona do recreio, encostando-se à parede.

A voz que distinguia do outro lado do mundo soa como a velha melodia da nossa eterna música favorita de verão. Transmitia-lhe segurança, felicidade, mas, com a mesma prontidão que surgiam esses sentimentos, também vinha a tristeza e a mágoa.

Ouve atentamente e ri-se com a atrapalhação evidente do moreno. É envolvida por uma vontade enorme de lhe ligar e gozar com ele por não falar com confiança.

Sem saber exatamente como reagir, afasta o aparelho do seu ouvido e digita uma mensagem em resposta. Decide pensar pouco, pois, se o fizesse, ia entrar numa espiral de loucura. Sabia bem para onde é que o coração a mandava e sentia que era nesse sentido que tinha que seguir. Independentemente de onde o rio fosse desaguar.

💙
Tal como o documentário do Manchester City, it's all or nothing para estes dois. Estamos mesmo na reta final! Esta publicação nem deveria ser um capítulo, pois é apenas uma curta preparação do próximo, mas pesquisei e não encontrei uma designação que pudesse utilizar.
Para além disso, queria deixar registado um parabéns a este menino pelo jogo e golo incríveis de quinta! Beijinhos e boas leituras.

Only You | Bernardo SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora