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Caminhava pelas ruas principais de Manchester, cujo traçado sabia de cor como a palma da mão.

Nem sempre tinha sido assim. Lembrava-se bem de quando chegara com Bernardo e se tinham perdido um milhar de vezes.

Era o primeiro fim de semana que passavam na cidade e tinham decido reservá-lo para explorá-la.

"Tens a certeza que sabes por onde estamos a ir?"

"Absoluta." O moreno garante, enquanto segura o mapa aberto.

"Bernardo, desculpa dizer-te, mas "Dora, a Exploradora" não é uma opção de carreira para ti depois do futebol. Essa orientação é a razão pela qual temos o Google Maps, não fosse estarmos sem dados."

"Isso tudo não passa de uma grande difamação!" Exclama, falsamente indignado.

Tinham passado a ponte e passeado pelo jardim Heaton, onde, apesar da insistência contraditória do internacional português, Leonor decidiu partilhar alguma da sua comida com os patos, que os seguiram pelo caminho inteiro até à saída do parque.

O jogador resmungava o caminho todo, mas assim que saíram e deixaram de ser seguidos desmancharam-se a rir.

Entretanto, em Inglaterra, a noite caía mais cedo que o que estavam habituados e pouca claridade restava no céu, no meio da rua desconhecida onde se encontravam.

"Só temos que ir por aqui." Bernardo indica.

"É o que tens dito nos últimos vinte minutos..." A rapariga sublinha. "Estou cansada de andar."

"Também eu." Ele admite, fechando o mapa e atirando-o para uma poça no chão.

"Bernardo! O que é que estás a fazer? Era o nosso único guia!"

"Vamos aquecer-nos naquele café e chamar um táxi para casa." O jogador sugere, esfregando as mãos para combater o frio.

"Gosto dessa ideia. E desse conceito...a nossa casa."

Bernardo chega-se à namorada e rodeia os seus ombros com o braço. "Quem diria que os dois meninos iam parar aqui?" Beija-lhe o topo da cabeça e seguem para o estabelecimento no fundo da esquina.

Pedem dois chocolates quentes, que juram ser os melhores que alguma vez haviam bebido.

Alguns fãs interrompem o jogador para tirar fotos e Leonor permanecia sentada a admirar o rapaz a quem tinha a sorte de chamar namorado.

Sempre predisposto a cumprir o que lhe pedissem, com o maior dos sorrisos na face. Dias maus ou não, o semblante e a atitude não sofriam alterações. E ela apaixonava-se uma e outra vez a testemunhar a sua empatia.

Assim que se senta de novo, Leonor puxa-o pelo colarinho da camisola para um beijo.

"O que foi isso?" Pergunta confuso.

"Nada. Gosto muito de ti, só isso."

"Também gosto muito de ti." Bernardo responde, juntando as suas mãos por cima da mesa numa tentativa inútil das aquecer.

💙
Sou capaz de demorar um pouquinho mais a publicar, mas eles vão chegar à mesma. Desde já me comprometo com isso.

Only You | Bernardo SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora