Capítulo 18

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"O remorso é a única dor da alma, que nem a reflexão nem o tempo atenuam." (Madame de Stael)
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Desperto, e me deparo com um ser raivoso e ao mesmo tempo frio perante a minha presença.

Liz: Agora que já acordou, pode ir embora - diz e levanta da cama

Levanto e sigo seus passos.

John: Como você está? - digo encarando-a

Líz: Eu estou bem John, e agradeço por ter me salvado. Agora se me der licença, eu preciso organizar a minha vida. Então, peço que saia da minha casa - diz ríspida

John: Por que você está agindo desse jeito? Eu é quem deveria está agindo desse jeito com você, por ter mandado eu me afastar e por você não ter aparecido um dia no hospital para me ver! - cuspo todas as palavras em seu rosto, e vejo-o ganhar um misto de emoções.

Líz: Verdade! Eu mandei você se afastar, mas eu mesmo não me afastei. Eu ia te visitar todos os dias, e todas as  vezes que eu iria você estava sedado porque você gritava de dor. Então, o médico te sedou porque seus cortes foram profundos - seus olhos estavam cheio d'água

- E quer saber mais? Eu fiquei uma semana sem ir te ver porque eu acumulei muitas coisas no trabalho, e quando eu fui em uma quinta-feira te visitar, você não estava mais. Um dia depois, eu cair no trabalho e o Josh me levou no hospital porque eu estava sangrando e depois de horas esperando o exame, eu descobri que eu estava grávida de quatro meses e havia perdido o bebê. Então agora que sabe tudo, eu te peço que saia da minha casa! - diz e seu rosto se encontrava inundado por lágrimas

Ainda processando cada palavra que foi dita, saio de sua casa em direção a minha, apenas de calça.
E durante o percurso, tinha uma palavra que martelava severamente a minha cabeça. 
"BEBÊ"
"BEBÊ"
"BEBÊ"

E enquanto mais eu pensava, mais eu me questionava se isso daria certo comigo, pois a idéia de ser pai e ter uma família nunca se passou pela minha cabeça. E isso me trazia um certo medo.
Eu não seviria para ser pai. Eu sou um assassino à sangue frio e muitas vezes cruel até demais. Como eu poderia dar amor, se tudo que me ensinaram era  lidar com a dor, e a saber matar? 
Sou perturbado pelos meus pensamentos, até os últimos segundos antes de cair no sono. Fazia tempo, que eu não sabia o que era dormir.

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( 3 dias depois)

O departamento se encontrava agora na rua 116, depois de tudo que aconteceu.
E lá estava ela, toda arrumada indo em direção ao trabalho. E enquanto, acompanho a sua caminhada percebo o quanto ela é a minha fraqueza. Sim, ela é o meu ponto fraco. E eu sei, eu sou um assassino, mas aquela mulher ilumina uma parte da minha alma. E me faz querer ser melhor a cada dia.
Eu preciso dela, e eu achava que eu nunca diria isso a alguém. Mas sinto, que comparado ao meu "eu"antes , hoje uma parte dele é luz porque ela preenche com luz.
Saio dos meus pensamentos, quando a vejo de longe me encarando e depois se vira para entrar no prédio.

Vou para o meu pequeno cômodo, e organizo as pastas da empresa, e quais contatos gostaria de fazer negociações ou não. Aproveito e compro uma casa de frente para o mar. Após isso, procuro mobilhar a casa, e vou na empresa resolver alguns contratos.

O dia passa rápido, e a noite logo chega. Ainda tenho pesadelos, mas não com tanta frequência.

Chego no cômodo, e vou direto para o box. Termino o banho, e passo a toalha pelo meu corpo.
Me visto e deito na cama. Aos poucos, sinto os meus olhos pesarem, e acabo cedendo para o cansaço.

Acordo com o corpo pigando de suor, era mais um dos meus pesadelos me recordando o que eu sou. Mas esse pesadelo tinha algo diferente, pois a Líz estava lá e de alguma forma eu não conseguia protege-la.
Agoniado, visto uma roupa e saio em direção a sua casa.
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Encostado na cabeceira de sua cama, sinto o meu corpo mais calmo. Líz se mexe na cama, e meio sonolenta levanta em direção ao banheiro.
Quando volta, toma um susto e procura pela sua arma.

John: Sou eu, Líz! - digo em meio a escuridão do seu corpo

Líz: O que você faz aqui? Já disse que não te quero aqui - diz e cruza os braços

John: Liz...- ela não deixa eu terminar

Líz: Saía agora! - diz

John: Eu não vou sair! - digo me aproximando

Ela vem pra cima de mim, me dando vários tapas e ponta pés.

John: Pare - digo ríspido segurando os seus dois braços

Líz: É tão difícil pra você, me deixar em paz?- diz me encarando

John: Sim - digo e fico tenso

Os seus lindos olhos me analisam por alguns instantes, em busca de qualquer sinal em minha face.

Líz: Por que? - diz com a testa franzida

John: porque... - eu não consigo completar

As minhas mãos começam a suar, e sinto o meu coração batendo mais forte do que nunca.

Líz: Por que? - insiste

John: Porque eu te amo Líz, e não aguento ficar um dia sem você. Você é o meu sol. E sim, eu fui embora e não te disse nada, porque você mandou eu me afastar e o jeito que você me olhou, como se eu fosse a última pessoa que você  quisesse em sua vida, fez a minha alma se partir em pedaços. Então eu fui embora, mas eu não sabia que você me visitou e esteve ao meu lado quase todo dia - desabafo com o coração na mão

Os seus olhos estão arregalados, e as lágrimas inundam o seu rosto.

Líz: John... - ela tenta falar mas, eu interrompo.

John: Eu te amo, e te arrastei para o meu inferno, e fiz você conhecer cada canto dele. E se eu for considerado um homem perverso e cruel por ter feito isso com você, que eu seja considerado assim porque pelo menos eu te tenho em minha vida. E preciso de você comigo. Eu sempre serei um assassino, mas você melhorou a minha vida. E antes a minha alma vivia só na escuridão, mas hoje existe um pouco de luz nela. Você é a luz. Me perdoe por tudo, e se você me der mais uma chance eu prometo fazer tudo  diferente, eu prometo tentar mudar - termino e sinto algo quente escorrer pelo meu rosto.

Líz desaba em lágrimas, e seus braços me cercam enquanto a sua cabeça está encostada em meu peito.

Líz: Eu te amo John! - diz e sinto o meu coração se aquecer com suas palavras

John: Aceita sair comigo? - digo e dou um sorriso

Líz: Vindo de você, é até uma surpresa - diz e da risada

John: Estou tentando mudar - digo enquanto aliso os seus cabelos

Líz: Eu sei disso, e eu aceito o seu convite - diz

Carrego-a no colo, e coloco-a em sua cama.

John: Bom,já estou indo - digo e levanto da cama

Líz: Fique John - diz e faz um gesto para que eu deite na cama.

Logo ela aproxima seu corpo do meu.

Líz: Posso colocar a mão no seu peito? - diz bem baixinho

John: Pode - digo e sinto suas mãos me cercando.

E eu senti pela primeira vez, que eu encontrei o meu lar. Mas não foi apenas o lar, o amor também.


Então, parece que o nosso John está aprendendo a mudar não é mesmo? E além disso, tentando entender os seus reais sentimentos que a muito tempo ele evitava. É fato que, um assassino também pode amar, e ter um ponto fraco, rs! Bom sábado para vocês ,amoras!

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⏰ Última atualização: Aug 25, 2018 ⏰

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