Only You | Bernardo Silva

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A dor de cabeça faz notar o álcool dentro do seu sistema na noite anterior, mas não ingerira o suficiente para esquecer a conversa que tivera com Leonor. Sentia-se um completo idiota. Tinha estragado tudo.

Passa uma mão pelo rosto, desejando que, por milagre, nada tivesse acontecido. Contudo, não conseguia deixar de pensar na relutância da ex-namorada. Ela podia ter-se ido embora, dito que não, mas bastou uma ligeiramente insistência para ficar. Será que era isso tudo o que Bernardo precisava de fazer? Uma ligeira insistência e, claro, um pedido de desculpas? Seria assim tão óbvio que ele não o teria percebido este tempo todo?

Era o seu primeiro mundial pela seleção principal e queria dar o seu melhor. Mostrar o que sabia fazer e provar a si mesmo que conseguia.

Quando regressou, a espiral descendente da perda agravava a sua disposição, convertendo-a a um estado de espírito melancólico e de desânimo. Não tinha paciência para nada. Por ter falhado, Bernardo deitara tudo perder e arrependia-se eternamente.

De uma coisa tinha a certeza, ainda a amava e era incapaz de alguma vez deixar de o fazer. Era uma parte dele como qualquer outra.
Por isso mesmo, uma ideia relatada por uma voz mais velha e sábia lhe vem à mente.

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Leonor abre a torneira do chuveiro e deixa a água quente escorrer pelo seu corpo. Havia algo de reconfortante em deixar-se envolver pelo calor. Era por essa razão que entrava no duche cada vez que os problemas pareciam acumular-se e exigiam-lhe um intervalo onde conseguisse pensar com nitidez. Sabia bem fugir momentaneamente desse mundo irrealista dentro de quatro paredes.

Ela sabia que tinha de fazer algo sobre o assunto. Deixá-lo assim era inviável. As palavras "para seguir em frente, se é que isso é suposto." repetiam-se vezes sem conta na sua cabeça. Também ele não tinha seguido em frente ainda? Mas e se ele já não quisesse nada? Teria ainda algum interesse? Teria conhecido outra pessoa entretanto? Pensava nos momentos a dois com tanta frequência como ela? Demasiadas questões por responder arrebatavam todo o espaço da sua mente. Precisava de respostas, mas a única conversa que lhe permitia obtê-las era uma que não estava segura em ter. Podia tudo correr tão mal.

Em parte, conseguia entender agora, claramente, que pressioná-lo em pleno campeonato mundial tinha sido egoísta. Muito egoísta. Todavia, as intenções eram as melhores e só queria consertar tudo e estar lá para o apoiar. Em vez disso, desmoronou a relação ainda mais. Compreendeu que aqueles pensamentos só a levavam a uma conclusão à qual seria ilusório escapar: com tudo de si, ainda o amava.

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O amor é o mais complicado e difícil puzzle de resolver.
Em princípio, haverá um epílogo depois do último capítulo que já está muito próximo. Bom feriado e um bom fim de semana cheio de ótimas leituras! ☺️