O mal de te apaixonares por alguém do teu grupo de amigos era, exatamente, não conseguires fugir por completo ao círculo. Fora os portugueses, em Manchester, Bernardo e Leonor tinham estabelecido amizades juntos. Tinham, além desses, os seus amigos separados, mas este era o grupo das saídas inesquecíveis para o resto da vida. Só eles sabiam quantas existiam para recordar.
Matthew, um dos amigos em comum, tinha decidido realizar um jantar de aniversário em sua casa, dando origem à situação desconfortável e, irremediavelmente, inevitável do convite de ambos.
"Não há problema no Bernardo ir?" O britânico inquire, de modo a tranquilizar a sua própria consciência.
"Não, está tudo bem." A morena assegura, embora o seu coração apertasse com a ideia.
A noite de 21 de dezembro chega e Leonor veste o seu vestido preto, o qual Maria sempre insistia como "lhe ficava a matar".
Empurra qualquer pensamento sobre o elefante na sala para o fundo da mente e conduz até lá com apenas o som da música a entrar-lhe pelos ouvidos.
Entra, felicita o aniversariante com um enorme abraço e cumprimenta todos os amigos com alegria. Aproxima-se do futebolista que conhecia como a palma de mão e dá-lhe um breve e curto "olá" com um beijo na bochecha. Já está, respira fundo.
De seguida, ocupam os lugares na mesa e acabam em cadeiras distantes. Por essa razão, todo o jantar corre com normalidade, repleto de piadas e os divertimentos do costume. A Leonor, sabia-lhe tão bem a descontração e, só naquele momento, percebeu a falta que sentia daqueles momentos de convívio.
Pelo final da refeição, Bernardo tinha bebido um pouco a mais, tal como os restantes rapazes naquela sala. Por tendência, o seu lado sem filtro aparecia mais facilmente. Provas disso não faltavam.
Observava a morena e o seu coração estilhaçava mais um pedaço. A sua presença era como o pico doloroso da mais bela rosa. Com mais um gole, levanta-se da cadeira e, cansado de fitá-la, dirige-se impulsivamente à causadora de tanto incómodo. A sua mente era uma tela em branco, nada lhe passava pela cabeça. Contudo, sabia perfeitamente qual era a sua intenção e o que lhe pretendia dizer.
"Leonor... posso falar contigo?" Bernardo inquire, aproximando-se dela e dirigindo-lhe as primeiras palavras da noite, desde que se cumprimentaram.
Ela olha-o reticente, mas a curiosidade leva-lhe a melhor e acede ao seu pedido, ignorando os olhares de todos.
Segue-o até ao exterior da casa, onde têm alguma privacidade, e sentam-se no muro de tijolos que rodeava a propriedade.
"Passa-se alguma coisa?" Pergunta-lhe, com um batimento cardíaco errático e um nervoso miudinho à flor da pele.
A tensão subia na atmosfera e parecia quase palpável.
"Não e sim." O jogador esclarece. "Queria perguntar-te uma coisa."
"Diz."
"Leonor, porque é que acabámos?"
Assim que a questão é feita, a morena empurra-se para fora do muro, afastando-se na direção da casa.
"Bernardo, desculpa, mas eu não vou fazer isto." Avisa-o, apercebendo-se, de imediato, que o homem a quem antes chamava de "namorado" estava consideravelmente alcoolizado.
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Only You | Bernardo Silva
Fanfiction«Dancing with your silhouette In the places that we met Ooh, tryna find you in the moon» » Capa editada pela talentosa @CarlotaNunes [concluída]